Apesar de o Brasil gastar mais do que arrecada, as contas públicas têm mostrado uma melhora inesperada neste ano. Os números já fazem os técnicos da equipe econômica trabalharem com a hipótese de o governo federal cumprir com folga a meta de manter o déficit em, no máximo, R$ 159 bilhões. Em julho, por exemplo, o país ficou no vermelho em R$ 3,4 bilhões. O desempenho fiscal da União, dos estados e municípios e das empresas estatais foi muito melhor que no mesmo mês do ano passado. O déficit do país caiu 79% em relação ao rombo registrado em julho de 2017.
Várias coisas tem contribuído para esse quadro, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central. Além do controle das despesas e surpresas positivas na arrecadação, a taxa de juros está estável no menor nível da História e a inflação - apesar do repique recente - está controlada e dentro da meta.
Por tudo isso, nos últimos 12 meses, o rombo das contas públicas está em R$ 77,1 bilhões: muito distante para a meta deste ano. Os dados dos sete primeiros meses do ano são ainda mais animadores para os técnicos. O país acumulou de janeiro a julho um déficit de R$ 17,8 bilhões.
Normalmente, o número é maior no início do terceiro trimestre afirmou Renato Baldini, chefe-adjunto do departamento econômico do BC.
Ele disse que a queda do déficit é uma tendência e que isso terá impacto relevante nos números deste ano, mas o país precisa avançar mais para sair do drama fiscal em que está:
Há espaço para que a meta seja cumprida com folga e isso deve contribuir para a gente estabilizar a dívida, mas temos de voltar a ter superávit.
Outro fator que também tem ajudado o setor público é o impacto da política de controle da volatilidade do câmbio nas contas públicas. Se o dólar tem causado estresse nos técnicos do Banco Central diariamente, a moeda americana tem reduzido o custo dos juros. Como o preço da divisa caiu no mês passado, o BC ganhou dinheiro ao colocar contratos de proteção para os exportadores. Isso fez com que a conta de juros a pagar no mês fosse menor que a de julho de 2017.
Dívida interrompe trajetória de alta
No mês passado, o Brasil pagou R$ 25,8 bilhões em juros. Como não poupou nenhum centavo para arcar com essa conta, teve de emitir mais dívida. A relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a cair. Passou de 77,2% do PIB para 77%. No fim do ano passado, esse percentual era de 74% do PIB.
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