> >
Mortes em Portocel: falha em medição do oxigênio é principal suspeita

Mortes em Portocel: falha em medição do oxigênio é principal suspeita

De acordo com o Ministério do Trabalho, o correto é medir o nível de oxigênio toda vez que forem iniciadas as operações da embarcação

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 22:20

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Sepetiba Bay em Portocel. (Foto do leitor)

Falha na medição de oxigênio no interior do navio Sepetiba Bay é a principal suspeita de ser a causa do acidente que aconteceu em julho, deixando três trabalhadores mortos. A embarcação estava atracada em Portocel, Aracruz, carregada de madeira. 

Fontes ligadas à investigação afirmam que o baixo nível de oxigênio no ambiente levou os trabalhadores à asfixia, o que poderia ter sido evitado com a medição do ar no porão do navio.

Falha em medição do Oxigênio é principal suspeita de mortes em Portocel

Em condições normais, o local deveria ter 21% de oxigênio no ar, mas, de acordo com a Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, havia somente 5%. Por isso, o gás carbônico se espalhou no porão do navio e causou a tragédia.

Ainda não é possível dizer, no entanto, se a falha na medição foi devido à sua não realização ou porque foi feita de maneira errada. De acordo com o Ministério do Trabalho, o correto é medir o nível de oxigênio toda vez que forem iniciadas as operações na embarcação.

Para o presidente do Sindicato dos Estivadores, José Adilson Pereira, não foram tomadas as providências devidas nem feitos os procedimentos corretos antes de começar a operar o navio.

“O que nós já temos certeza que aconteceu naquele dia é que o navio não foi entregue a nós com o ambiente correto. Agora, precisamos saber de quem é a responsabilidade sobre isso”, destacou.

Questionada sobre a possível falha na medição do nível de oxigênio no navio, a Fibria, empresa responsável pelo Portocel, afirmou por meio de nota que "as investigações sobre as causas do acidente ainda estão em curso, mas a responsabilidade pela medição dos níveis de oxigênio na embarcação é do navio."

Em nota, a empresa Norsul, responsável pela embarcação, informou que os procedimentos padrões foram e estão sendo executados corretamente.

NAVIO ATRACADO

O navio Sepetiba Bay voltou a atracar em Portocel, Aracruz, na noite desta segunda-feira (20). Os técnicos de Portocel, do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) e da Fundacentro vão aproveitar a viagem de descarregamento do navio para fazer uma "operação laboratório" e analisar todos os riscos da embarcação.

“Não é só do aspecto dos gases tóxicos, mas sobre o trabalho em altura e o risco de queda, acesso dos trabalhadores à área de carga. Ou seja, uma análise mais profunda sobre a operação do navio”, explicou o pesquisador da Fundacentro do Espírito Santo, Antônio Carlos Garcia.

Enquanto um novo protocolo não é criado para as operações de navios de carga, vai ser adotado o procedimento da norma regulamentadora 33 (NR-33), que fala sobre espaços confinados.

Segundo a Fibria, isso envolve o uso, por parte dos trabalhadores, de equipamentos de proteção individual adicionais, como medidor dos níveis de oxigênio, máscaras e cilindros de oxigênio, entre outras providências, incluindo o acompanhamento em tempo integral de um profissional capacitado em comportamento seguro em cada porão em operação.

ENTENDA O CASO

O acidente aconteceu no dia 24 de julho, quando quatro trabalhadores foram até o porão do navio Sepetiba Bay e desmaiaram ao chegar no local. Três deles morreram e um conseguiu ser salvo.

Segundo o Sindicato Unificado da Orla Portuária (Suport-ES), morreram Luiz Carlos Milagres, Adenilson Rodrigues de Carvalho e Clóvis Lira da Silva. Eles eram trabalhadores avulsos e atuavam na função de estivador. Já o quarto trabalhador, Vitor Souza Olmo, também era estivador e foi resgatado com vida.

Este vídeo pode te interessar

A suspeita inicial era de um vazamento de gás. Na ocasião, as atividades do porto foram suspensas e as causas do ocorrido ainda estão sendo investigadas.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais