Se por um lado o novo Aeroporto de Vitória vai melhorar os serviços ofertados aos passageiros e contribuir para dinamizar a economia capixaba, por outro irá trazer algumas limitações em relação aos voos turísticos e às rotas pelo litoral feitas por pilotos de aeronaves de pequeno porte.
Voos panorâmicos, por exemplo, para conhecer praias como Itapoã, Itaparica, Camburi e Praia da Costa, ou mesmo para ver do alto o Convento da Penha, o Morro do Moreno e a Baía de Vitória, vão sofrer restrições.
Isso vai acontecer porque a partir da operação do novo complexo aeroportuário, o espaço aéreo da Grande Vitória vai passar por algumas mudanças, entre elas a do traçado da Rota Especial para Aeronaves (REA), também conhecida como Carta dos Corredores.
A REA é usada por aeronaves que operam por voos visuais, como monomotores, e não por instrumentos, como é o caso dos aviões comerciais. Ou seja, aeronaves como jatinhos, ultraleves e helicópteros terão que se adaptar ao novo traçado dos corredores.
Enquanto a atual REA dá a opção ao piloto de percorrer dois caminhos principais: pelo litoral ou pela região de montanhas, a nova prevê que a rota da aeronave aconteça em sua maior parte pelo continente. A alteração vai ser necessária porque os aviões comerciais vão passar a se aproximar da nova pista pelo mar.
Entre profissionais da aviação, a nova opção de trajeto para voos visuais tem dividido opiniões. Mesmo que grande parte dos pilotos reconheça que trata-se apenas de uma questão de adaptação, há quem pondere sobre a tendência de redução dos voos panorâmicos e também sobre o fato de as condições de voo na região de montanhas serem mais adversas.
O conselheiro do Aeroclube do Espírito Santo, Alfredo Ghidini, disse que atualmente são contratados de 30 a 40 voos panorâmicos por mês no aeroclube e que um dos destinos preferidos dos passageiros é o Convento da Penha, justamente uma das rotas que vai ser impactada pelo desenho da nova REA.
Não é que nunca mais vão acontecer esses voos. Mas eles vão ficar restritos a condições de tráfego. A torre de controle do Aeroporto de Vitória não vai colocar em conflito um avião com 200 passageiros e uma aeronave que esteja fazendo um voo panorâmico. A preferência sempre será do avião comercial, ponderou Ghidini, após citar que da demanda por esse tipo de voo, 60% vêm de moradores do Estado e 40% dos turistas.
Para o piloto esportivo Cassiano De Luca, a principal mudança será em relação às condições de voo para os pilotos que vão passar a trafegar pela região de montanhas.
Em função do relevo, a visibilidade é baixa e há mais turbulências. Pelo litoral, em contrapartida, tudo fica aberto, a visibilidade é mais limpa, e é mais seguro, avaliou.
De Luca citou o exemplo de uma aeronave que sai do aeroclube na Barra do Jucu, com destino a Porto Seguro (BA). Atualmente, a escolha do piloto é passar pelo litoral, ou seja, decolar de Vila Velha, sobrevoar pelo Porto de Tubarão e seguir pelo mar até o destino. Mas, com a nova REA, o piloto vai decolar de Vila Velha, pegar o continente, passar por Cariacica, por trás do Aeroporto de Vitória e do Mestre Álvaro. Tudo em região de montanha.
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