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Crise faz economia do Espírito Santo recuar 5,3%

Crise faz economia do Espírito Santo recuar 5,3%

Participação do ES no PIB nacional também caiu em 2016

Publicado em 17 de novembro de 2018 às 12:33

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Paralisação das atividades da Samarco, em 2015, impactou arrecadação estadual. (Vitor Jubini)

A turbulência econômica, a paralisação da Samarco e a crise hídrica fizeram a economia do Espírito Santo perder espaço diante do cenário nacional. Em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado teve queda de 5,3%, fazendo o Estado cair de colocação no ranking das maiores economias do país.

Em 2014, o Espírito Santo representava 2,2% do PIB nacional, o 11º maior. Em 2015, passou para o 13º, com um peso de 2%. Em 2016, caiu mais uma posição, ficando em 14º, representando 1,7% da geração de riquezas brasileiras naquele ano.

Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da pesquisa de Contas Regionais de 2016.

Crise faz economia do Estado recuar. (Marcelo Franco)

A situação do Estado foi pior do que a nacional. Pelo segundo ano consecutivo o Brasil teve queda no volume do PIB, -3,3% em 2016 contra - 3,5% em 2015, acumulando entre 2014 e 2016, uma redução de 6,7%.

Em 2016, a soma das riquezas produzidas pelo Estado, na ótica da renda, foi estimada em R$ 109,22 bilhões. O resultado foi inferior ao do ano anterior, quando o PIB capixaba foi estimado em R$ 120,36 bilhões.

SETORES

De acordo com a pesquisa, em 2016, o volume da indústria capixaba encolheu 5,1%. Além disso, o setor teve sua participação na economia do Estado reduzida de 31,1% para 24,5%, entre 2015 e 2016. Todas as atividades desse setor apresentaram queda em volume, com destaque para indústrias extrativas (-6,2%).

De acordo com o economista Eduardo Araújo, um dos principais fatores que influenciaram essa queda foi a paralisação das atividades da Samarco, devido ao rompimento da barragem de Mariana (MG), no final de 2015. “Os números traduzem esse efeito da paralisação da empresa, que acabou se espalhando por outros setores da economia, afetando não só a atividade industrial, mas também o comércio e o setor público”, comenta.

Além disso, outro ponto que contribuiu com o resultado desfavorável foi a queda de preços do petróleo. Essa baixa afetou os trabalhados de exploração e produção, segundo o IBGE, e foi crucial para que o Estado perdesse participação no cenário nacional.

Outro setor que teve um peso na retração do PIB foi o da construção civil, que apresentou recuo de 9,7% no Valor Adicionado Bruto (PIB antes de descontar os impostos).

Ainda segundo a pesquisa, o setor de serviços teve uma variação em volume de -4,4%, em 2016, influenciada principalmente pelo comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. O segmento é a segunda atividade mais participativa da economia do Espírito Santo – com 14,4% em 2016 e 14,9% em 2015 – com variação de -10,1%.

Segundo a diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Gabriela Lacerda, o Estado enfrentou outro problema naquele ano. “Estávamos vivendo uma crise hídrica, que impactou a agricultura, muitos produtores estavam tendo dificuldades com a irrigação e a produção diminuiu”, explica.

Em 2016, o volume de produção da agropecuária variou -8,7%. Apenas a agricultura retraiu 8,9% devido, principalmente, à queda de produção do café, principal plantio do Estado. Já a pecuária encolheu 10,8% em função da criação de bovinos e da criação de aves.

PIB PER CAPTA DO ES É MENOR QUE NACIONAL 

O Espírito Santo perdeu quatro posições no ranking de Produto Interno Bruto (PIB) per capita desde 2010, segundo a pesquisa de Contas Regionais de 2016, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O valor do PIB per capta do Espírito Santo, em 2016, foi de R$ 27.487,40, o que representou recuo em relação ao resultado registrado em 2015, que foi de R$ 30.627,5.

Desde 2010 (PIB per capta de R$ 20.371,60), essa foi a primeira vez que indicador capixaba foi inferior ao nacional, que em 2016 ficou em R$ 30.411,30. Em seis anos o Estado saiu de 5º colocado no ranking entre as unidades da federação para nono.

Para que o Estado voltasse a ocupar a posição de número cinco no ranking precisaria superar o PIB per capita de Rio Grande do Sul (R$ 36,2 mil). Dessa forma, seria preciso que o PIB por pessoa no Espírito Santo aumentasse em quase R$ 10 mil.

Outro ponto que o estudo também destaca é o fato do Espírito Santo voltar ao patamar de 2002 na relação entre a razão do PIB per capita estadual e o PIB per capita do Brasil.

Em 2002 o índice estava em 0,99. Em 2015 chegou a 1,04 e em 2016 caiu a 0,90. Quanto esse índice é igual a 1 significa que a renda per capta no Estado é igual a média do país.

Segundo o economista Eduardo Araújo, isso mostra que o houve um empobrecimento da população num período muito curto. 

PAÍS CRESCEU 1,74% 

O Brasil cresceu 1,74% no terceiro trimestre deste ano, nas contas do Banco Central. O Índice de Atividade da autarquia (IBC-Br) veio acima do esperado pelo mercado financeiro, que estima que o resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo IBGE deve mostrar um crescimento perto de 0,5% no período.

O dado do instituto é mais complexo e leva em conta mais detalhes do que o BC, que é usado pelo mercado apenas como uma sinalização do que será anunciado um mês depois pelo IBGE. Segundo o BC, o resultado veio maior do que o esperado porque o desempenho do país em setembro não foi tão ruim quanto se imaginava.

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No mês, o IBC-Br recuou 0,09% na passagem de agosto para setembro. O resultado superou o esperado pelo mercado, que apostava numa queda de 0,21%. Ontem, o Bradesco divulgou um comunicado em que diz que o número divulgado pelo Banco Central sugere um crescimento de 0,5% do PIB do terceiro trimestre, com uma “transição moderada” para o quarto trimestre do ano. (Agência O Globo)

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