> >
BC deve manter a taxa de juros em 6,5% mesmo com alta do dólar

BC deve manter a taxa de juros em 6,5% mesmo com alta do dólar

Para analistas, a inflação está sob controle e há outros meios para evitar escalada da divisa americana

Publicado em 20 de junho de 2018 às 11:15

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Taxa de juros. (Reprodução/Pixabay)

Mesmo com pressão recente do mercado nos contratos de juros futuros e a alta recente do dólar, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá manter a taxa Selic no atual patamar de 6,5% na reunião que termina nesta quarta-feira. Essa é avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO. Para os analistas, com a inflação sob controle, o Copom só vai elevar a taxa básica de juros - que é referência para o mercado - no íncio de 2019. Este ano, a aposta do mercado é que a Selic termine nos atuais 6,5%.

- O cenário é de manutenção dos juros. A inflação está sob controle neste ano e deve fechar abaixo de 4%, dentro da meta de 4,5%. Para 2019, a estimativa é de um IPCA de cerca de 4,10%, também abaixo dos 4,25% da meta. Se não houver nenhuma supresa vinda do exterior, como uma elevação mais forte dos juros nos EUA, nossa expectativa é que a Selic só volte a subir no segundo semestre de 2019 - diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências.

O próprio presidente do BC, Ilan Goldfajn, já afirmou ao mercado que não usará a política monetária para frear a alta do câmbio. Goldfajn disse que o BC tem muitos instrumentos para reduzir a volatilidade da moeda, que neste ano já se valorizou quase 13%. O BC está oferecendo contratos de swap cambial, que equivalem a uma venda de dólar no mercado futuro. Na semana passada, foram ofertados US$ 24,5 bilhões e esta semana serão mais US$ 10 bilhões.

- O presidente do BC já afirmou que não fará como a Turquia e a Argentina, que elevaram os juros para conter a escalada do dólar. Além disso, subir os juros com a economia crescendo pouco poderia levar o Produto Interno Bruto (PIB) para próximo de zero ou até mesmo causar recessão neste ano - afirma o economista-chefe e sócio da Modalmais, Álvaro Bandeira.

Em artigo, a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, observa que uma alta da Selic este ano não é uma projeção óbvia, "pois o repasse do câmbio a preços tem defasagens e há dúvidas quanto à sua intensidade nas condições econômicas atuais, com significativa ociosidade da economia e elevada volatilidade cambial, que reduz a visibilidade dos empresários na fixação dos preços".

"Estivesse a economia já em trajetória firme de recuperação e a inflação mais próxima da meta, faria sentido o BC iniciar a normalização da política monetária. Em outras palavras, caberia uma postura preventiva. Não é o caso por ora. A ociosidade na economia está elevada, em 23% pela nossa estimativa", escreve a economista.

Campos Neto, da Tendências, lembra que se o BC usasse a política monetária para conter a alta do dólar teria que elevar a Selic de uma forma mais forte, entre dois e quatro pontos percentuais, para que esse remédio surtisse algum efeito. Para ele, um aumento de 0,25 ou 0,5 ponto percentual não teria efeito sobre a o câmbio.

Este vídeo pode te interessar

- Uma alta muito pequena dos juros não faria diferença. O prêmio teria que ser maior para surtir algum efeito. Hoje, o BC tem instrumentos mais baratos para conter a elevação do dólar - diz Campos Neto, que prevê a Selic em 6,5% este ano, subindo para 7,75% ao final de 2019.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais