Em processo de concessão à iniciativa privada, o Aeroporto de Vitória está na mira de investidores estrangeiros. Durante audiência pública realizada nesta sexta-feira (15) na Capital pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre a privatização, representantes de grandes administradoras aeroportuárias mundiais mostraram interesse pelo Bloco Sudeste, composto pelo terminal capixaba e o de Macaé (RJ).
Entre elas, as duas maiores operadoras do mundo em número de terminais: a argentina Inframerica e a francesa Vinci Airports. Ambas enviaram representantes a Vitória para apresentar questionamentos e sugestões técnicas na sessão.
A Inframerica, do grupo Corporacion America, administra 53 aeroportos em sete países, sendo 35 deles na Argentina e dois no Brasil: os de Brasília (em sociedade com a Infraero), e Natal (RN). Pelo mundo, o consórcio atende 77,6 milhões de passageiros por ano.
A advogada da operadora, Paula Damas, confirmou o interesse prévio. Ainda não temos uma definição porque estamos fazendo estudos e as análises econômicas do projeto e da cidade, mas é uma proposta e um bloco que temos visto com bons olhos, afirmou.
Já os representantes da Vinci, que recentemente assumiu a operação do terminal de Salvador (BA) e opera 36 aeroportos em sete países sendo 12 na França, dez em Portugal e três no Japão não quiseram comentar sobre o processo.
Segundo o diretor de Política Regulatória da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), Ronei Glanzmann, outras grandes companhias também demonstram interesse no Bloco do Sudeste apelidado pelo governo do bloco do petróleo, embora não tenham feito manifestação verbal na audiência.
Temos conversado e feito conferências com pelo menos dez grandes operadoras internacionais para essa rodada de concessões. O Bloco Nordeste, pelo Aeroporto de Recife, acaba sendo o mais atrativo, mas logo na sequência aparece o do Sudeste, que também tem sido bem visto por algumas empresas não só pela oportunidade de crescimento da operação com a demanda do setor de óleo e gás, mas também pelas possibilidades comerciais, comentou.
A Anac contabilizou pelo menos 100 participantes na sessão, entre eles representantes de empresas, do governo do Estado e funcionários da Infraero.
Após a fase de audiências públicas, a proposta segue para aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU) no terceiro trimestre. O leilão deve ser realizado em dezembro. Pelo Bloco Sudeste, a União estipulou a outorga mínima de R$ 622,8 milhões, com investimentos de R$ 644,1 milhões nos dois aeroportos ao longo dos 30 anos de concessão.
DISCUSSÃO
Logo ao iniciar a sessão, Glanzmann, em nome do governo federal, admitiu que houve falhas na comunicação com o governo do Estado sobre a proposta, e que equipes técnica e política locais e nacionais discutirão o modelo na próxima semana. Faço esse mea culpa e vamos conversar para corrigir esse erro a tempo.
Representantes do governo estadual, que questiona a proposta, pediram a suspensão temporária dos trâmites da concessão até que seja feito o debate. O pleito será analisado pelo Ministério dos Transportes.
PROTESTO
Funcionários da Infraero protestaram com camisas e cartazes contrários à concessão. Em alguns momentos da apresentação, eles contestaram com gritos de é mentira e o aeroporto não precisa (de privatização). Cria-se uma fantasia de que vai ser bom e criar empregos, mas vai reduzir vagas de trabalho e aumentar taxas, disse o profissional aeroportuário Wanderley Galder.
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