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Três meses após mortes em navio no ES, investigação não foi concluída

Três meses após mortes em navio no ES, investigação não foi concluída

Atualmente, a hipótese mais forte é de que tenha faltado oxigênio no local onde aconteceu o acidente

Publicado em 24 de outubro de 2018 às 23:18

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Navio Sepetiba Bay em Portocel, onde ocorreu acidente com mortes. (Internauta)

Três meses após o acidente que matou três trabalhadores em um navio que estava atracado em Portocel, Aracruz, a Polícia Civil ainda não concluiu as investigações que vão apontar as causas da tragédia. Em 24 de julho, quatro portuários que trabalhavam no porão do navio Sepetiba Bay, carregado de madeira, desmaiaram. Só um sobreviveu.

Três meses após a tragédia em navio, polícia ainda não concluiu investigação

O caso segue sob segredo de Justiça, decretado por meio da 2ª Vara Criminal de Aracruz. Fontes que tiveram acesso a um dos laudos da polícia afirmam que não foi identificado vazamento de gás tóxico na embarcação e que a hipótese mais forte é de que tenha faltado oxigênio no local onde aconteceu o acidente.

Em nota, a Polícia Civil limitou-se a escrever que o acidente está sob investigação da Delegacia de Infrações Penais e Outras (DIPO) de Aracruz e que mais informações só serão repassadas após conclusão do inquérito.

"Para nós, é bem provável que tenha ocorrido a falta de oxigênio mesmo. Até porque, após a embarcação voltar a operar em Aracruz, depois de todos os procedimentos da polícia, outros trabalhadores também se sentiram mal no mesmo local", relata o presidente do Sindicato Unificado da Orla Portuária (Suport-ES), Ernani Pereira Pinto.

Área da Portocel em Aracruz. (Divulgação)

O presidente do Sindicato dos Estivadores, José Adilson Pereira, afirmou que os exames feitos pelo Departamento Médico Legal (DML) aos quais ele teve acesso não apontaram a existência de irritação na pele ou nos órgãos das vítimas, causada por gás tóxico. "Isso é um dos fatores que nos levam a crer que tenha sido falta de oxigênio", pontua.

Logo após a tragédia, a Fundação Jorge Duprat e Figueiredo (Fundacentro), instituição vinculada ao Ministério do Trabalho, também já tinha ressaltado após perícia que tudo indicava que os portuários tinham morrido por asfixia por falta de oxigênio.

"A atmosfera de lá era como se tivesse com menos oxigênio que no Everest. Provavelmente, ocorreu a ação de micro-organismos na madeira. Esses micro-organismos consomem oxigênio e produzem dióxido de carbono, que é mais pesado que o ar e pode ter ficado na base do porão do navio", afirmou ao Gazeta Online, no final de julho, Antonio Carlos Garcia, pesquisador da Fundação.

Na tragédia, morreram os estivadores Adenilson de Carvalho, Clóvis Lira da Silva e Luiz Carlos Milagres. O estivador Vitor Olmo foi socorrido, hospitalizado e sobreviveu ao acidente. Na época, ele havia relatado nas redes sociais que, após descer ao porão, "em fração de um, dois segundos já estava desacordado e não lembrava de mais nada".

O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES), que também tem um procedimento aberto, informou que ainda não concluiu sua investigação.

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