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Acordo Mercosul-Canadá favorece made in Brazil

Acordo Mercosul-Canadá favorece made in Brazil

Se fechado, acordo comercial criará oportunidade para 321 produtos brasileiros que chegam mais caros ao mercado canadense, diz estudo da CNI

Publicado em 20 de março de 2018 às 10:36

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Hoje, a carne bovina paga alíquota média de 13,25% para entrar no Canadá. (Reprodução/Pixabay)

A negociação de um acordo comercial entre o Mercosul e o Canadá criará oportunidade para 321 produtos brasileiros que hoje chegam mais caros e competem em condições de desigualdade no mercado canadense. É o que mostra um estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), repassado com exclusividade ao Estadão/Broadcast.

O Canadá é o décimo maior importador do mundo e comprou mais de US$ 500 bilhões em 2017. A corrente de comércio do Brasil com o Canadá, no entanto, foi de apenas US$ 4,5 bilhões no ano passado.

Entre os setores que poderão ser beneficiados com o livre-comércio estão o automotivo, produtos químicos, metalurgia, agricultura e pecuária, produtos minerais e equipamentos de informática, entre outros.

As negociações do acordo foram lançadas no início do mês, logo depois de o presidente americano, Donald Trump, anunciar que taxaria a importação de aço, atingindo o Brasil e outros países. Ontem, técnicos do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) iniciaram a primeira rodada de discussões no Canadá e não há prazo para conclusão.

De acordo com a CNI, o livre-comércio trará oportunidades, principalmente, porque reduzirá tarifas que hoje incidem sobre os produtos brasileiros e encarecem o preço no mercado canadense. Apesar de o Canadá ser um mercado considerado aberto, os exportadores enfrentam tarifas de importação em áreas como autopeças (6%) e calçados (16% a 18%). No caso de bens agroindustriais, essa barreira pode chegar a 70%.

A lista de 321 produtos foi elaborada com base no que o Canadá importa e o que o Brasil vende ao exterior com competitividade, mas que não chega ao país da América do Norte. A maioria dos produtos da lista de oportunidades são manufaturados (255), seguidos de básicos (39) e semimanufaturados (27). Dos produtos, 84 pagam hoje tarifa de importação para chegar aos canadenses.

Carne. É o caso, por exemplo, da carne bovina. Em 2017, o produto foi taxado com uma alíquota média de 13,25%, que podia alcançar 26,5%. Com isso, a exportação para os canadenses foi próxima de zero. Outro produto com desempenho semelhante foi calçado. Em 2017, as vendas para o Canadá somaram apenas US$ 500 mil, enquanto com uma tarifa média de 16,7%. “Em um mercado tão competitivo como esse, é impossível concorrer com uma sobretaxa desse tamanho”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi,

Ele admite que, quando o acordo for firmado, é possível que nem todas as tarifas caiam imediatamente e que existam “escadinhas” até o livre-comércio, o que é comum nesse tipo de trato: “Pelo que vimos nos outros acertos firmados pelo Canadá, ele não tende a segurar as tarifas. É um país que aplica tarifas para quem não tem acordo com eles, mas dentro do acordo tende a reduzir rápido”.

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A tendência é que, como aconteceu em outras negociações, como com a União Europeia, ainda em curso, o agronegócio canadense apresente pedidos de cotas e de produtos que devem ficar fora por um tempo do livre-comércio. “O Brasil é muito competitivo no agronegócio e todo mundo tem medo. Ninguém quer depender de um outro país na parte de alimentos, é o esperado”, afirmou Abijaodi. Já pelo lado brasileiro, setores da indústria deverão buscar se proteger dentro do acordo com o Canadá, mas, para o diretor, a cultura do industrial brasileiro mudou e ele vê cada vez mais que é necessário se abrir para esse tipo de acerto.

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