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Perda de ferrovia pode tirar até 5 mil novos empregos do ES

Perda de ferrovia pode tirar até 5 mil novos empregos do ES

Crescimento da economia capixaba pode ser impactado

Publicado em 10 de julho de 2018 às 00:57

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Trem da Vale na Vitória-Minas: obra do ramal até Presidente Kennedy iria impulsionar a economia local. (Agência Vale/divulgação)

O ramal ferroviário da Vitória-Minas a Presidente Kennedy tinha tudo para ser um dos indutores da recuperação econômica do Espírito Santo, com altos investimentos, milhares de empregos, atração de empresas, ganho de competitividade e movimentação de toda a cadeia produtiva. No entanto, com a obra que parecia certa agora saindo dos trilhos, todos esses benefícios ao Estado ficam comprometidos.

Com custo estimado de mais de R$ 3 bilhões, a ferrovia seria bancada pela Vale como forma de contrapartida pela prorrogação da concessão da Vitória-Minas por mais 30 anos. Como o governo federal transferiu essa exigência para a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, a obra no Estado tem futuro incerto.

O impacto mais direto é no mercado de trabalho, já que construir uma ferrovia envolve várias frentes. Especialistas estimam que apenas a obra geraria cerca de 5 mil vagas, sendo mil diretas e outras 4 mil indiretas. Um estudo sobre concessões da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que o salário de empregados nesses investimentos gira em torno de R$ 7.051.

O secretário estadual de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, ressaltou que a construção da ferrovia já é um grande ganho. “A obra por si já é um investimento que mexe muito com a nossa economia. Para se ter uma ideia, nesse ano todo o governo do Estado está investindo R$ 1 bilhão. Então, imagina como um investimento desse porte em um Estado pequeno vai movimentar a cadeia de produção, de metalmecânica, de construção civil, fornencedores, produção de aço e outros serviços.”

A maior injeção de recursos com a obra seria na construção civil, segundo o estudo da FGV, que estima que 57% do investimento vão para o setor, o que no caso capixaba representa R$ 1,73 bilhão. Na sequência, aparecem os gastos com máquinas, equipamentos e transporte.

Para o conselheiro do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC) Antônio Falcão, muitos negócios seriam gerados com a construção da ferrovia. “Só nas obras seriam criadas muitas oportunidades para a metalmecânica e a construção pesada e civil. É um negócio que movimenta várias cadeias produtivas”, diz, ao acrescentar que o Espírito Santo tem que lutar por esse investimento. “É ainda uma forma da Vale compensar o Estado pelas questões ambientais”.

Já o economista Orlando Caliman lembra que a atividade portuária é uma das mais fortes da dinâmica da economia capixaba, mas, com esse impasse, novos projetos na área também ficam ameaçados. “Não tem como conceber um porto de dimensões razoáveis sem uma ligação ferroviária, como é o caso do Porto Central, que tem nisso um obstáculo muito grande”, comenta.

O ramal, que tem planos de receber inicialmente 50 milhões de toneladas por ano (MT/ano), teria o Porto Central como um dos principais propulsores. “Temos estimativa de carga de 15 MT/ano para a ferrovia. Sem ela, não conseguiríamos viabilizar alguns terminais, como os de cargas, contêineres e carvão. É prejuízo porque vamos ficar limitados a operar os terminais de petróleo, gás e derivados e de indústrias de exportação”, afirma o presidente do complexo portuário, José Maria Vieira de Novaes.

Diante da situação, até o Produto Interno Bruto capixaba pode ser afetado. “O crescimento econômico em um longo prazo fica comprometido sem todos esses projetos estruturantes”, pondera o economista Eduardo Araújo. (Com informações de Mikaella Campos)

O QUE O ESTADO PERDE

Empregos

Especialistas estimam que apenas a construção da ferrovia até Presidente Kennedy pode gerar cerca de 5 mil postos de trabalho com boa remuneração, sendo mil diretos e 4 mil indiretos. A média salarial desses empregos, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é de R$ 7.051.

Ganho na cadeia

Na etapa de obras, com os R$ 3 bilhões de investimentos previstos, vários setores seriam beneficiados, sobretudo o de construção civil pesada, com R$ 1,73 bilhão. Os setores de metalmecânica, transportes, produção de aço e cimento, além de serviços, também teriam impactos positivos.

Novos negócios

Com o ramal ferroviário, a atratividade de novos negócios para o Estado, sobretudo na Região Sul, fica comprometida. A expectativa é que após concluída, ela atraia empresas do ramo industrial, logístico,

de exportação e importação. O Portal Central também fica com o projeto ameaçado.

PIB

Uma das principais atividades econômicas do Estado é a portuária. A inviabilização da ferrovia e, consequentemente, de novos portos e empresas, pode afetar o crescimento econômico a longo prazo no Espírito Santo, comprometendo o PIB e reduzindo a participação da Região Sul na economia capixaba.

Competitividade

Especialistas apontam que o modelo ferrovia-porto é o mais eficiente existente no escoamento da produção. Dessa forma, uma ferrovia que conectaria os principais portos do Estado traria mais competitividade. Vale lembrar que o custo do frete ferroviário é 30% menor que o rodoviário.

Logística

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Como as principais rodovias do Espírito Santo ainda não foram duplicadas e estão saturadas para o escoamento, o ramal ferroviário traria um ganho para infraestrutura do Estado, solucionando em boa parte o gargalo logístico capixaba, representando uma alternativa mais segura.

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