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Produtores do ES liberados para receber milho; saiba o que fazer

Produtores do ES liberados para receber milho; saiba o que fazer

Medida Provisória do governo federal permite que produtores de médio e grande porte comprem grãos estocados em Vitória, Colatina, e Cachoeiro

Publicado em 30 de maio de 2018 às 18:22

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Grãos de milho. (Divulgação/Sindicato Rural Brasil)

Seis mil toneladas de milho foram liberadas, nesta quarta-feira (30), pelo governo federal para criadores de aves, suínos e às indústrias de processamento de ração animal do país, após a publicação da Medida Provisória 835/2018. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que 15 produtores de médio a grande porte do Espírito Santo já estavam cadastrados até esta manhã e devem receber 2 mil toneladas ao longo de 30 dias.

A greve dos caminhoneiros chega ao 10º dia e prejudica a distribuição de alimentos para animais. O Estado possui 30 milhões de aves e 150 mil suínos. Na terça-feira, 100 mil pintinhos foram sacrificados por falta de comida e de espaço nas granjas. Milhares de galinhas foram vendidas a baixo custo ou doadas nos últimos dias.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) e a Associação dos Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (Aves) acreditam que a medida paliativa evita as mortes de animais.

A MP 835/2018 publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira vale por 30 dias, e a liberação do milho vai acontecer dentro do Programa de Vendas em Balcão (PROVB). Cada pessoa física ou jurídica fica autorizada a retirar até 500 toneladas diárias na Conab. Os produtores precisam fazer o pagamento à vista por meio de Guia de Recolhimento da União e buscar o produto.

O superintendente da Conab no Espírito Santo, Brício Alves dos Santos Júnior, explica que antes da MP, a retirada era de até 14 toneladas por pessoa. Depois da publicação, o escopo do programa passa a se estender aos médios e grandes produtores do Estado.

SAIBA COMO FAZER

Para participar do programa, é preciso ter inscrição de produtor rural e ficha do rebanho. Um cadastro deve ser feito no site da Conab, no espaço do "Programa Vendas em Balcão", que pode ser acessado clicando aqui. Depois, o formulário precisa ser entregue pessoalmente. 

Os produtores podem ligar para o Serviço de Gerência de Operações, no número 3041-4009, para pedir ajuda na hora de imprimir. O Incaper, sindicatos e cooperativas também podem auxiliar no processo. Até a manhã desta quarta-feira, já havia cadastro de 15 produtores, segundo o superintendente da Conab no Espírito Santo.

ESTOQUE

O milho está armazenado nos galpões da Conab que ficam em Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Colatina. Há, no momento, cerca de oito mil toneladas no estoque. Dessa quantidade, duas mil toneladas ficam apenas para os pequenos produtores, seguindo o que já era feito antes. As outras seis mil vão ser usadas para atender à Medida Provisória.

Como a quantidade é limitada, é preciso fazer uma avaliação de acordo com o rebanho de cada produtor, pondera Brício.

"Vamos 'dividir o pão'. O limite vai ser avaliado caso a caso, vamos avaliar quem está em situação de emergência. Temos que ter estratégia e sensibilidade, porque todos têm direito de salvar o rebanho", afirma.

O superintendente disse que há mais 2 mil toneladas de milho em trânsito com destino ao galpão da Conab em Vitória. Cerca de 25 carretas estão presas no bloqueio dos caminhoneiros no Espírito Santo e outras 15 ainda não chegaram ao Estado.

"PINGO D''ÁGUA"

Um decreto publicado pelo governo estadual na edição extraordinária do Diário Oficial de terça-feira (29) autoriza produtores a comprar grãos que seriam exportados pelos portos do Estado. São cerca de 5 mil toneladas de farelo de soja.

O governo também informou que fez uma negociação com a empresa de logística VLI para conseguir o transporte de alimentos para frangos em 40 vagões vindos da Região Central do país. Segundo o governo, o transporte demora cinco dias.

Mesmo com esse esforço do governo estadual e com a liberação do estoque da Conab, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) não acredita que o problema será resolvido.

"Há um aceno de melhora, que eu não vislumbro como uma caracterização de melhora efetiva. Perante a demanda e a necessidade, não significa quase nada. A situação é muito difícil, a recuperação vai ser lenta, vai haver uma alteração de preços violenta e vai criar um problema de saúde pública e meio ambiente, já que não há uma logística para que esses animais que venham a morrer sejam descartados com segurança", afirma.

A estimativa da Associação dos Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (Aves) é de que sejam necessárias 100 mil toneladas por mês para a alimentação dos animais. "Apesar do esforço do governo, isso aí é um pingo d’água no oceano", disse o diretor da Aves, Eustáquio Agrizzi.

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Segundo Eustáquio, a liberação do milho na Conab vai ser mais prática para os produtores. "É muito mais fácil retirar na Conab, porque lá o milho já está ensacado, e vai fluir com muito mais facilidade. No Porto há mais burocracia", explica.

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