Há cerca de três meses, o empresário Arly Coelho abriu na Praia do Canto uma loja de roupas multimarcas. Ele já trabalhava com pop ups (espaços temporários de vendas de uma marca) havia alguns anos, e agora resolveu ter o seu próprio negócio. Para o comerciante, o momento de crise exigiu novidades no mercado.
É nessa hora que se precisa buscar coisas novas. Por isso tive a ideia de criar esse espaço, que reúne roupas contemporâneas, produtos para a casa, joalheria e obras de arte. Tudo em um lugar só, conta o dono da Simultâneo, que comemora o sucesso inicial do negócio.
Arly é um dos 6.924 empreendedores que abriram alguma empresa no Estado neste ano, segundo dados da Junta Comercial do Espírito Santo (Jucees). Número que vem se recuperando após a crise. De 2015 para 2017, os registros de novos negócios no órgão deixaram de cair e cresceram 5%.
O problema é que, enquanto o número de abertura de empresas vem se recuperando a passos lentos, as extinções seguem em ritmo cada vez mais acelerado. De 2015 para 2017, cresceu 56% o número de empreendimentos que fecharam as portas.
Diante disso, o cenário ainda não é positivo, na avaliação dos especialistas. Segundo o economista e professor da UVV Mário Vasconcelos, muitas empresas já vinham em dificuldades nos últimos anos e como a economia não se recuperou de forma efetiva ainda, esses negócios também não resistiram.
Eram negócios que estavam em decadência e que, com toda essa instabilidade que ainda está aí, não estão mais resistindo, comenta o economista, que ressalta ainda a falta de planejamento para empreender.
Montar um negócio requer um cuidado e planejamento que muitas pessoas não têm. A maioria quer ter lucros imediatos, não avalia se o local é adequado, se há demanda para aquilo que se está oferecendo ou o qual será o peso dos tributos. Quando junta a economia ruim e a falta de planejamento, é fatal, explica.
NECESSIDADE
Mário Vasconcelos ainda aponta outro reflexo da crise nos números: o chamado empreendedorismo por necessidade, quando, em função de situações oriundas da crise, como o desemprego e a renda familiar menor, algumas pessoas são forçadas a abrir um negócio para se ter um meio de sustento.
Muitas pessoas foram demitidas e, diante do mercado de trabalho ainda em situação difícil, se viram obrigadas a abrir algum negócio. Algumas aproveitam e usam o dinheiro do seguro-desemprego e do FGTS para dar esse pontapé inicial. Esse é um movimento natural em tempos de crise, que ainda compõe nossa realidade, avalia Vasconcelos, que pontua que esse tipo de negócio nem sempre é negativo. Ás vezes, com o negócio, as pessoas conseguem ter uma renda maior que quando era empregada, se é bom ou ruim varia em cada caso.
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