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Venda do Banestes é defendida pela Findes

Venda do Banestes é defendida pela Findes

A questão, segundo o presidente do Sistema Findes, Léo de Castro, passa pela necessidade de o governo possuir o ativo

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 09:49

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Passados nove anos das últimas tentativas de privatização do Banestes, inclusive com uma negociação iniciada e malsucedida à época com o Banco do Brasil, o debate voltou à cena. A venda do ativo, que hoje é um dos poucos bancos estaduais que ainda existem no Brasil, é uma das propostas encampadas pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) em uma cartilha que será entregue aos principais candidatos ao governo do Estado e ao Senado.

A questão, segundo o presidente do Sistema Findes, Léo de Castro, passa pela necessidade de o governo possuir o ativo. “É papel do Estado ser banqueiro? Porque isso é bom para os habitantes do Espírito Santo?”, indaga ao afirmar: “O sistema financeiro hoje já é bem ofertado, com um grande avanço da tecnologia nesse setor, como a chegada das fintechs (bancos digitais)”.

Em 2009, durante o segundo governo Hartung, o processo de venda chegou a ser iniciado para o Banco do Brasil. Na época, o governo capixaba pediu R$ 1,2 bilhão e o banco federal ofereceu R$ 800 milhões. A conversa caminhava para um meio termo quando o Banco do Brasil trocou a diretoria e o negócio acabou desfeito. De lá para cá, o Banestes viu seu patrimônio líquido crescer ano a ano e segue lucrativo (fechou 2017 com R$ 175,2 milhões de lucro).

A possível venda, entretanto, nunca saiu totalmente do radar. Em 2015, fontes com bom trânsito no Palácio Anchieta estimaram para Gazeta Online que atualmente o negócio não sairia por menos de R$ 1,5 bilhão.

“Vendendo o Banestes, o Estado pode empregar o recurso em algo que impacta de forma mais importante o Estado, como criar uma infraestrutura melhor para conectar o Espírito Santo aos grandes mercados e fazer com que as empresas do Estado possam crescer e gerar mais empregos de qualidade e com renda melhor”, afirma Castro, ao refutar a justificativa de que o banco é uma identidade capixaba. “É apenas um negócio, que teve um papel excepcional no desenvolvimento do Estado, mas que cumpriu esse ciclo.”

O presidente do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), Marcelo Saintive, ponderou ainda que a necessidade de se haver um banco estadual acabou. “A justificativa técnica para se ter um banco comercial era para tentar aumentar a concorrência do setor bancário, o que antes era difícil. Hoje, isso acabou. Ele não é competitivo ao ponto de melhorar a oferta de crédito de curto prazo. Além disso, o desenvolvimento do Estado passa pela redução do frete. Para isso, é preciso uma infraestrutura boa.”

Além de propor aos candidatos “considerar seriamente” a privatização do banco, a cartilha elenca a necessidade de reestruturação do banco, buscando maior sinergia e eficiência no sistema financeiro capixaba, entre o Banestes e o Bando de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

Diante do debate proposto pelas indústrias, o Gazeta Online questionou os seis postulantes ao governo do Estado o que pensam sobre o assunto. Confira as respostas.

O QUE PENSA SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DO BANESTES?

Candidatos ao governo do ES. (Reprodução)
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Somos contra a privatização. Na semana passada, assinei o termo de compromisso proposto pelo Sindbancários em defesa do Banestes público e estadual. Defendo o Banestes como um banco público de investimento e fomento ao crédito ao pequeno produtor rural e ao micro, pequeno e médio empresário. O Banestes precisa recuperar e ampliar sua vocação de ser um banco de todos os capixabas, presente nos 78 municípios. Tem de assumir seu papel de facilitador do crescimento do ES dentro de outra lógica de desenvolvimento econômico

André Moreira (PSOL)
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Nos últimos anos, o Banestes vem sendo administrado de forma bem profissional e tem conseguido retornar lucro. Não é uma prioridade do nosso governo mexer no processo do banco. A prioridade é cuidar da saúde, educação, segurança, mobilidade urbana, áreas onde temos muitos desafios pela frente. Vamos priorizar o que realmente afeta a população e já me comprometi com os bancários a não fazer uso político do banco

Aridelmo Teixeira (PTB)
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Sou totalmente contra a privatização do Banestes. Inclusive, em meu governo, os diretores do banco terão que ser funcionários de carreira

Carlos Manato (PSL)
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Em nosso governo, não iremos privatizar o Banestes. É um direito do povo capixaba e assim deve permanecer. Entendemos como essencial a participação de um banco estadual para o bom andamento da economia, ampliando o acesso a essas instituições a todos os capixabas. Historicamente, acompanhamos o bom proveito dos capixabas ao acesso democrático ao Banestes

Jackeline Rocha (PT)
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O Banestes é um exemplo de banco público e exerce um papel fundamental no desenvolvimento social e econômico do nosso Estado. Está presente em todas as regiões do Espírito Santo, fomentando o crescimento, por meio de linhas de crédito para micro, pequenas e médias empresas e para os produtores rurais. Esse é um trabalho que precisa de continuidade para que o Espírito Santo volte a crescer

Renato Casagrande (PSB)
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Não sou favorável à privatização do Banestes, pois o momento do país não é adequado para isso. Em um momento de crise, privatizar o banco vai desvalorizar esse patrimônio importante, tanto econômica quanto estrategicamente para o nosso Estado

Rose de Freitas (Podemos)
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LOGÍSTICA, BUROCRACIA E LICENCIAMENTO EM PAUTA 

Para além do debate sobre o sistema financeiro estadual, o Sistema Findes entrega hoje a cartilha “Agenda da Indústria Capixaba para os Poderes Executivo e Legislativo” para os candidatos mais bem colocados nas pesquisas ao governo do Estado e ao Senado. O documento reúne 56 propostas focadas no desenvolvimento econômico do Espírito Santo.

Parte delas gira em torno de dar mais condições para o Estado atrair novos investimentos e tornar os negócios mais competitivos no mercado externo. Uma das principais se refere à infraestrutura, garantindo junto ao governo federal os recursos para duplicação da BR 262, cobrar o cumprimento do contrato de concessão da BR 101, viabilizar a construção da ferrovia até o Rio de Janeiro e do novo Aeroporto de Linhares.

Para isso, a cartilha de medidas propõe ao novo governador “priorizar a atração de capital privado, através de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e concessões como forma de enfrentar o enorme déficit de investimentos”.

Outra frente é a da redução da burocracia produzida pelo próprio Estado, expandindo o programa Simplifica-ES e adotando o programa “10 Medidas Contra a Burocracia” no licenciamento ambiental, proposta pela Findes.

“A gente vive casos chocantes. Via de regra, demora mais para você licenciar um empreendimento do que para executar a obra. Isso é mais que uma reclamação empresarial porque quando não se deixa o investimento andar não se deixa gerar emprego nem desenvolvimento naquela região”, comenta Léo de Castro, presidente do Sistema Findes.

A ideia é que em projetos de pequeno porte, esse processo seja mais ágil e que possa ser feito até pela internet. Já para indústrias de maior risco ambiental, a proposta é que sejam eliminados os entraves para dar celeridade aos processos e reduzir os custos, preservando a proteção do meio ambiente e as comunidades envolvidas.

ALGUMAS IDEIAS 

Fortalecer e expandir o Simplifica-ES e adotar o programa proposto pela Findes ‘As 10 Medidas Contra a Burocracia’ no licenciamento ambiental.

Eliminar entraves desnecessários para obtenção de licenças e alvarás de funcionamento e ambiental para as indústrias de maior risco, dando celeridade e reduzindo custos.

Reestruturar o Banestes considerando seus custos e adequando sua função. Considerar seriamente a privatização ou venda para um banco federal.

Reestruturar o Bandes revisando sua atuação, reduzindo a burocracia e as exigências de garantias para torná-lo um banco de desenvolvimento que assuma maior risco.

Priorizar a atração de capital privado, através de PPP’s e concessões como forma de enfrentar o déficit de investimentos públicos em várias áreas.

Implementar um novo modelo de contrato de concessão de gás no Estado e lutar para aprovação na Câmara dos Deputados do projeto Gás para Crescer, que propõe nova regulação ao setor.

Empregar esforços em prol de projetos de infraestrutura, como Porto Central, Porto Imetame, Ferrovia ligando Vitória ao Porto de Açu (RJ), duplicação das BR 101 e 262 e conclusão do Aeroporto de Linhares.

OPINIÃO DA GAZETA 

O BOM DEBATE

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Está correta a sugestão da Findes de debater nesta eleição a privatização do Banestes. A medida já foi cogitada no passado pelo próprio governador Hartung. Na época, cogitou-se que o banco valeria mais de R$ 1 bi. Esses recursos poderiam ser bem aplicados em estradas, por exemplo, em benefício de toda a sociedade. Hoje, além do Banestes, restam somente outros quatro bancos estaduais no país, que não têm como competir em escala com os grandes bancos comerciais.

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