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Pontuação vai garantir juro menor ao consumidor

Pontuação vai garantir juro menor ao consumidor

No Estado, 3,2 milhões serão incluídos no cadastro positivo

Publicado em 13 de agosto de 2018 às 00:18

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(Bernardo Coutinho | GZ)

O consumidor e as micro e pequenas empresas terão uma nova arma para brigar por taxas de juros mais baratas. Com o novo cadastro positivo, ainda em discussão no Congresso, toda a pessoa, inclusive as jurídicas, ganharão o que o mercado chama de score de crédito, uma pontuação que vai dizer qual é o nível de risco que esse cliente traz para uma instituição financeira.

No Espírito Santo, o novo sistema, se aprovado pelos parlamentares e sancionado pelo presidente Michel Temer, incluirá 3,2 milhões de pessoas economicamente ativas nos bancos de dados. Dessas, 316 mil, hoje excluídas do sistema bancário, vão passar a “existir” para o mercado e figurar como potenciais tomadores de empréstimos, segundo estudo da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC).

Hoje, o score de crédito já existe, mas ele é facultativo. O consumidor escolhe ou não pertencer a um cadastro positivo. A diferença para o novo modelo é que bancos, financeiras, operadoras de telefonia, de energia e de água poderão incluir automaticamente seus clientes nessas bases de dados. Se não quiser manter o nome inscrito nesses agentes, o usuário poderá solicitar sua saída.

Na prática, a ferramenta vai funcionar de forma semelhante ao sistema que as agências de risco, como a Moody’s, usam para classificar países e empresas. O consumidor receberá uma pontuação depois de ter seu histórico de contas e comportamento financeiro analisados pelos bureaus de crédito ou pelos próprios bancos.

A partir da nota, que vai variar de 0 a 1.000, instituições financeiras e até varejistas com crediários poderão decidir se concedem empréstimos ou financiamentos para esse usuário depois de avaliar a chance dessa pessoa não ser uma boa pagadora.

 

REBAIXAMENTO

O usuário pode ser “rebaixado” quando não honrar com seus compromissos em dia, mas isso ainda não fará com que ele se torne um ficha-suja diante dos credores, explica o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, Adriano Ohnesorg. Mas se tiver uma nota alta, esse consumidor terá condições de reivindicar uma taxa de juros mais baixa.

“O crédito será oferecido com mais segurança e o juro, com certeza, será diferenciado para aquele que paga as contas em dia”, diz ao acrescentar que o novo modelo reduzirá também a inadimplência.

O presidente da ANBC, Elias Sfeir, afirma que hoje só existem os bancos de dados que incluem as pessoas negativadas, ou seja, aquelas que tiveram seus nomes inscritos nos órgãos de proteção ao crédito por estarem com alguma conta atrasada.

“Vai existir uma fotografia real desse consumidor para saber os pagamentos que ele realiza para dar mais segurança ao fornecedor”, explica ao acrescentar que a população sairá ganhando também porque pode ocorrer uma democratização do crédito, com a entrada no mercado das fintechs (empresas de tecnologia que atuam no setor financeiro).

CRÉDITO SERÁ ACESSÍVEL PARA 94,5 MIL MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Assim como as pessoas físicas, as micro e pequenas empresas também vão poder batalhar por crédito mais barato com o cadastro positivo. O levantamento da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) constatou que, hoje, 189,5 mil MPEs têm condições de pegar empréstimos, por exemplo. A partir do novo sistema, ao todo, 284 mil estarão aptas a batalhar por financiamentos, um acréscimo de 94,5 mil.

Segundo o presidente da entidade, Elias Sfeir, hoje menos da metade das empresas capixabas consegue ter financiamento aprovado pelos bancos. Com o cadastro positivo, 67,8% terão acesso ao crédito.

Sfeir explica que um dos fatores que levarão também à queda da taxa de juros é a redução do risco, elemento essencial no cálculo dos spreads bancários. “Acredito que haverá uma redução de 22% no spread, já que as estimativas apontam que haverá uma queda de 40% na inadimplência”, afirma.

O novo cadastro positivo já teve o texto base aprovado pela Câmara dos Deputados. Ainda precisa ter os destaques votados antes do projeto seguir para avaliação no Senado.

Segundo estudo elaborado pelo banco Santander, quando a economia voltar a crescer, o cadastro positivo terá potencial para liberar pelo menos

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R$ 660 bilhões em crédito para pessoas físicas e empresas. O valor equivale a cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB).

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