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Milho crioulo se torna opção de cultivo na agricultura familiar do ES

Milho crioulo se torna opção de cultivo na agricultura familiar do ES

Plantio dos grãos é aposta de alimento para galinhas caipiras em Pedro Canário

Publicado em 8 de abril de 2018 às 23:27

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Edite França Barbosa mostra plantação de milho crioulo em Pedro Canário. (Tatiana Caus / Divulgação Incaper)

“Milho tem que ser plantado na lua minguante, para não dar gafanhoto e nem os passarinhos comerem”. O ensinamento da agricultora Edite França Barbosa, 74 anos, mais conhecida como dona Didi, é cultural e tem muita história, assim como as sementes crioulas que serão usadas para criar quase 100 frangos que a produtora tem em sua propriedade.

Os produtos chamados “caipira” têm um forte mercado e apelo sentimental. Eles lembram a infância de muitas pessoas por preservarem o gostinho de comida do interior. Em Pedro Canário, extremo Norte do Estado, o cultivo de milho crioulo está dando uma nova perspectiva aos criadores de aves, como a dona Didi. A designação crioula é usada por pesquisadores para sementes que são rústicas e têm a característica de serem passadas entre as gerações.

Segundo o extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Claudio Rodex Junior, um dos idealizadores do projeto, o principal objetivo da ação é fortalecer a produção de galinhas caipiras, atividade passada de pais para filhos.

“As pessoas estão produzindo o milho para dar continuidade a suas criações de animais, porém, com segurança alimentar de saber que o que é produzido pelo agricultor não teve modificações genéticas ou agrotóxicos”, disse Junior.

RESGATE

A dona Didi cultivou durante muito tempo os grãos, mas acabou perdendo as sementes. Com a ideia de produzir sementes crioulas – que surgiu no final de 2014, durante o I Encontro Capixaba de Avicultura Caipira, em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado –, o resgate da cultura está sendo retomado junto com a possibilidade de desenvolver a avicultura caipira em Pedro Canário.

“Uma das grandes diferenças entre o milho híbrido e o crioulo é o preço. A semente híbrida é cara e o agricultor fica dependente da tecnologia para produzir em quantidade. Para os pequenos produtores que não têm condição de tocar uma roça de milho híbrido, o crioulo se tornou uma alternativa.”

Os dez primeiros litros da variedade Fortaleza, doados por um produtor de Pinheiros, foram distribuídos entre pequenos produtores da região. De acordo com Rodex Junior, quando recebiam as sementes, os produtores assumiram um compromisso de após a colheita devolver as sementes para que outros produtores também possam realizar o plantio. “Os primeiros plantios começaram em 2015. Hoje temos um total de dez produtores que plantaram as sementes crioulas”, contou.

ADAPTAÇÃO

O milho, que não tem manipulação genética laboratorial, é uma opção mais barata e resistente à seca do que a semente híbrida usada para os grandes plantios.

“Os grãos são mais adequados para quem tem menos recursos tecnológicos para produzir, como é o caso dos pequenos produtores”, explicou o extensionista do escritório do Incaper Thiago Carvalho Nogueira.

Segundo Nogueira, que também faz parte do projeto, o cultivo das sementes crioulas, que começou pequeno, caiu no gosto dos agricultores. “Pretendemos ampliar com mais tipos de sementes”, revelou.

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Semente crioula

A semente crioula é aquela que não foi aprimorada pela indústria. Também são as variedades tradicionais que passam de geração em geração entre a família. O nome é utilizado pelos pesquisadores para se referirem a sementes com essas características.

Banco de sementes

Já existem algumas iniciativas no país para a criação de bancos de sementes com o objetivo de preservar as sementes originais. No Estado, o escritório do Incaper de Pedro Canário está armazenando sementes de milho crioulo.

Diferencial

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Por serem mais rústicas, a planta é mais resistente à seca e a algumas pragas comum nos milharais.

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