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OCDE corta projeções de avanço do PIB do Brasil em 2018 e 2019

OCDE corta projeções de avanço do PIB do Brasil em 2018 e 2019

O ritmo da recuperação do País desacelerou em meio a incerteza sobre as políticas futuras e problemas relacionados à greve recente dos caminhoneiros

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 12:33

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Entidade afirmou que reiniciar reformas, particularmente da previdência, ajudaria a melhorar a confiança dos setores produtivos. (Reprodução)

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou em baixa nesta quinta-feira, 20, suas projeções para o crescimento do Brasil neste ano e no próximo. A entidade sediada em Paris espera agora que o País cresça 1,2% em 2018 e 2,5% em 2019, quando em maio projetava avanços de 2,0% e 2,8%, respectivamente.

Na avaliação da OCDE, o ritmo da recuperação do Brasil desacelerou, em meio a "considerável incerteza sobre as políticas futuras e problemas relacionados à greve" recente dos caminhoneiros. "As condições financeiras estão um pouco mais apertadas, apesar das vulnerabilidades externas menores do que em muitas outras economias emergentes", afirma a OCDE. "Reiniciar reformas, particularmente da previdência, ajudaria a melhorar a confiança e o gasto do setor privado, permitindo que o crescimento do PIB avance para cerca de 2,5% em 2019%", sustenta a entidade.

Em relação a economia global, a organização revisou para baixo projeções para o ano atual e o próximo e alertou que as tensões comerciais podem prejudicar o investimento e desacelerar o ritmo do mundo. A entidade cortou suas projeções para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) global para 3,7% tanto em 2018 quanto em 2019. Em maio, ela havia previsto crescimento de 3,8% neste ano e de 3,9% no seguinte.

"Não é o fim da recuperação, mas os riscos têm crescido", afirmou Laurence Boone, economista-chefe da OCDE. "As empresas têm retardado seus planos de investimento. As encomendas de exportação têm desacelerado."

Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos da China, que respondeu na terça-feira com tarifas sobre US$ 60 bilhões em exportações americanas. Trump então reiterou a ameaça de impor mais tarifas. A escalada nos últimos meses levou a algumas tarifas americanas também sobre importações da União Europeia, que respondeu com novas tarifas sobre exportações dos EUA. Os dois lados começaram a dialogar para resolver as diferenças. Trump, por sua vez, argumenta que tarifas mais altas ajudarão a criar empregos nos EUA.

Em seu relatório trimestral sobre a perspectiva global, a OCDE afirmou que a crescente incerteza sobre as regras que governam o comércio global já enfraquece o crescimento das exportações e importações, além de ameaçar investimentos, com companhias à espera de mais clareza sobre o quadro.

A OCDE manteve sua projeção para o crescimento dos EUA em 2018 em 2,9%, mas cortou a para 2019 de alta de 2,8% para 2,7%. Ela também reduziu projeções de crescimento da zona do euro e do Reino Unido neste ano e no próximo, citando em parte a falta de clareza sobre as condições para a saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. "É vital chegar a um acordo que mantenha a relação mais próxima possível."

Além disso, a OCDE realizou cortes nas projeções para Argentina e Turquia, que têm enfrentado desvalorizações cambiais acentuadas. A entidade espera que a economia argentina tenha contração de 1,9% neste ano, quando antes projetava expansão de 2%. Para a Turquia, projeta crescimento de 3,2%, abaixo do avanço de 5,1% esperado em maio.

Em outras partes do mundo o impacto sobre o crescimento deve ser menor, conforme as elevações de juros nos EUA levam capital ao país, retirando-o de economias em desenvolvimento. "Nós não estamos esperando uma crise", afirmou Boone.

A OCDE advertiu, contudo, que o impacto negativo sobre as economias em desenvolvimento pode ser maior se o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevar os juros de modo mais acentuado que o esperado, ou se Argentina e Turquia fracassarem na tentativa de estabilizar o câmbio. "Notícias mais negativas na Argentina ou na Turquia poderiam levar a uma avaliação mais dura no sentimento do investidor sobre as economias de mercados emergentes", afirma a OCDE.

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A entidade também disse que os governos de países em desenvolvimento não deveriam cortar impostos ou elevar gastos para impulsionar o crescimento no curto prazo, mas poderiam elevar investimentos em infraestrutura e educação para apoiar o crescimento no longo prazo. Boone ainda mostrou cautela com a política atual de estímulo dos EUA. "Uma política fiscal pró-cíclica quando se está no pico de uma recuperação não é algo que um país deva normalmente fazer", comentou.

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