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Dólar sobe e fecha no maior valor em 2 anos

Dólar sobe e fecha no maior valor em 2 anos

Cena política interferiu na cotação da moeda, que fechou a R$ 3,80

Publicado em 6 de junho de 2018 às 01:06

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Dólar comercial chegou a atingir R$ 3,81 durante o dia da terça-feira (5) no mercado. (Bearfotos/Freepik)

O dólar fechou em forte alta na terça-feira (5), após chegar a bater R$ 3,81, influenciado pelo movimento no exterior e pelo cenário político local. A moeda chegou a perder força com a interferência mais forte do Banco Central (BC), mas voltou a ampliar os ganhos ao final da sessão.

A moeda norte-americana subiu 1,77%, vendida a R$ 3,8097. É o maior valor desde 2 de março de 2016, quando alcançou R$ 3,8885 no fechamento. Mais cedo, a cotação bateu R$ 3,8132 na máxima da sessão – maior nível durante as operações (intradia) desde março de 2016.

Já o dólar turismo era vendido a R$ 3,97. No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,58%, vendida a R$ 3,7434.

CENÁRIO POLÍTICO

Um dos motivos para a alta da moeda encontra-se no cenário político nacional. O mercado repercute pesquisas eleitorais, com os investidores se mostrando preocupados com a possibilidade de vitória de um candidato não reformista e que não seja considerado pró-mercado.

“Os extremos continuam em destaque nas pesquisas e, por isso, o mercado segue reticente”, disse o economista da Guide Investimentos Ignácio Crespo.

Na avaliação de Luciano Rostagno, estrategista do Mizuho Bank, a deterioração dos ativos brasileiros (real, ações e juros de longo prazo) decorre, em menor grau, do cenário externo em meio ao temor de um acirramento da disputa comercial. Mas o que mais tem pesado é a incerteza em relação ao quadro eleitoral e a fragilidade das contas públicas.

“As pesquisas vem apontando para o avanço dos candidatos dos extremos. A paralisação dos caminhoneiros mostrou que a população não está dando suporte para uma agenda reformista e não entende que o governo não consegue gerar superávits fiscais recorrentes”, disse.

Para Jason Vieira, economista da Infinity, a volatilidade do dólar reflete principalmente o movimento no mercado externo e também a declaração do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, de que o governo não estuda subsidiar o preço da gasolina.

“Não estou vendo um motivo solitário para isso (a valorização do dólar à tarde). Houve uma piora do cenário para Brasil, o que estressou um pouco o mercado”, diz Vieira.

INTERVENÇÃO

Com o movimento mais forte de alta do dólar atingindo o mercado brasileiro, o BC brasileiro decidiu aumentar sua interferência no câmbio e anunciou novo leilão de até 30 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, ainda nesta sessão.

“Apesar do aumento da atuação do Banco Central, o mercado entende que a mudança de patamar do dólar é estrutural”, afirmou o economista da Guide Investimentos Ignácio Crespo.

Essa atuação do Banco Central no mercado de câmbio revelou uma certa fraqueza da autoridade monetária em conter a forte volatilidade da moeda. A avaliação é de Felipe Bevilacqua, gestor da Levante Investimentos, para quem os investidores perderam parte da confiança no BC desde a última decisão sobre a Taxa Selic, em maio.

“As taxas oferecidas não ficaram alinhadas com o que o mercado queria. O BC mostrou uma certa fraqueza, e o mercado decidiu bater, enfrentar”, diz. Sobre a alta do dólar, Bevilacqua afirma que a moeda “aumentou muito mais do que deveria, mas há nisso um componente político. Ainda veremos muita volatilidade.”

COMO A ALTA DO DÓLAR TEM EFEITO NA SUA VIDA

PÃO

Cerca de 70% da farinha de trigo usada para fazer pães no Brasil é importada. Com a alta da moeda, massas ficam mais caros.

VIAGENS AO EXTERIOR

Quem está planejando viajar para outros países consegue identificar facilmente o peso do dólar mais alto. Isso porque o dólar turismo acompanha o movimento do comercial, e impacta os preços de passagens aéreas, hospedagem fora e, claro, a compra da moeda em espécie antes da viagem.

ELETRÔNICOS

Aparelhos eletrônicos, como celulares e televisões, são fabricados fora do Brasil ou têm peças importadas, o que encarece o produto final nas lojas.

PERFUMES

Os perfumes internacionais vendidos no Brasil são importados. Com o dólar alto, o preço fica menos competitivo.

CARROS

No Brasil, muitas montadoras ainda trazem modelos produzidos em outros países, o que leva em conta a cotação do dólar. Além disso, muitas peças de carros montados no Brasil são importadas.

VINHOS

O Brasil possui produção nacional, mas vinhos da América do Sul e Europa, muito consumidos, devem ficar mais caros.

COMBUSTÍVEIS

A cotação do barril de petróleo é feita em dólar, até mesmo do produto extraído no Brasil. Assim, o preço mais é repassado para os combustíveis, como gasolina.

EXPORTADORES

Com a alta da moeda americana, as empresas brasileiras que exportam seus produtos faturam mais. Os itens produzidos por aqui ficam mais baratos que nos países onde estão sendo vendidos.

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