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Abandono de campos de petróleo vira oportunidade de negócio

Abandono de campos de petróleo vira oportunidade de negócio

Desativação de plataformas movimenta bilhões de dólares

Publicado em 7 de março de 2018 às 00:14

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O assessor da Aplysia Soluções Ambientais, Robson Melo, e a responsável técnica pelo laboratório, Bruna Horvath, apostam nos negócios que vão surgir com o descomissionamento. (Marcelo Prest | AG)

Não é só a instalação de uma nova plataforma de petróleo que pode abrir um leque de oportunidades para profissionais e empresas. A etapa final de um campo petrolífero, que é quando acontece o descomissionamento, ou seja, o processo de desativação, também pode ser um poço de bons negócios.

Aliás, esse é um mercado que promete ser muito promissor no Brasil e no mundo. Estudos estimam que, até 2040, 2 mil projetos de abandono de campos vão acontecer, representando despesas da ordem de US$ 200 bilhões, segundo o consultor da área de óleo e gás, Ricardo Amaro Serro.

Ele falou sobre as demandas que vão surgir nos próximos anos, com o encerramento da produção de unidades offshore, durante uma oficina de trabalho organizada pelo Fórum Capixaba de Petróleo e Gás (FCP&G), no último dia 27, na sede da Findes.

De acordo com Serro, como as plataformas têm uma vida útil média de 25 a 30 anos, daqui para frente esse trabalho de fechar e isolar o poço, recolher as linhas que ligam o poço à plataforma e retirar a estrutura de determinada região será cada vez mais frequente.

“Como há várias unidades da década 70 e 80, muitas delas vão ser desativadas em breve. E como o mercado nessa área no Brasil ainda é muito incipiente, as empresas devem ficar atentas para aproveitar as oportunidades.”

O coordenador do FCP&G, Durval Freitas, adiantou que há espaço para empresas das áreas de desmontagem industrial, segurança, meio ambiente, transporte, engenharia, logística, sucata, entre outras.

“O descomissionamento é um mercado que está surgindo. Nosso objetivo é apresentar esse cenário para os fornecedores locais e mostrar que os negócios tradicionais estão ficando escassos. O empresário tem que ter criatividade e buscar conhecimento para diversificar produtos e serviços.”

Diante dessa nova e pouco explorada fase que a cadeia de óleo e gás irá passar, especialistas na área consideram que há muitos desafios para serem superados, especialmente os ligados aos altos custos envolvidos e às licenças de órgãos reguladores e ambientais.

Esse tema, inclusive, vem sendo debatido por diversas entidades. A Resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP) nº 27/2006, por exemplo, que trata do assunto está sendo revisada junto a atores como Ibama e Marinha.

De olho nesse mercado gigantesco, a capixaba Aplysia Soluções Ambientais já vem avaliando como participar desse novo momento da indústria offshore. O assessor de relacionamento com o mercado, Robson Melo, destacou que há anos a empresa atende companhias da área, mas que agora quer entrar também nesse nicho do descomissionamento.

“Como somos uma empresa especializada em avaliações de recursos hídricos, acreditamos que temos total condição de atuar na parte de análises ambientais. Estamos antenados no que está sendo demandado para buscar mercado não só no Brasil como no mundo.”

Saiba mais sobre o descomissionamento

O que é

É o processo de desativação ou retirada de operação de uma unidade petrolífera, como uma plataforma.

Segurança

O abandono de um campo de petróleo precisa atender a uma série de critérios para que ele aconteça de forma segura e sem trazer grandes impactos para o meio ambiente.

Tempo

O tempo médio de descomissionamento depende muito da quantidade de operações a serem executadas. Há situações em que a previsão é de cerca de um ano, mas em casos mais complexos esse processo pode levar até dez anos.


Custo

O custo vai variar conforme a complexidade das operações a serem
realizadas, mas em geral as empresas gastam centenas de milhões de dólares.

Cenário

Das 145 plataformas que estão em operação no Brasil, cerca de 60 operam há mais de 25 anos. Como a vida útil dessas unidades é em torno de 25 a 30 anos, muitas já estão em processo de descomissionamento.

Unidades

As plataformas P-07, P-12, P-15 e P-33 já têm planos de desativação de instalações em análise na ANP . A estimativa é que outras 12 instalações iniciem processo de descomissionamento até
2020. Alguns dos programas de desativação apresentam cronograma que se estendem até o ano de 2026.

Cação

Na Bacia do Espírito Santo, Litoral Norte capixaba, se encontram em descomissionamento as 3 plataformas do Campo de Cação, onde os 13 poços já foram abandonados.

Mercado

Além do Brasil, haverá muitas operações de descomissionamento no mundo. Um estudo do IHS Markit’s Offshore Decommissioning Study Report aponta que há previsão de 2 mil projetos
de descomissionamento para o período 2020-2040, que significarão despesas da ordem de US$ 200 bilhões em regiões como Golfo do México, Mar do Norte, Angola, Austrália, Nigéria, entre outras.

Oportunidades

Diversos serviços vão
ser demandados, como: desmontagem industrial, segurança do trabalho, consultorias ambientais, engenharia, logística, alimentação, caldeiraria, sucata e apoio de barcos.

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Fontes: ANP , Fórum Capixaba de Petróleo e Gás e especialistas.

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