Parcelas e contas de baixo valor parecem inofensivas para o orçamento. Sem se dar conta, muitos consumidores vão acumulando essas pequenas prestações até chegar ao ponto de não ter mais condições de quitá-las.
Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no Espírito Santo mostram que são as dívidas de até R$ 250 as principais responsáveis por deixar uma pessoa com nome sujo no mercado.
No Estado, em maio, 20.563 pessoas, 47,53% das 43.265 registradas no órgão em maio, estavam nessa situação.
Apesar de não ser uma dívida tão alta, para quem está com as finanças apertadas é algo difícil de pagar, principalmente se essa pessoa vive com apenas um salário mínimo, explica o gerente de negócios da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Vitória, Geraldo Calenzani.
Segundo ele, são vários os motivos que levam alguém a ficar negativado. Quando a conta é baixa, há a chance de ter ocorrido um esquecimento. Outra possibilidade é a pessoa ter contraído a dívida sem saber se teria como pagar ou mesmo porque ficou desempregado, destaca Calenzani.
O levantamento ainda revela que entre os pequenos e grandes devedores quase 60% são mulheres. O que explica isso é que a mulher compra para ela, para a família e para a casa, acrescenta.
NEGOCIAÇÃO
Para evitar cair numa situação de endividamento excessivo, é preciso atenção a quanto se gasta. O advogado especializado em defesa do consumidor, Rodrigo Cristello, orienta a pessoa a ter cuidado com os juros cobrados e com o valor total do contrato. Às vezes, o consumidor fica preocupado com o valor da parcela e não se dá conta que ele está alongando a dívida. A prestação é pequena porque é necessário ficar mais tempo pagando. O custo final disso é muito alto, explica ao ressaltar ainda que o mercado sonega informações ao cliente ao não esclarecer esses detalhes importantes sobre juros cobrados, contribuindo para a inadimplência.
Renegociar a dívida é uma saída para voltar a ter o nome limpo. Mas Cristello alerta sobre a importância do consumidor ter noção do quanto ele poderá dispor para quitar os atrasados. É importante, no refinanciamento, não estender ainda mais a dívida. É bom também levar a proposta para ser analisada pelo Procon com a intenção de ver se essa é realmente vantajosa.
PLANEJAMENTO
Para sair desse cenário, a educadora financeira Sylvia Milaneze diz que a resposta está em se voltar para o planejamento financeiro. Se conhece o orçamento, a pessoa pensa duas vezes antes de gastar. Hoje, é a falta dessa análise o maior problema das famílias, opina.
A especialista dá dicas para o consumidor dar a volta por cima. A prioridade deverá ser sair da inadimplência. Para isso, é necessário anotar todas as despesas para saber o que pode cortar temporariamente e para ter ciência sobre onde há desperdício de dinheiro, ensina. O segundo passo, de acordo com ela, é procurador o credor para buscar uma solução. Ao renegociar, as parcelas dessa dívida devem corresponder ao orçamento.
FUJA DO ENDIVIDAMENTO
CUIDADOS
Contrato de financiamento
É importante olhar o contrato de financiamento com bastante cautela, analisando os detalhes. O consumidor deve exigir que nesse documento estejam informações como a taxa de juros e o custo efetivo total do empréstimo.
Cartão de crédito
É a modalidade de empréstimo com a taxa de juros mais alta. Então, evite pagar o mínimo e cair no rotativo do cartão. Hoje, os clientes só podem pagar o valor mínimo da fatura e usar o rotativo por um mês. No mês seguinte, são obrigados a pagar a fatura total. Caso não consigam, os bancos são obrigados a parcelar o valor em uma linha de crédito diferente do cartão, com juros mais baixos. Porém, a dívida pode continuar alta para o orçamento desse consumidor.
Pequenas parcelas
Mesmo que pequena, a parcela de uma compra pode se tornar um problema para as finanças do consumidor. É preciso verificar os juros embutidos nessas prestações. Saiba também que parcelas de baixo valor acabam alongando muito o tempo do endividamento.
SAIA DA INADIMPLÊNCIA
Confira o orçamento
É importante se voltar para o orçamento da família e analisá-lo com cautela para identificar onde há desperdício de dinheiro. A ideia é cortar essas despesas desnecessárias para que sobre recursos para pagar as dívidas em atraso.
Admita que não tem como pagar a dívida
É importante ser claro com o credor para buscar uma solução para sair da inadimplência. O consumidor deve admitir que quer pagar, mas que não tem condição de assumir um compromisso.
Atenção ao renegociar
Se, ao conversar com o credor, o consumidor resolver negociar a dívida, é imprescindível analisar se a proposta está adequada ao orçamento, se vai conseguir honrar com o compromisso.
Leve a proposta ao Procon
Antes de fechar a negociação com o credor, leve a proposta para ser analisada pelo Procon com a intenção de verificar se há alguma pegadinha no contrato, como juros abusivos que podem encarecer ainda mais a dívida.
Mutirões
Aproveite os mutirões de negociação para sair do endividamento. Os próximos serão de 16 a 20 julho, em Colatina; de 27 a 31 d agosto, em Bento Ferreira, em Vitória; e nos dias 24 a 28 de setembro, na Faculdade Pio XIII, em Cariacica.
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