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Indústria pede ao presidente eleito reformas e garantia de benefícios

Indústria pede ao presidente eleito reformas e garantia de benefícios

Entidades do setor reivindicam mudanças para estimular a economia

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 09:49

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Acompanhado de agentes da PF e da mulher, Bolsonaro vota no Rio. (Tânia Regô/Agência Brasil)

Confirmada a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência, representantes do setor produtivo já cobram urgência do novo governo para que reformas consideradas essenciais para a retomada do crescimento, como a da Previdência e a tributária, sejam aprovadas o mais rapidamente possível. Na pauta da indústria, também há pedidos de benefícios específicos, como uma política de preços livres para a área de medicamentos, que incentive o investimento em inovação.

O setor químico, por exemplo, defende o fim do subsídio à energia, que encarece o preço final para empresas e consumidores, além de reduzir a competitividade. A expectativa é que o presidente eleito e sua equipe agendem conversas com os diferentes setores da indústria a partir de novembro.

"Atualmente, 40% dos custos da energia são tributos. É preciso acabar com esses subsídios porque isso tira competitividade do setor", diz Fernando Pimentel, presidente-executivo da Abiquim, entidade que representa a indústria química, lembrando que o gás usado pela indústria custa três vezes mais do que o americano, o que impacta no custo dos produtos.

Outro calcanhar de aquiles do setor é a infraestrutura, diz Pimentel. Para ele, é preciso incentivar investimentos em ferrovias para transporte de produtos químicos, assim como aumentar os atracadouros nos portos, reduzindo a dependências da rodovias.

A indústria química entregou um pacote com 73 propostas de curto, médio e longo prazos à equipe econômica de Bolsonaro que, se adotadas, podem criar 225,2 mil empregos e aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) do setor em US$ 231,2 bilhões até 2030.

Dez entidades do setor farmacêutico assinaram documento alertando ao novo presidente que a saúde é um dos maiores e mais urgentes desafios. As entidades apontam como questões fundamentais mais acesso aos tratamentos disponíveis e mais proximidade entre universidades, iniciativa privada e governo. Para isso, reivindicam mais recursos para pesquisas, carga tributária menor e mais agilidade em órgãos reguladores como a Anvisa e o INPI, responsável pela aprovação de patentes.

"Essas agências precisam ser despolitizadas, ter pessoas com formação técnica, para que os processos andem mais rápido", diz Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, que representa a indústria farmacêutica.

Um dos pontos considerados chaves para aumentar o investimento em pesquisa, e atrair cientistas e pesquisadores que deixaram o país nos últimos anos, é a liberação de preços do setor. Atualmente, os medicamentos são reajustados uma vez por ano, por determinação do governo federal. Para Mussolini, hoje já existe competição suficiente para que o setor se autorregule.

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É uma forma de incentivar o investimento em pesquisa. Uma política de preços livre premia a inovação. Hoje, há categoria de produtos que são reajustas abaixo da inflação. Não incentiva a busca por novas tecnologias. Essa mudança criaria empregos de qualidade a trairia pesquisadores que deixaram o país.

Nelson Mussolini
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O setor têxtil defende a internacionalização do setor através de grandes acordos internacionais. Para Fernando Pimentel, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) essa é uma ação de governo importante para que o país ganhe novos mercados.

Ele observa que o Mercosul, o acordo comercial enter Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai precisa ser equacionado. Trata-se de um acordo internacional importante para o Brasil, que vende 25% de seus produtos têxteis e confecções para a Argentina.

- O Mercosul é prioritário, mas precisa ser revitalizado. É o nosso principal mercado. O Mercosul ficou 'encimesmado' nos últimos anos. Mas com novos acordos, como o negociado entre Brasil e Chile, pode servir de parâmetro para o Mercosul - disse Pimentel.

Para isso, ele defende a manutenção do Ministério da Indústria e Comércio (Mdic) e sugere uma agenda de competitividade que beneficie diversos setores. Segundo Pimentel, hoje o chamado custo Brasil tira R$ 64 bilhões do faturamento das empresas. Reduzindo esse montante à metade, a indústrias teria pelo menos R$ 30 bilhões a mais para investimento e melhoria de salários.

SETOR FINANCEIRO TAMBÉM COBRA REFORMAS

O setor financeiro também pede celeridade nas reformas estruturais consideradas essenciais para a retomada do crescimento. Entre os bancos, o Bradesco divulgou nota assinada por seu presidente, Octavio de Lazari Junior, e pelo presidente do Conselho de Administração, Luiz Carlos Trabuco Cappi, ainda no domingo, na qual afirmam que a eleição abre "espaço para um novo ciclo de reformas estruturais no sentido de modernização do Brasil".

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A magnitude das tarefas que temos à frente recomenda sentido de urgência na adoção de ações e medidas que nos direcionem para uma vigorosa e sustentada retomada do crescimento.

Luiz Carlos Trabuco Cappi
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Já Lazari Junior disse que esta foi uma eleição diferente das anteriores. Uma das razões, afirmou, é que ela aconteceu na saída de uma das mais graves crises econômicas já vividas pelo Brasil.

"Nós nos sentimos revigorados para dar início a um novo ciclo de reformas estruturais no sentido da modernização do Brasil. Nós, da iniciativa privada, queremos oportunidades para trabalhar, investir e criar empregos", completou ele.

Em nota, o Itaú Unibanco afirma que, encerrado o processo eleitoral, é hora de unir a sociedade em torno de objetivos comuns, "que visem à superação dos desafios que o Brasil enfrenta em diferentes esferas".

O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, disse em nota que é preciso trazer o Brasil rápido para o século XXI e abandonar dinâmicas doutrinárias do século passado. "O Brasil tem pressa, e mais ainda aqueles que precisam e merecem ter oportunidades".

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) se colocou à disposição para colaborar com o novo governo na promoção do desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) defende que é hora de juntar forças para que o país avance em direção às conquistas socioeconômicas e o mercado e capitais pode contribuir. Em nota, afirmou estar "de portas abertas para discutir, com seriedade e transparência, medidas que possam acelerar a expansão do PIB, aumentar a geração de empregos e incrementar os investimentos."

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