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Mercado de trabalho está mais grisalho

Mercado de trabalho está mais grisalho

Com a população envelhecendo, idosos buscam oportunidades. Em poucos anos, até 5 gerações vão se encontrar no trabalho

Publicado em 22 de abril de 2018 às 00:40

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Num futuro nada distante a população do Espírito Santo viverá uma nova realidade com impacto direto no mercado de trabalho. Em 12 anos, três a cada dez pessoas terão mais de 50 anos. Muitos podem não perceber as consequências dessa revolução demográfica agora, mas ela impõe desafios que vão além da ampliação da rede de serviços para atender o público que está envelhecendo.

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, o maior número de oportunidades para pessoas com mais de 60 anos está concentrado nos setores administrativo, de vigilância e manutenção predial, construção civil e comércio.

Apesar dessas áreas serem as mais abertas aos idosos, a mudança no perfil da população vai fazer com que os “grisalhos” ganhem mais participação em outros setores.

Essa nova formatação não só vai exigir das empresas locais abertura de espaço para aqueles com mais experiência de vida como também deve acirrar a disputa por trabalho entre as gerações.

Hoje, pelo menos quatro faixas de idade se encontram no ambiente profissional. Em poucos anos, cinco grupos etários vão se esbarrar nos corredores das empresas. Um quadro, aliás, que ficará ainda mais evidente com a Reforma da Previdência. Com regras mais rígidas para a aposentadoria, trabalhadores mais velhos deverão retardar a saída do mercado. O resultado é um aumento na oferta de mão de obra de todas as idades.

Uma prova de que o mercado de trabalho tem ficado “maduro” é o avanço acelerado do público com mais de 60 anos. Esse grupo cresce a taxa média de 4,29% ao ano enquanto que o número de crianças de 0 a 9 anos tem diminuído no Estado.

Assim, até 2030, 20% da população do Espírito Santo será idosa. Hoje, de acordo com projeções do IBGE, pelo menos 13,05% da população faz parte desse grupo. Em 2000, esse perfil correspondia a uma fatia de apenas 7,65% do número de habitantes.

No país, as perspectivas do IBGE vão um pouco mais longe. Em, 2050 30% da população será idosa.

“Esse preconceito que existe com profissional sênior terá que acabar, mas ao mesmo tempo os mais velhos vão precisar se reciclar, saber dominar as novas tecnologias, dentro de uma nova dinâmica do mercado. Esse profissional mais maduro terá que vencer essa resistência à mudança para encontrar espaço no mercado”, opina a professora da Fucape e economista, Arilda Teixeira.

A especialista em desenvolvimento profissional Gisélia Curry confirma que as mutações no ambiente de trabalho já estão acontecendo. “Em algumas empresas temos o encontro de quatro gerações, o que exige das companhias a criação de políticas para permitir a interação dessas pessoas.”

Segundo Gisélia, é comum o jovem ser visto como mais potencial produtivo enquanto o mais idoso é avaliado como mais lento nas suas atividades. “As empresas precisam entender que não é a idade que afeta a produtividade da pessoa. Muitos profissionais seniores têm muito a agregar com sua experiência. O problema é que 80% não aceitam mudanças. Isso afasta essas pessoas de uma colocação profissional, abrindo chances para os mais jovens que são criativos e gostam de inovação”, explica a especialista.

A reunião de adolescentes, jovens, adultos e idosos num mesmo ambiente de trabalho não é motivo para conflitos na Multivix. O grupo tem 48 funcionários idosos e 102 adolescentes aprendizes.

Entre os mais velhos, alguns já estão na empresa há uma longa data, mas outros foram contratados com mais de 50 anos, como é o caso do advogado Ivo Marchesi Izoton, de 69 anos. O chefe dele é Giovani Lopes Rodrigues, de 44 anos, ou seja, 25 anos mais novo.

“Eu indiquei Giovani para comandar a chefia da assessoria jurídica da faculdade pela competência e dedicação. Temos uma boa relação. Para mim, é bom conviver com todas as faixas de idade. A geração mais nova é curiosa, pergunta bastante, e dou o apoio que eles precisam”, conta Ivo que já é aposentado, mas voltou ao mercado para complementar a renda.

Para Giovani, a convivência com gerações distintas contribui para o desenvolvimento pessoal dos funcionários. “É fundamental para mitigar os riscos e auxiliar o gestor na tomada de decisão.”

GERAÇÕES

MAIS VELHOS 

O QUE AS EMPRESAS GOSTAM 

Experiência. Esse é o ponto-chave e é o que faz as empresas buscarem profissionais com mais de 50 anos ou mesmo os sessentões para ocupar algumas vagas de trabalho.

Compromisso. As empresas acreditam que os mais velhos são mais compromissados com o trabalho.

O QUE AFETA AS CONTRATAÇÕES 

Ultrapassado. Muitas empresas não contratam idosos por acharem que eles estão “ultrapassados” e defasados nas práticas laborais. Modernizar-se em relação à tecnologia, por exemplo, é fundamental para ter espaço nas organizações.

 

Resistentes. Outras críticas que as empresas fazem é a resistência às mudanças que os mais velhos têm. Estar aberto ao novo pode garantir uma vaga de trabalho e abrir outras portas na área profissional.

MAIS JOVENS 

 

O que as empresas gostam

Criatividade e da curiosidade. Na hora de contratar, algumas empresas optam pelos jovens por causa da personalidade curiosa e criativa. O envolvimento com tecnologia é outro fator decisivo para as corporações.

O que afeta as contratações

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Comportamento. Algumas empresas têm preconceito com jovens por considerá-los imaturos e com dificuldades para ter compromisso com o trabalho.

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