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Samarco vai voltar a operar, mas apenas com 26% da capacidade

Samarco vai voltar a operar, mas apenas com 26% da capacidade

Reinício das atividades da mineradora em Anchieta deve acontecer em 2019, com operação de apenas uma usina das quatro existentes

Publicado em 14 de maio de 2018 às 23:03

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(Marcelo Prest | GZ)

Desde o rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais, em novembro de 2015, vários prazos para a retomada da Samarco foram estipulados. A dependência de autorizações ambientais tem levado essas previsões a não se cumprirem. Mas quando a volta das atividades for liberada, ela será gradual. A mineradora começará a atuar com apenas 26% da capacidade.

Samarco voltará operar com vinte e seis por cento da capacidade

Somente uma usina das quatro existentes em Anchieta será religada, a princípio. A quarta planta de pelotização, a maior de todas, será deixada por último, afirma o presidente Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico (Sindifer), Lúcio Dalla Bernardina, que prevê para o primeiro trimestre de 2019 o retorno da produção.

A Samarco confirma que não regressará com força total e que adotará um modelo escalonado para atender às exigências dos licenciamentos ambientais.

Em dezembro, a companhia conseguiu as licenças prévias e de instalação para utilizar a Cava de Alegria Sul, em Ouro Preto, para depositar rejeitos. Agora precisa preparar o local para receber os resíduos formados no processo de mineração. A empresa não confirma quando deve iniciar ou terminar as intervenções, mas, segundo fontes do setor, essas são ações demoradas.

“As obras necessárias vão levar pelo menos seis meses. Então, podemos estimar que apenas no primeiro trimestre a Samarco vai voltar”, acrescentou Dalla Bernardina.

SOLUÇÕES

 

O retorno gradual é uma das exigências estabelecidas no Licenciamento Operacional Corretivo (LOC), ainda em análise. Esse processo de liberação da Samarco foi iniciado em setembro de 2017 e traz a revisão de todas as etapas operacionais e das estruturas do Complexo de Germano, localizado em Mariana e em Ouro Preto, Minas Gerais.

A ideia é regularizar os locais e fazer obras emergenciais para estabilização dos espaços, para contenção dos rejeitos, além de implementar processos para a clarificação da água. A empresa afirma realizar estudos ambientais para utilizar novas tecnologias para tratar os resíduos liberados no processo de extração do minério.

Uma das soluções que a Samarco tem desenvolvido para atender ao LOC é a criação de um sistema para a filtragem do rejeito arenoso. Com isso, o material será disposto em pilhas, após a retirada da água.

A lama também será adensada, reduzindo a quantidade de água - que será utilizada na produção da empresa - e aumentando a vida útil das áreas disponíveis na Cava de Alegria Sul.

A Samarco afirma que também já recebeu aval do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e dos conselhos de Cultura e Patrimônio Histórico de Matipó e de Mariana para voltar a operar. A empresa afirma que trabalha para obter todas as anuências e autorizações necessárias ao longo deste ano e que também teve aprovado o plano de compensação da Mata Atlântica pelos danos causados pelo rompimento da barragem.

PREJUÍZOS

Antes da tragédia em Mariana, a Samarco representava quase 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo. Em 2016, por conta do desastre ambiental, que matou 18 pessoas e deixou um desaparecido, a economia do Estado encolheu 12,2%. Os prejuízos foram consequência tanto da paralisação do parque industrial em Anchieta como também pela contaminação do Rio Doce, episódio que afetou diversos setores, como o pesqueiro.

Em material publicitário, com o título “O que é preciso para a Samarco voltar a operar?”, a companhia detalha os impactos de sua paralisação. Somente em 2017 e 2018, as perdas com a inatividade alcançam

R$ 11,9 bilhões para a cadeia produtiva, R$ 2,6 bilhões para governos federal, estadual e também para os municípios e R$ 2,3 bilhões para as exportações.

MANUTENÇÕES AQUECEM ECONOMIA

Ainda que não haja data para o retorno das atividades, manutenções corretivas nas usinas da Samarco em Anchieta estão aquecendo a economia local.

Segundo o presidente do Sindifer, Lúcio Dalla Bernardina, esse movimento da Samarco tem aumentado as expectativas de empresas locais que esperam voltar a prestar serviços para a mineradora e assim gerar mais empregos para os moradores da cidade.

“Já sabemos que uma empresa foi contratada e que muitos trabalhadores demitidos foram recrutados para trabalhar na Samarco. Ainda é algo pequeno, mas o município já tem sentido os efeitos do possível retorno”, diz.

Pelo menos novos 50 trabalhadores estão atuando em tarefas que visam conter a corrosão das estruturas, afetadas, principalmente, pela maresia.

Há uma semana, a Samarco solicitou ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) a renovação da licença ambiental da Quarta Usina de Pelotização. Segundo o órgão, a medida é um procedimento padrão, adotado até 120 dias antes do vencimento da autorização.

“Quando esse prazo é cumprido, a licença se prorroga automaticamente, até que a análise da equipe técnica do órgão ambiental seja finalizada”, disse o Iema, por meio de nota.

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O órgão ainda acrescentou que, a partir da renovação, a licença é válida por seis anos, e que todas as autorizações para a operação do parque industrial de Anchieta estão em vigor. O Iema também explica que, para o retorno das atividades, deve realizar vistorias de fiscalização e controle nas usinas.

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