> >
Preço da gasolina cai na refinaria, mas sobe nas bombas

Preço da gasolina cai na refinaria, mas sobe nas bombas

Só neste ano, combustível ficou R$ 0,67 mais caro nos postos

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 01:48

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
(Rede Gazeta)

Quem tem carro já sabe: o preço da gasolina tem aumentado tanto que encher o tanque atualmente é um luxo. Para se ter uma ideia, o preço médio do litro no Estado está R$ 0,67 centavos mais caro em relação ao início do ano. Saltou de R$ 4,08 em janeiro para R$ 4,75 neste mês, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Esse aumento nas bombas acontece mesmo com a redução no valor do combustível nas refinarias. Na última terça, 23, a Petrobras anunciou que o preço da gasolina vendido às distribuidoras, sem os tributos, teria um recuo de 3,79%, ficando abaixo dos R$ 2. Só em outubro, a queda acumulada na refinaria é de 10%.

Mas o que intriga os consumidores é por que esse corte de preços não representa um alívio no bolso. O economista Eduardo Araújo explica que a diminuição do valor na refinaria é reflexo da melhoria no câmbio.

“Apesar dessa redução, temos alguns fatores que impedem a queda do preço final. O primeiro é o prazo, porque leva um tempo até que os postos façam a compra do combustível com o valor ajustado. O segundo é a liberdade que as empresas têm para praticar o preço que quiserem. Além disso, uma parcela muito grande da composição do preço do combustível é destinada a pagar tributos federais e estaduais”, salienta.

Em nota, o Sindipostos-ES informou que o consumidor não é contemplado pela queda nas refinarias porque os postos não compram o combustível diretamente delas. “A última vez que o preço da gasolina A, sem impostos, foi vendida na Petrobras abaixo dos R$ 2 foi em 22 de agosto. Naquela data, os postos do Espírito Santo compravam a gasolina das distribuidoras por

R$ 4,04, em média. De lá para cá, o preço de compra pelos postos chegou a R$ 4,39, valor registado no dia 13 de outubro, mesmo com o início da redução dos preços na Petrobras”, diz o texto acrescentando que na terça, 23, a gasolina foi comprada pelos postos junto às distribuidoras por R$ 4,26, em média.

Eduardo Araújo destaca que, em julho do ano passado, a Petrobras mudou sua política de preços dos combustíveis. “Antes disso não havia um critério técnico específico para definir o valor, e o governo intervinha na estatal para segurar a inflação. Com a alteração, a empresa passou a usar como parâmetro o câmbio e as cotações internacional do petróleo e a variação de preço ficou mais frequente”, explicou.

As altas nas bombas foram mais intensas em maio, quando o valor passou de R$ 4,23 para R$ 4,42, e continuou subindo. No dia 27 do mês, chegou a R$ 4,55. “Esse pico foi causado pela greve dos caminhoneiros. O desabastecimento fez os preços subirem”, disse Araújo.

O problema é que, uma vez lá em cima, o custo não baixou. “No final das contas, o diesel diminuiu, mas a Petrobras não mudou a política de preços da gasolina e nós estamos pagando a conta até hoje”, complementa.

TANQUE

Em janeiro, o consumidor do Estado gastava, em média, R$ 203 para completar o tanque de um carro popular, que tem cerca de 50 litros, com a gasolina a um preço médio de R$ 4,08. Hoje, esse valor passou para R$ 233,50, ou seja, R$ 30 a mais, alta que afeta o orçamento doméstico e o lucro de quem depende do veículo para trabalhar.

O motorista de aplicativo Marcello Moraes, 35, teve que fazer mudanças em seu carro por conta dos prejuízos. “Em maio, tive que instalar gás, porque eu não estava lucrando nada. Enchia o tanque duas vezes por dia, estava impraticável”.

Na avaliação do economista Marcelo Loyola Fraga, o preço deve se manter estável até o fim do ano. “Se o dólar cair, pode haver uma pequena variação para baixo. Mas, no momento, a tendência é que se mantenha”.

ENTRE UM POSTO E OUTRO, DIFERENÇA SUPERA R$ 0,40

A auxiliar administrativa Isabel da Silva Jantorni, 37, conta que sentiu no bolso os aumentos da gasolina. (Júlia Afonso)

 

Em uma ronda pelos postos de combustíveis da Grande Vitória, a diferença no preço da gasolina comum entre eles chega a R$ 0,41 centavos. Em Vitória, é possível encontrar o litro sendo vendido de R$ 4,58, no pagamento em dinheiro ou débito, e até R$ 4,79, no crédito. Em Vila Velha, o valor aumenta: de R$ 4,59 a R$ 4,99. Já em Cariacica, o motorista consegue preços entre R$ 4,59 e R$ 4,89.

Essa variação é percebida diariamente por todos os motoristas. Entre eles, a auxiliar administrativa Isabel da Silva Jantorni, 37 anos, que tem o hábito de abastecer no mesmo posto, perto de casa, em Vitória. “Eu costumo encher o tanque. Tenho percebido essa diferença de valores ao longo do ano, e é um prejuízo para o nosso bolso. Mas, como não tenho escolha, sou obrigada a colocar gasolina para poder usar o carro”, conta.

Para que os custos com combustível não pesem tanto no orçamento, especialistas dão dicas de como economizar. O Governo do Estado lançou, em março deste ano, o aplicativo ‘Menor Preço’, que compara o valor de produtos, inclusive combustíveis, em tempo real, baseado na nota fiscal eletrônica dos estabelecimentos. É gratuito e disponível para os sistemas Android e iOS. “O diferencial desse programa é que o consumidor pode consultar tudo no momento da compra, o que facilita o monitoramento de preços”, destaca o economista Eduardo Araújo.

Com os valores nas mãos, é hora de priorizar os postos com gasolina mais barata. “A única arma que temos para forçar a redução do preço é comprar onde ele está mais baixo, daí a importância de mapear onde esses estabelecimentos estão”, afirma.

CARRO PRÓPRIO?

Um estudo recente feito pelo economista revelou que, em alguns casos, é mais vantajoso chamar um aplicativo de transporte do que ir com seu próprio carro. Para quem roda até 600 km por mês (ou seja, 20km por dia), sai mais barato ir através desses aplicativos do que comprar ou alugar um carro.

Segundo os dados levantados por ele, para quem roda 500 km por mês, os gastos com carro financiado ficam em torno de R$ 1.771,00; com locação, R$ 1.978,00, e com o aplicativo de transportes R$ 1.632. A pesquisa incluiu todos os custos de compra e manutenção (juros do financiamento, depreciação, combustível, pneus, estacionamento, etc.).

Para quem ainda não adquiriu um veículo, estar atento na hora da compra é fundamental para a economia. “Nessa hora, vale apostar em modelos mais econômicos, que vão fazer toda a diferença no futuro para o consumidor”, recomenda Eduardo.

Outra estratégia de economia é para os motoristas que têm carro com motor flex, aqueles com capacidade de ser reabastecido e funcionar com mais de um tipo de combustível. Através de uma conta simples, é possível descobrir se o etanol está valendo mais a pena do que a gasolina.

O litro do álcool é menos eficiente e rende menos quilômetros. Assim, se o preço do álcool estiver 30% mais barato do que o da gasolina, compensa mais abastecer com ele. Para descobrir qual vale mais a pena, basta multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7. Se o litro do etanol estiver mais barato do que o resultado da conta, é uma boa abastecer com ele. Se for mais alto, a gasolina é a que mais compensa no momento.

Levando em conta o menor preço constatado na pesquisa de postos da Grande Vitória, de R$ 4,58, para o etanol ser mais vantajoso do que a gasolina, o litro deveria custar menos do que R$ 3,20.

PREÇOS

Vitória

Posto Thiago - César Hilal

- R$ 4,69

Posto Presidente - Av. César Hilal

- R$ 4,63 / R$ 4,75 (crédito)

Posto Modelo - Av. Vitória

- R$ 4,63

Posto Moscoso - Av. Cleto Nunes

- R$ 4,59 / R$ 4,74 (crédito)

Posto Príncipe - Av. Nair Azevedo Silva

- R$ 4,58

Posto Rodoviária

- R$ 4,59 / R$ 4,79 (crédito)

Posto Pio XII - Praça Pio XII

- R$ 4,59

Vila Velha

Posto Champagnat - Av. Hugo Musso

- R$ 4,99

Posto Treviso - Av. Carioca

- R$ 4,59

Cariacica

Posto McLaren - Rua Humaitá

- R$ 4,59

Posto Kadillac - BR 262

- R$ 4,65

Posto Chegada - Av. Mario Gurgel

- R$ 4,69

Posto Mega - Jardim América

- R$ 4,59 / R$ 4,89 (crédito)

Posto Oásis - altura do Terminal Jardim América

- R$ 4,69

DICAS PARA ECONOMIZAR

Aplicativo

Menor Preço

O aplicativo ‘Menor Preço’ compara o valor de produtos, inclusive combustível, em tempo real, baseado na nota fiscal eletrônica dos estabelecimentos. É gratuito e disponível nos sistemas Android e iOS.

Os mais baratos

Prioridade

Segundo especialistas, a única arma que o consumidor tem é dar prioridade aos postos com preços mais baratos, o que forçaria a concorrência a diminuir os valores.

Vá de aplicativo

Até 20 km por dia

Um estudo feito pelo economista Eduardo Araújo mostrou que, para as pessoas que andam até 600km por mês, é mais barato utilizar aplicativos de transporte do que o próprio carro.

Antes de comprar

Escolha os econômicos

Para quem ainda não comprou um veículo, a dica é pesquisar e optar pelos modelos mais econômicos.

Etanol

Faça a conta

Este vídeo pode te interessar

Para quem tem carro flex, a recomendação é conferir qual combustível compensa mais. Para isso, basta multiplicar o valor da gasolina por 0,7. Se o litro do álcool estiver menor que o resultado, vale a pena abastecer com ele.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais