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Greve dos petroleiros pode causar 'pane seca' no ES

Greve dos petroleiros pode causar "pane seca" no ES

Protestos da categoria põe em risco abastecimento de postos

Publicado em 28 de maio de 2018 às 11:45

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante de empregados da Petrobras, decidiu entrar em greve a partir das 0h da próxima quarta-feira, dia 30. A paralisação nacional deve durar 72 horas. A lista de reivindicações inclui a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis e a saída imediata do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente. O movimento também é contrário à possível privatização da empresa.

Motoristas enfrentam fila para abastecer em posto de Campo Grande, Cariacica. (Vitor Jubini)

A paralisação pode provocar “pane seca” no Estado, explica Valnisio Hoffmann, diretor de comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES). “No Estado, não temos refinaria, mas temos uma unidade de tratamento de gás e condensados, onde é produzido o GLP, que é o gás de cozinha. E temos terminais com recebimento de navios de combustível. Se o terminal parar, o combustível não vai chegar para a população”, destaca.

As atividades, porém, não serão totalmente paralisadas, diz o diretor. “Não vai haver parada total, mas a produção vai ser restringida. Não queremos prejudicar a população.” A greve, segundo ele, é uma advertência dos petroleiros que, assim como os caminhoneiros, reivindicam a redução dos preços. O movimento quer ainda a retomada da produção das refinarias.

“Depois que o Pedro Parente assumiu, ele resolveu reduzir a capacidade das refinarias. Tem refinaria hoje operando com 50% da sua capacidade. É algo que não tem lógica. Quer dizer, a lógica é privilegiar o mercado, ou seja, comprar combustível de fora, principalmente dos Estados Unidos. O nosso diesel, 80% vem de fora, principalmente dos EUA. Isso tudo é parte de um desmonte da Petrobras, com objetivo de privatizá-la”, ressalta.

Para Hoffmann, é preciso rever a tributação sobre os combustíveis, mas só isso não vai resolver a oscilação dos valores. “Mesmo se zerar tributos, com o barril de petróleo e o dólar subindo, como temos uma política de preços que privilegia o mercado, isso não garante que o diesel e a gasolina parem de subir. Tínhamos uma política de proteção da população. Para nós, a função da estatal é servir de mola de desenvolvimento, gerando empregos e segurando o valor da gasolina e do diesel quando é necessário. Mas esse governo só pensa no mercado”, pontua.
ato

Os petroleiros vão fazer um ato na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, hoje a partir das 13 horas.

No sábado, trabalhadores da Refinaria da Petrobras Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, no Rio Grande do Sul, decidiram não fazer a troca do turno das 7 horas em solidariedade ao movimento de greve dos caminhoneiros. Não houve também a troca do turno que seria às 16 horas. A refinaria, contudo, continuou operando normalmente. A Petrobras informou na tarde de ontem que suas refinarias estavam operando normalmente e as trocas de turnos estavam sendo feitas. (Com Agência Estado)

Engenheiros pedem mudança no preço

A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) publicou nota em defesa de mudanças na atual política de preços adota pela empresa.

“A Petrobras é uma empresa estatal e existe para contribuir com o desenvolvimento do País e para abastecer nosso mercado aos menores custos possíveis. A maioria da população quer que a Petrobras atue em favor dos seus legítimos interesses, enquanto especuladores do mercado querem maximizar seus lucros de curto prazo”, traz o comunicado.

O argumento da entidade se baseia na perda de mercado interno para importadores, desde que a Petrobras passou a acompanhar os preços praticados no mercado internacional, em outubro de 2016.

“A atual direção da Petrobras divulgou que foram realizados ajustes na política de preços com o objetivo de recuperar mercado, mas até aqui não foram efetivos. A própria companhia reconhece nos seus balanços trimestrais o prejuízo na geração de caixa decorrente da política adotada”, informa a Aepet, que contraria o argumento da atual gestão da empresa, de que, durante o governo petista, a empresa perdeu dinheiro, principalmente, com a retenção dos preços nas refinarias.

“A verdade é que a geração de caixa da companhia neste período foi pujante, sempre superior aos US$ 25 bilhões”, complementa.

Governo federal já avalia entrar na Justiça

O governo estuda a possibilidade de entrar com ação na Justiça para tentar barrar a greve dos petroleiros, já anunciada para ser deflagrada a zero hora de quarta-feira, por 72 horas.

A ação teria de ser impetrada pela Advocacia Geral da União (AGU), possivelmente no Supremo Tribunal Federal, para ter abrangência em todas as refinarias de todo o país. O assunto foi aventado em pelo menos uma das reuniões realizadas ontem, no Palácio do Planalto.

Há uma imensa preocupação entre integrantes do governo com esse novo ingrediente a ser adicionado já à grave crise que já assola o País, depois de uma semana de paralisação dos caminhoneiros.

Uma greve de petroleiros terminaria por estender a situação caótica vivida no país por um período imprevisível, na avaliação de um interlocutor do presidente.

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Não há definição ainda sobre que tipo de ação seria impetrada, mas setores do governo já cobram essa medida. A avaliação desta fonte, é que não é possível se esperar a greve dos petroleiros começar para aí se pensar no que fazer.

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