Na busca por ter empréstimo mais acessível e barato no mercado, consumidores vêm procurando formas de melhorarem a pontuação perante às operadoras de crédito. Ter o nome limpo na praça não é mais suficiente para garantir esses benefícios.
Desde a discussão do cadastro positivo, realizado pelas instituições ligadas a análises de informações do setor financeiro, consumidores passaram a receber uma pontuação que vai de 0 a 1.000 e indica o risco de ele não pagar a conta - quanto menor a nota, maior o risco.
As notas mais altas oferecem mais facilidades na hora da tomada de crédito, com taxas de juros menores, por exemplo. Diante disso, consumidores estão se informando sobre as notas recebidas e procurando as empresas para subirem de nível. Atualizar dados pessoais e a faixa de renda e manter as contas em dia contribuem para melhorar a pontuação.
Outro passo é procurar o SPC e Serasa para conferir se o nome está limpo, além de aderir ao cadastro positivo para que lojas, financeiras e bancos tenham acesso à nota do cliente.
De acordo com o presidente-executivo da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), Elias Sfeir, atualmente o consumidor é avaliado por aquilo que deixou de pagar e pode ter o nome negativado, mas o cadastro positivo equilibra a adimplência e inadimplência da pessoa. Os consumidores já estão buscando formas de melhorar a pontuação, conta.
O score, ou nota de crédito, já existe, mas atualmente é facultativo, ou seja, as pessoas podem escolher se querem ou não aderir a ele. A diferença para o novo modelo é que bancos, financeiras, operadoras de telefonia, de energia e de água poderão incluir automaticamente seus clientes nessas bases de dados. Se não quiser manter o nome inscrito nesses agentes, o usuário poderá solicitar sua saída. O projeto de lei que pretende aumentar o ingresso de consumidores ao sistema está sob análise da Câmara Federal dos Deputados.
Na prática, o consumidor receberá uma pontuação depois de ter seu histórico de contas e comportamento financeiro analisados pelos bureaus de crédito ou pelos próprios bancos. A partir dessa nota, instituições financeiras e até varejistas com crediários poderão decidir se concedem empréstimos ou financiamentos para esse usuário depois de avaliar a chance dessa pessoa ser ou não uma boa pagadora.
Ainda segundo Sfeir, se diversos agentes de crédito tiverem acesso a esses dados de adimplência, será possível que pequenos bancos, fintechs (empresas bancárias digitais) e comércio varejista, por exemplo, possam oferecer crédito diretamente com base no perfil do consumidor e com uma taxa de juros menor.
ACESSO
Segundo o presidente da ANBC, com o cadastro positivo será possível realizar a inclusão financeira de cerca de 30% da população. Às vezes, a pessoa não têm conta no banco, mas paga água e luz. Essa será uma forma de democratizar o acesso ao crédito, comenta.
De acordo com o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), o número de consumidores que aderiram ao cadastro positivo pulou de cerca de 6 milhões, há um ano, para 11 milhões.
Segundo a ANBC, se aprovado pelos parlamentares e sancionado, o novo cadastro pode inserir até 22 milhões de consumidores no mercado de crédito nacional, e mais de R$ 1 trilhão na economia brasileira.
No Espírito Santo, o cadastro positivo, incluirá 3,2 milhões de pessoas economicamente ativas nos bancos de dados das empresas de crédito. Desse total, 316 mil estão excluídas do sistema bancário e passarão a figurar como potenciais tomadores de empréstimos, injetando até R$ 20 bilhões na economia. (Com informações de Mikaella Campo)
ENTENDA A PONTUAÇÃO DE CRÉDITO
Cadastro positivo
O que é?
O score é uma nota que empresas de proteção ao crédito dão a consumidores a partir de modelos estatísticos que calculam as chances de eles não pagarem suas contas.
O que ele considera?
Muitas variáveis, como idade do consumidor, sexo, renda, local onde mora e pontualidade no pagamento.
Como melhorar a nota?
Atualizando os dados cadastrais como endereço, estado civil e renda. Manter as contas em dia também ajuda.
O cadastro positivo ajuda?
Na maioria das vezes, sim. Quando o consumidor adere ao cadastro, os bureaus de crédito têm mais informações sobre empréstimos que ele fez e sua pontualidade de pagamento, o que influencia a nota.
Onde posso me cadastrar?
O cadastro pode ser feito no site do SPC (https://www.spcbrasil.org.br/cadastropositivo), Serasa (https://www.serasaconsumidor.com.br/), Boa Vista (https://www.consumidorpositivo.com.br/consulta-cpf-gratis/), e outros agentes de serviço de proteção ao crédito.
Notas e faixas de risco
Risco alto: 0 a 300
Consumidor com risco alto. Dificilmente obtém crédito em bancos.
Risco médio: 301 a 700
Consumidor de risco médio, que obtém crédito a uma taxa de juros elevada.
Risco baixo: 701 ou mais
Consumidor com baixo risco de calote, tem facilidade em obter crédito e juros mais barato.
ANÁLISE
Após ser lançado, o projeto do cadastro positivo foi tratado com descaso e falta de zelo. Em 2017, a pauta voltou à tona, mas continuou com a mesma ausência de regras, com o mesmo vazio de objetividade. O preocupante é que o novo texto piora a situação do consumidor, pois isenta de responsabilidade as empresas que farão o abastecimento dessa base de dados, mesmo que as informações vazem. O instrumento pode ser positivo, mas somente depois que essas questões forem resolvidas.
Ione Amorim economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec)
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta