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Famílias usam até fogão a lenha para economizar

Famílias usam até fogão a lenha para economizar

Crise e preços altos têm levado pessoas a buscarem alternativas

Publicado em 19 de maio de 2018 às 21:57

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A aposentada Maria Lina Barbosa instalou há quatro meses um fogão a lenha nos fundos de casa e já percebe economia com o gás. (Bernardo Coutinho )

Com o preço do botijão de gás nas alturas, já chegando a R$ 78 em alguns municípios capixabas, a solução encontrada pela família da aposentada Maria Lina Barbosa, 78 anos, foi retomar uma antiga tradição do interior. Há quatro meses, ela construiu um fogão a lenha nos fundos de casa com o objetivo de economizar no uso de gás. Dona Maria não liga ele todos os dias, mas já tem visto um bom resultado.

“Eu ainda estou usando pouco, colocando fogo só umas duas vezes na semana, só quando vou cozinhar uma carne, um feijão, ou assar um bolo. Só essas coisas que gastam mais gás mesmo. Mas com isso já está dando para economizar bastante, já que o gás subiu muito”, conta a aposentada, que mora na Serra há mais de 50 anos, quando veio do interior.

Assim como na casa de dona Maria, milhares de famílias ressuscitaram o velho fogão a lenha ou a carvão diante da alta do gás de cozinha. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE), apontou que em todo Brasil, no ano passado, cresceu 11% o número de domicílios que usam lenha e carvão como combustível para o cozimento.

Em 2016, eram 11,1 milhões de casas que usavam o antigo meio para cozinhar, já em 2017 eram 12,3 milhões de brasileiras. No Espírito Santo, há fogão a lenha ou a carvão em 139 mil domicílios.

A antiga técnica tem limitações. Um fogão a lenha é inviável em um apartamento, por exemplo. Conseguir lenha a preço baixo numa grande cidade também é difícil. Mas para quem pode, é uma boa opção. “Minha casa é praticamente uma chácara. No quintal mesmo eu consigo a lenha, então para a gente é uma mão na roda”, conta Maria.

MAIS CARO

Esse fenômeno de volta do fogão a lenha está diretamente relacionado aos sucessivos aumentos do preço do gás, segundo especialistas. No Estado, desde maio do ano passado, o botijão ficou em média

R$ 8,40 mais caro, uma alta acumulada de 15,3% que tem como fator causador a mudança na política de preços da Petrobras.

“A empresa passou a acompanhar as cotações do mercado internacional, fazendo revisões cotidianas, e acabou com a política de subsídios, que eram oferecidos para evitar que os aumentos fossem repassados ao consumidor, assumindo certo prejuízo”, explica o economista Eduardo Araújo, que acredita que essa política deve se manter. “Para a empresa isso está sendo bom, alcançando lucro. Mas para o consumidor pesa”.

Além do gás, os reflexos da crise ainda são muito presentes, o que exige do consumidor medidas para economizar. “Muitas pessoas ainda não recuperaram o emprego, o que puxa a renda média familiar para baixo. Isso acaba exigindo mais cuidado e adoção de medidas para equilibrar o orçamento, que são muito bem-vindas”, ressalta.

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