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Frutos da Mata Atlântica têm forte mercado no Espírito Santo

Frutos da Mata Atlântica têm forte mercado no Espírito Santo

Consumo no Estado é de 5,5 mil toneladas por ano e demanda pode crescer ainda mais

Publicado em 30 de julho de 2018 às 00:47

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Aquilau Stefanon trabalha há mais de três décadas com frutos da Mata Atlântica. ( Vitor Jubini )

Aos 78 anos, o agricultor Aquilau Stefanon colhe os frutos de mais de três décadas trabalhando com produtos da Mata Atlântica. Na propriedade de 70 hectares, que fica localizada em Anchieta, 14 são dedicados à preservação permanente, e no restante da área tem plantio de palmito, araçaúna, cajá-mirim, cajá, entre outras espécies. Tudo o que produz já tem destino certo, a venda por encomendas e em feiras livres.

A mesma oportunidade que ele enxergou há décadas, ainda pode ser aproveitada por outros agricultores capixabas, já que o Estado tem um forte mercado para esses produtos e a demanda pode expandir ainda mais.

Segundo dados de um estudo da The Nature Conservancy Brasil (TNC) desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), todos os anos, o Espírito Santo tem uma demanda de consumo de mais de 5,5 mil toneladas de frutas da Mata Atlântica. Os principais compradores desses produtos são fábricas de polpas e de picolés e sorvetes.

De acordo com Vanessa Girão, especialista em conservação da TNC, o bioma abrange 17 Estados brasileiros, sendo reconhecidas mais de 15 mil espécies nele. “Como o Espírito Santo tem um potencial grande, por ser pequeno e de pequenas propriedades, há um perfil de diversificação de culturas existente nelas.”

O estudo ainda destacou que a maior demanda de consumo no Estado é pelo caju, o que representa 26,27% do consumo total (1,4 mil toneladas). Em seguida, o cajá-manga (1,02 mil toneladas), a aroeira (1,02 mil toneladas), a palmeira jussara (869,3 mil quilos, o cajá-mirim (708 mil quilos) e a araçaúna (80,6 mil quilos).

Segundo o estudo da TNC, caju, cajá-manga e cajá-mirim são adquiridos, principalmente, na forma pré-processada, com origem de Sergipe e da Bahia.

Aquilau conhece bem esse mercado potencial e como trabalhar com ele. Um dos seus principais cultivos é o de araçaúna. A fruta roxa tem um sabor bem característico e azedinho, que lembra a goiaba e a jabuticaba. O que é colhido na plantação é transformado, dentro da própria fazenda, em polpa.

Em média, por ano, ele chega a produzir até uma tonelada de polpa. Cada barra de um quilo é vendida a R$ 10,00.

Outra fruta que Aquilau produz é o cajá-mirim, parente do cajá. Na propriedade são 30 pés plantados. “Eu só mexo com as frutas tropicais. O clima daqui é propício para isso e, por isso, nenhuma fruta que eu tenho hoje tem doença”, conta.

Duplo Papel

Segundo a bióloga e pesquisadora do Incaper Fabiana Ruas, é importante que os produtores enxerguem a produção de frutas da Mata Atlântica como uma maneira de realizar o reflorestamento associado à produção de renda.

“Essas árvores cumprem um papel ambiental – de restaurar a área degradada – e também comercial, gerando renda para os donos da terra. Temos que fortalecer nossa biodiversidade, senão não teríamos porque falar que o Brasil é o país com a maior diversidade de biomas do planeta. Temos que valorizar isso.”

A especialista ainda ressaltou que tem várias formas de conseguir mercado para os produtos da Mata Atlântica no Estado. “O produtor pode plantar essas frutas conciliadas a outras árvores ou sozinhas. Os frutos podem ser transformados, por exemplo, em geleias e polpas para comercializar.”

Saiba mais

Mata Atlântica

Bioma

A Mata Atlântica abrange 17 Estados brasileiros, sendo reconhecidas mais de 15 mil espécies

Frutos

As principais utilizações dos frutos são em doces, geleias, polpas, sucos e licores

Consumo anual no ES

Total: o Estado consome em média 5,5 mil toneladas desses produtos, sendo que grande parte vem de fora

Caju: 1,4 mil toneladas

Cajá-manga: 1 mil toneladas

Aroeira (pimenta rosa): 1 mil toneladas

Palmeira jussara (fruto): 869,3 mil quilos

Cajá-mirim: 708 mil quilos

Pitanga: 216,7 mil quilos

Jabuticaba: 154,2 mil quilos

Araçaúna: 80,6 mil quilos

Jenipapo: 2,2 mil quilos

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Abiu silvestre: 1,3 mil quilos

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