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Maioria das vagas abertas no ES paga somente um salário e meio

Maioria das vagas abertas no ES paga somente um salário e meio

114 mil capixabas foram admitidos com essa renda em 2018

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 00:46

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(Fernando Madeira)

A maioria dos capixabas que conseguem um emprego com carteira assinada hoje é com uma remuneração de até um salário mínimo e meio, o que dá R$ 1.431. De janeiro a junho deste ano, 68,7% das contratações formais no Espírito Santo foram até essa faixa salarial, o que equivale dizer que duas em cada três pessoas admitidas possuem essa renda do trabalho.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, no primeiro semestre de 2018 foram contratados 165.713 trabalhadores no Estado, mas 114.098 deles com baixos salários.

Do total de admitidos no semestre, 4.620 capixabas foram de renda bruta de menos de meio salário, que é R$ 477. Outros 13.985 foram contratados com ganhos que vão de meio a um salário mínimo, o que equivale a 8,4% do total de contratos de trabalho formais.

O maior número de recém-contratados, porém, possui remuneração entre um salário mínimo e 1,5. Cerca de 57% dos admitidos no primeiro semestre do ano possuem essa faixa salarial.

O número leva em conta todas as contratações formais no Estado e não apenas os novos postos de trabalho criados.

 

 

PRIMEIRO EMPREGO

O percentual de capixabas que conseguiu um trabalho com renda até um salário e meio é ainda maior quando se fala no primeiro emprego, que diz respeito aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho.

Das 14.227 pessoas que conseguiram ter a carteira assinada pela primeira vez no Estado, 11.723 foram com remuneração até R$ 1.431, o que dá 82,3% .

Para o economista e coordenador-geral da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga, essas contratações, apesar dos salários mais baixos, apontam para uma recuperação do mercado de trabalho.

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Quando começa uma crise econômica forte, como a que vivemos, os primeiros empregos a serem perdidos são os de pessoas que ganham menos, e só depois os de quem ganha mais. Com isso, primeiro há uma perda de postos para quem tem um grau menor de instrução, que às vezes são serviços dispensáveis ou que podem ser terceirizados. Só nesse momento de recuperação que esses empregos voltam a ser gerados

Economista Marcelo Loyola Fraga
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FORMAÇÃO

Além do salário ser predominantemente baixo, o Caged também aponta que o grau de formação da mão de obra capixaba é, em sua maioria, até o ensino médio.

Cerca de 54% das contratações no primeiro semestre deste ano no Estado foram de quem tem ensino médio completo, o que representa 90,6 mil pessoas.

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Quanto menos especializado o profissional é, mais fácil ser mandado embora e ser recontratado. Durante uma crise, a empresa não vai pensar duas vezes em demitir esse profissional

Economista Rudisom Rodrigues de Paula
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Já os recém-admitidos que possuem escolaridade até o ensino fundamental, completo ou incompleto, representam 22,8% do total.

O levantamento mostra ainda que os contratados neste ano que possuem ensino superior completo foram 13.856, 8,3% do total.

O economista Rudisom Rodrigues de Paula explica que a rotatividade de funcionários com pequeno grau de qualificação, como as pessoas ligadas à parte operacional, é grande dentro das empresas.

“Quando analisamos o cenário do Brasil, vemos que a taxa de desemprego geral está em 13,1%, já a dos trabalhadores qualificados é de quase 6%. Os profissionais com maior grau de instrução estão sendo menos demitidos”, comenta.

Ainda segundo o economista, quando o mercado estabilizar seu crescimento, o número de empregos formais com salários mais elevados vai aumentar. “Algumas empresas, como as de tecnologia, optam por manter profissionais qualificados, pela escassez dessa mão de obra. Já na recontratação, ela vai buscar profissionais que querem se qualificar.”

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Aliado à recuperação econômica, Marcelo Loyola Fraga também acredita no potencial do Estado para gerar empregos com salários melhores. “Estamos em uma condição melhor da do restante do país. Quando o Brasil se recuperar, a gente tem tudo para sair na frente, inclusive na geração de bons empregos”, aponta.

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