> >
Megaporto no ES será a maior obra da Odebrecht após a Lava Jato

Megaporto no ES será a maior obra da Odebrecht após a Lava Jato

Projeto de R$ 2,1 bilhões deve começar a ser construído no primeiro trimestre de 2019 e irá gerar 4,5 mil vagas

Publicado em 3 de maio de 2018 às 19:29

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Complexo Portuário contará com estudos de engenharia e construção da Odebrecht. (Divulgação/PetroCity)

Ainda enfrentando dificuldades financeiras após envolvimento nos escândalos da Operação Lava Jato, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) assinou um acordo com a Petrocity Portos para construir um megaporto multicargas em São Mateus, no Norte do Espírito Santo.

Anunciado em 2013, o terminal atenderia exclusivamente o setor de petróleo e gás, mas o projeto passou por uma reestruturação e vai englobar agora terminais especializados no transporte de veículos e rochas ornamentais.

Agora, o novo projeto será construído pela Odebrecht com um investimento de R$ 2,1 bilhões. Este será o maior negócio da empresa após os escândalos da Operação Lava Jato. Segundo o diretor-presidente da PetroCity, José Roberto Barbosa, a estimativa é que a construção do novo terminal tenha início no primeiro trimestre de 2019 e entre em operação no segundo semestre de 2021.

De acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), um termo de referência para o estudo de impacto ambiental do porto foi aprovado em 2016, mas nenhum pedido de licença ambiental foi requisitado desde então. Barbosa afirma, no entanto, que os pedidos de Licença Prévia e de Instalação serão feitos até julho ao órgão.

Duas empresas já estão confirmadas como operadoras master do Complexo Portuário de São Mateus (CPSM), novo nome do investimento. Dos quatro terminais do projeto, a Marmi Bruno Zanet irá operar um terminal especializado em rochas ornamentais, o primeiro no Brasil, enquanto a NaviPetro administrará um terminal focado no setor de óleo e gás.

“Teremos um outro terminal para o embarque e desembarque de veículos fabricados na região e um terceiro terminal para o transporte de containers em geral”, completa Barbosa.

O porto terá um calado de 16 metros de profundidade, o que possibilita receber navios de maior porte. A PetroCity diz que o foco das exportações deve ser tanto para o mercado nacional como para outros países, principalmente os europeus, os Estados Unidos da América e a China.

“Após a saída de alguns acionistas e a crise financeira a partir de 2015, notamos que havia uma demanda reprimida de cargas no Estado, na Bahia e em Minas Gerais, com setores importantes de rochas ornamentais e de veículos percorrendo até 300 quilômetros até o Porto de Vitória. Ao buscar novos parceiros, percebemos que este poderia ser um modelo mais viável”, afirma o diretor-presidente da PetroCity.

EMPREGOS

A previsão é que o empreendimento crie 2.500 vagas durante a fase de instalação e outras duas mil vagas quando começar a operar. As contratações para as obras serão coordenadas pelo Sine de São Mateus. A prefeitura do município informou que deve abrir um curso de capacitação ainda este ano para atender aos postos de trabalho que serão gerados com o porto.

A notícia foi comemorada no setor de rochas. O presidente do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais do Espírito Santo (Sindirochas), Tales Machado, disse que vai acompanhar o desenvolvimento do projeto. Ele lembrou que o transporte da matéria-prima extraída do Espírito Santo é levada toda para o Porto de Santos, em São Paulo, para então ser enviada para o exterior.

"Isso representa um custo grande para nós. Ter a possibilidade de escoar a produção do Estado por São Mateus poderá dar mais competitividade para as empresas daqui. Além disso, o Porto de Vitória é antigo e acaba limitando nossa operação", relata.

PRÍNCIPE PROMETEU BILHÕES, MAS DEIXOU DÍVIDA MILIONÁRIA

Príncipe Khaled, da Arábia Saudita, em visita ao Espírito Santo em 2013. ( Gabriel Lordêllo )

O terminal já foi uma das grandes apostas de desenvolvimento do Estado e tinha como principal incentivador o príncipe saudita Khaled bin Alwaleed, que chegou a anunciar um investimento de R$ 2 bilhões no Espírito Santo. No entanto, em 2016, Khaled devolveu sua participação na empresa para antigos acionistas e o projeto do porto foi, praticamente, descartado pelo mercado.

O príncipe chegou a visitar ao Estado e se apresentava como “um dos homens mais ricos do mundo”. Além do terminal portuário, Khaled investiria em uma fábrica de guindastes.

Em 2016, o saudita devolveu sua parte na empresa para antigos acionistas e deixou uma dívida com fornecedores capixabas de R$ 4 milhões.

"ESCOLHA DA ODEBRECHT FOI POR EXPERTISE", DIZ DIRETOR

O empreendimento em São Mateus será o maior negócio já fechado pela Odebrecht após os escândalos denunciados pela Operação Lava Jato, que apurou pagamentos de propina em contratos com a Petrobras. A empreiteira será a responsável pelo desenvolvimento de estudos de engenharia e a construção do Centro Portuário.

Em nota, a Odebrecht afirma que assinou um memorando com a PetroCity. Em contrapartida pelo desenvolvimento dos estudos de engenharia, a construtora terá exclusividade na execução das obras do empreendimento.

“É uma empresa que já construiu 55 portos pelo mundo e tem a maior experiência técnica na área. Não podemos jogar fora essa expertise, temos que brigar para ter essa experiência aqui no nosso Estado”, disse Barbosa.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais