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Empresas capixabas criam tinta térmica e fotografia que revela peso

Empresas capixabas criam tinta térmica e fotografia que revela peso

No Estado, existem programas específicos para a inovação. Um deles projeta investir R$ 80 milhões nos próximos dois anos e outro mais R$ 6 milhões até o próximo ano

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 01:14

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Os projetos surpreendentes revelam: a criatividade está no DNA das empresas capixabas. Na lista de inovações que surgiram no Espírito Santo estão algumas que parecem ter sido retiradas de um filme de ficão científica, como é o caso de um sistema que é capaz de determinar o peso de objetos e de animais a partir de imagens.

O equipamento, que tem duas câmeras alocadas a um computador, cria um modelo 3D do que foi fotografado. Com as dimensões que obteve, um software consegue calcular qual o peso do item.

“Foram dez anos desenvolvendo essa tecnologia. No caso do Photopografy, um dos produtos derivados dela, é possível calcular o peso de uma pilha de minério. Também estamos projetando outros usos dentro da indústria”, explica Franco Machado, sócio-proprietário da Mogai Tecnologia Industrial, empresa criadora da ferramenta.

Derivada dessa tecnologia também surgiu o “olho do dono”, desenvolvida em parceria com a empresa Projeta Sistemas. A partir da foto, é possível também estimar o peso do gado.

O processo funciona da seguinte forma: duas câmeras sincronizadas fotografam sem que seja necessário utilizar a força para prender o animal ou deslocá-lo para fazer a foto. As imagens são reconstruídas em 3D por meio de um software específico, conseguindo assim, determinar o peso.

Hoje para realizar a pesagem é necessário usar balanças de gravidade, fitas e tabelas de conversão. A tecnologia desenvolvida, além de ser portátil ainda possui custo em torno de 80% menor do que a aquisição do sistema tradicional de balança.

DESAFIO

Para quem trabalha com pescado, um dos grandes desafios a ser enfrentado é manter a qualidade e a durabilidade desse produto perecível. Em média, o peixe fresco congelado tem prazo de validade de uma semana, mas uma empresa capixaba conseguiu dobrar o tempo de vida desse alimento.

Desde 2014 a empresa cachoeirense Atum do Brasil começou a pesquisar formas de prolongar a validade dos peixes. Foram dois anos de pesquisa até que em 2016 conseguiram encontrar o processo mais adequado para trabalhar com o pescado.

“Conseguimos projetar uma embalagem onde injetamos gases para prolongar a validade do peixe. Para isso, testamos o teor e a quantidade desses gases que poderiam ser usados, tudo com base na legislação do Ministério da Agricultura”, comenta Mauro Lúcio Peçanha de Almeida, diretor-presidente da empresa.

Por mês a Atum Brasil produz, em média, 450 toneladas de peixes, apenas no Estado. Também foi possível adaptar essa inovação do processo para diferentes pescados. Segundo Mauro Lúcio, a empresa está testando empregar a técnica em uma linha de sushi.

OPORTUNIDADE

Antenado no mercado, uma empresa de Viana viu a oportunidade de criar um novo produto para a sua linha de produção. A novidade já conta com compradores em potencial antes mesmo de entrar no mercado.

A proposta é desenvolver uma tinta de alta espessura para ser usada em equipamentos eletrônicos, por exemplo, para evitar que ele possa ser danificado por um aumento de temperatura. A proposta também contribuirá para eficiência energética ao reduzir em até 30% o consumo de combustíveis. O produto ainda diminuiu a necessidade de manutenções e aumenta a vida útil das estruturas.

A tinta foi projetada pela equipe de químicos da Argalit e, de acordo com o CEO da empresa, Raphael Cassaro, a expectativa é de que até o final de 2019 o produto já esteja testado, aprovado e pronto para o mercado. Além disso, o produto final também chegará para os consumidores para uso residencial.

Para viabilizar a invenção, a Argalit contou com R$ 478 mil do Edital de Inovação para Indústria, do Sebrae, Sesi e Senai. Recursos desse programa de fomento também ajudaram a Mogai, que usou R$ 427 mil para criar a câmara 3D.

EM CASA

Quem trabalha em casa também busca formas de inovar. A empresária Giovanna Buaiz viu na necessidade de um familiar a oportunidade de pensar em algo novo.

Há oito anos começou a pesquisar uma mistura alimentícia que não tivesse qualquer traço de glúten. Depois de muito trabalho conseguiu chegar a uma base que leva farinha de arroz, linhaça e outras sementes e criou a empresa Finnis Sabor e Saúde.

A ideia deu tão certo que Giovanna Buaiz planeja expandir os negócios. “Vamos lançar dois novos sabores da nossa multimistura e estou pesquisando um produto funcional para os pets”, conta.

FUNDOS MILIONÁRIOS PATROCINAM PROJETOS

Soldador trabalhando na linha de produção de tubos na fábrica. (Divulgação)

Inovação é uma exigência para a empresa que quer se manter competitiva no mercado. Mas criar novas tecnologias, novos processos ou desenvolver outros atributos de um produto já existe custa muito dinheiro. Nem todas as companhias têm condições de aplicar recursos nessas invenções. Uma alternativa é buscar acesso ao capital disponibilizado por fundos e editais.

No Estado, existem programas específicos para a inovação. Um deles projeta investir R$ 80 milhões nos próximos dois anos e outro mais R$ 6 milhões até o próximo ano.

Neste ano 40 projetos devem ser contemplados pelo Fundo Capixaba de Inovação (Funcitec), operado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapes), do governo do Estado, e apoiado pela Federação das Indústrias (Findes).

Na última semana, foi autorizada a contratação de R$ 16,8 milhões em propostas. Até o próximo ano serão mais R$ 63,2 milhões investidos em pesquisa.

A regra do fundo diz que pelo menos 50% dos recursos devem ir para projetos que tragam soluções para problemas de algumas empresas. O edital para submissão dos projetos deve ser lançado em novembro”, conta o diretor presidente da Fapes, José Antonio Bof Buffon.

Segundo Buffon, a expectativa é que R$ 9 milhões sejam destinados à inovação dentro das empresas e R$ 7,8 milhões sejam destinadas a entidades, como associações e sindicatos, para beneficiar diferentes companhias de um mesmo setor.

Segundo a diretora de inovação e tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Juliana Gavini, haverá sete grupos de trabalhos para submeter os projetos: logística; agricultura, com foco em alimentos e bebidas; turismo; rochas; metalmecânico; petróleo e gás; Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC); e setor público. “Além disso, qualquer empresa vai poder participar dos editais, não importando o seu porte”, aponta.

O dinheiro que será investidos nesses projetos vem de parte dos impostos que são pagos por 1,7 mil empresas no Estado. O Funcitec foi criado em junho deste ano e recebe os recursos equivalentes a 5% dos impostos arrecadados das empresas que participam de programas de incentivos fiscais do governo.

Segundo José Eduardo Faria de Azevedo, secretário da Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedes), o fundo surgiu como uma iniciativa da Mobilização Capixaba pela Inovação. O movimento é composto por representantes do setor produtivo, o governo e a academia.

PARCERIA

Outro fundo que tem o objetivo de incentivar a inovação é o Primatec. De acordo com Aroldo Natal Filho, presidente do Bandes, responsável pelo fundo no Estado, os bancos aportam dinheiro no Fundo de Investimento e Participação (FIP), que financiam as empresas.

Só para no Espírito Santo há R$ 6 milhões disponíveis para investir até 2019 e R$ 4 milhões que já estão sendo usados pelas empresas.

“O valor que o fundo aporta na empresa é convertido em um percentual de participação societária. Durante um período de tempo, de três a quatro anos, o FIP fica como investidor da empresa. Depois desse prazo, ele define quando venderá sua participação”, explica.

Fundo Capixaba de inovação

Apenas neste ano devem ser liberados R$ 16,8 milhões para inovação no Estado, outros R$ 63,2 milhões devem ser liberados em 2019.

Primatec

O fundo é financiado por bancos de todo o país, sendo que R$ 10 milhões dos R$ 100 milhoes nacionais serão destinados para empresas capixabas.

Edital de Inovação para a Indústria

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