Falha na medição de oxigênio no interior do navio Sepetiba Bay é a principal suspeita de ser a causa do acidente que aconteceu em julho, deixando três trabalhadores mortos. A embarcação estava atracada em Portocel, Aracruz, carregada de madeira.
Fontes ligadas à investigação afirmam que o baixo nível de oxigênio no ambiente levou os trabalhadores à asfixia, o que poderia ter sido evitado com a medição do ar no porão do navio.
Em condições normais, o local deveria ter 21% de oxigênio no ar, mas, de acordo com a Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, havia somente 5%. Por isso, o gás carbônico se espalhou no porão do navio e causou a tragédia.
Ainda não é possível dizer, no entanto, se a falha na medição foi devido à sua não realização ou porque foi feita de maneira errada. De acordo com o Ministério do Trabalho, o correto é medir o nível de oxigênio toda vez que forem iniciadas as operações na embarcação.
Para o presidente do Sindicato dos Estivadores, José Adilson Pereira, não foram tomadas as providências devidas nem feitos os procedimentos corretos antes de começar a operar o navio.
O que nós já temos certeza que aconteceu naquele dia é que o navio não foi entregue a nós com o ambiente correto. Agora, precisamos saber de quem é a responsabilidade sobre isso, destacou.
Questionada sobre a possível falha na medição do nível de oxigênio no navio, a Fibria, empresa responsável pelo Portocel, afirmou por meio de nota que "as investigações sobre as causas do acidente ainda estão em curso, mas a responsabilidade pela medição dos níveis de oxigênio na embarcação é do navio."
Em nota, a empresa Norsul, responsável pela embarcação, informou que os procedimentos padrões foram e estão sendo executados corretamente.
NAVIO ATRACADO
O navio Sepetiba Bay voltou a atracar em Portocel, Aracruz, na noite desta segunda-feira (20). Os técnicos de Portocel, do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) e da Fundacentro vão aproveitar a viagem de descarregamento do navio para fazer uma "operação laboratório" e analisar todos os riscos da embarcação.
Não é só do aspecto dos gases tóxicos, mas sobre o trabalho em altura e o risco de queda, acesso dos trabalhadores à área de carga. Ou seja, uma análise mais profunda sobre a operação do navio, explicou o pesquisador da Fundacentro do Espírito Santo, Antônio Carlos Garcia.
Enquanto um novo protocolo não é criado para as operações de navios de carga, vai ser adotado o procedimento da norma regulamentadora 33 (NR-33), que fala sobre espaços confinados.
Segundo a Fibria, isso envolve o uso, por parte dos trabalhadores, de equipamentos de proteção individual adicionais, como medidor dos níveis de oxigênio, máscaras e cilindros de oxigênio, entre outras providências, incluindo o acompanhamento em tempo integral de um profissional capacitado em comportamento seguro em cada porão em operação.
ENTENDA O CASO
O acidente aconteceu no dia 24 de julho, quando quatro trabalhadores foram até o porão do navio Sepetiba Bay e desmaiaram ao chegar no local. Três deles morreram e um conseguiu ser salvo.
Segundo o Sindicato Unificado da Orla Portuária (Suport-ES), morreram Luiz Carlos Milagres, Adenilson Rodrigues de Carvalho e Clóvis Lira da Silva. Eles eram trabalhadores avulsos e atuavam na função de estivador. Já o quarto trabalhador, Vitor Souza Olmo, também era estivador e foi resgatado com vida.
A suspeita inicial era de um vazamento de gás. Na ocasião, as atividades do porto foram suspensas e as causas do ocorrido ainda estão sendo investigadas.
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