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Plantas exóticas e comestíveis ganham fãs no Espírito Santo

Plantas exóticas e comestíveis ganham fãs no Espírito Santo

No País, são mais de mil espécies de Plantas Comestíveis Não Convencionais

Publicado em 19 de março de 2018 às 00:59

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Lourival e Tereza Uhlig mostram ora-pro-nobis e serralha que vendem na feira. (Siumara Gonçalves)

Para muitos, algumas coisas lembram casa de vó. Certas espécies de hortaliças, que fazem parte do grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), durante muito tempo foram usadas apenas como substitutas de algum alimento. Essa realidade mudou e elas estão conquistando um lugar de destaque, estrelando pratos gourmetizados e brilhando entre os adeptos da culinária vegetariana e vegana, por exemplo.

Laís Entringer Rosa Borré, 27 anos, é uma dos fãs de PANCs. Há dois anos, a advogada se tornou vegetariana. De lá para cá, conheceu diferentes tipos de plantas e as inseriu em sua dieta.

“Uma das minhas favoritas é o peixinho. É uma folha comprida, que dá para empanar e fritar. Ela fica com gosto de lambari. Às vezes, consigo encontrar para comprar na feira orgânica. Normalmente peço aos produtores e eles trazem para mim”, comentou.

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Queremos que as plantas alimentícias não convencionais façam parte do cardápio das pessoas. A riqueza está na diversidade

Nuno Rodrigo Madeira, agrônomo
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Lourival Uhlig, 48 anos, é um desses produtores. Ele cultiva em Santa Leopoldina algumas PANCs como ora-pro-nobis, peixinho e serralha, que são vendidas em uma feira da Capital. “Sempre trago para a feira e tenho meus clientes certos, que já são acostumados a comprar essas folhagens. A serralha está plantada junto com as outras hortaliças, já a ora-pro-nobis tem um espaço só dela”, contou.

Segundo o agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, Nuno Rodrigo Madeira, o país tem mais de mil espécies de PANCs, entre hortaliças, raízes e frutas, mas poucas delas são exploradas comercialmente.

“Com a mudança no padrão cultural de consumo, algumas dessas hortaliças, que não tinham uma cadeia produtiva estabelecida como a do alface, acabaram sendo prejudicadas. Muitas só sobreviveram por causa da memória cultural que elas carregam”, explicou.

Mesmo que algumas PANCs ainda estejam presentes na tradição de um local, como a taioba e o inhame estão no Estado, ainda há outras, como bredo, trevo e ora-pro-nobis, que são vistas como segunda, terceira ou até mesmo última opção de consumo por muita gente.

De acordo Madeira, a memória afetiva das pessoas ainda está associada ao consumo dessas plantas apenas por necessidade, devido à falta de alimento. Essa realidade precisa e vem sendo mudada, diz ele, pois hoje está se atribuindo às PANCs o mesmo protagonismo de outros vegetais que fazem parte do dia a dia das pessoas.

MERCADO

A produtora Selene Hammer Tesch, 54 anos, produz cerca de vinte tipos diferentes de PANCs. Segundo ela, o público que consome acaba sendo bem específico, “só quem conhece as plantas mesmo”, brincou.

O que Selene cultiva em Santa Maria do Jetibá, Região Serrana, é vendido em uma feira orgânica de Vitória. Dependendo do tipo da planta, é comercializado por R$ 2 ou R$ 3 o maço.

CONHEÇA ALGUMAS "PANCS"

Trevo ou azedinha

A hortaliça tem um sabor azedinho e pode ser consumida crua. Ela é rica em ácido oxálico, o mesmo do espinafre. Já os bulbos e batatinhas são melhores cozidos.

Ora-pro-nobis

As folhas são a parte da planta que pode ser comida, seja seca e moída, ou crua, na salada. Uma receita conhecida é a galinha caipira com ora-pro-nobis.

Dente de leão

A plantinha selvagem tem sete vezes mais fitonutrientes do que o espinafre. Suas folhas e flores podem ser consumidas refogadas, cozidas ou em saladas.

Bredo ou caruru

As folhas, ricas em ferro, e sementes (amaranto) podem ser consumidas refogadas, no pesto, no preparo de bolinhos verdes ou sucos verdes, por exemplo.

Mostarda

Menos conhecida que o molho, a mostarda é rica em proteínas, vitaminas, cálcio e ferro. É consumida crua, como salada, ou refogada. Tem sabor forte e um pouco picante.

Vinagreira

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Tem um sabor extremamente ácido. As folhas podem ser utilizadas no arroz, como no arroz de cuxá, típico do Maranhão. As sementes podem virar farinha.

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