Para além da crise do setor de construção civil, o Grupo João Santos, dono da marca Nassau e que tem atividades no Espírito Santo, vive um imbróglio ainda maior. Uma acirrada disputa entre os sócios herdeiros pelo controle do conglomerado fez intensificar o mau momento do grupo, que conta hoje com nove de suas 11 fábricas de cimento com atividades paralisadas, incluindo a unidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, parada desde dezembro do ano passado.
As informações são do jornal "Valor Econômico", que detalha um dossiê de 91 páginas enviado à Polícia Federal, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho em Pernambuco, sede do grupo. O material, feito pela parte da família fora da condução dos negócios, acusa os dois presidentes - os irmãos Fernando e José Santos -, de estarem, supostamente, dilapidando o patrimônio do grupo em benefício próprio. Os controladores negam.
O material também acusa a diretoria do conglomerado de crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, fraudes à execuções trabalhistas e formação de quadrilha. Não foram incluídas provas no dossiê. As denúncias são feitas pelas irmãs Ana Maria e Maria Clara Santos, além dos netos do patriarca falecido em 2009. Mesmo se esse ala tivesse poderes de controladores, eles pontuam que dificilmente haveria compradores interessados, já que o grupo é visto no mercado financeiro como mau pagador.
Ao "Valor", um membro da terceira geração da família, e que é um dos responsáveis pelo dossiê, afirmou que os sócios reclamam que estão assistindo ao fim do grupo familiar de mãos atadas.
O Grupo João Santos está presente no Espírito Santo e mais nove Estados, com negócios na área de cimento, de comunicações, papel e celulose, açúcar, transportes e mineração. O conglomerado, que chegou a faturar R$ 3 bilhões em 2010, hoje não vê esse valor chegar a R$ 1 bilhão. A dívida fiscal dos negócios superaria R$ 8 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões já estariam inscritos em dívida ativa da União. O grupo conta atualmente com 7 mil funcionários, metade do total de 2013 em função do fechamento das fábricas.
OUTRO LADO
A reportagem do "Valor", Fernando e José Santos falaram por meio do seu advogado Taney Farias, que disse que um estudo recente aponta que a dívida com o Fisco está em torno de R$ 1,5 bilhão e que foi usada a totalidade dos recursos de uma indenização de R$ 200 milhões para amortizar o passivo tributário de quatro empresas. Farias ainda disse que o grupo não pede recuperação judicial porque avalia que pode coser com suas próprias linhas, pois o patrimônio que tem seria superior aos débitos.
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