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Empresas apostam em talentos brasileiros

Empresas apostam em talentos brasileiros

Planejamento e inglês afiado são essenciais para sair do país

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 01:55

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Formada em Engenharia, Fernanda Luiza conseguiu emprego em Dubai. (Acervo pessoal)

Morar em outro país e fazer uma carreira de sucesso no exterior é o sonho de muitos profissionais. Mas, para abrir as portas do mercado internacional, é necessário ter planejamento, inglês afiado e uma boa formação. Estados Unidos, Emirados Árabes, Canadá e Moçambique são apenas alguns países que carimbam o passaporte de talentos brasileiros.

Para a engenheira de produção capixaba Fernanda Luiza Fernandes, de 25 anos, a oportunidade para trabalhar em Dubai surgiu de forma inesperada . Ela se formou em 2016 e dois anos antes desenvolveu, de forma voluntária, um trabalho para transformar Vitória em uma cidade inteligente. O projeto foi feito junto com a prefeitura da Capital e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

“Conversando com um primo, ele me disse que na Alemanha havia uma empresa que desenvolvia um trabalho parecido com esse projeto. A companhia procurava por uma mulher, engenheira e recém-formada, com interesse de morar em Dubai. Mandei o currículo, passei no processo seletivo e já fui com o contrato assinado. Estou morando no país há dois anos”, conta a jovem que já havia morado na África do Sul e no Canadá para estudar.

A empresa que ela trabalha atua prestando consultoria estratégica e realiza projetos de grande porte na área de infraestrutura.

“Abre muito a cabeça morar fora do Brasil, pois você conhece outras culturas e passa a enxergar o nosso país com outros olhos. Em Dubai, há pessoas do mundo todo. É muito desafiador sair de perto da família, fazer novas amizades, mas o maior desafio é chegar em um lugar onde não se conhece ninguém, por isso é necessário se sobressair pela competência, trabalho e dedicação. Para ter sucesso, aconselho a não abrir mão da carreira, é preciso alinhar seus objetivos”, aponta.

No caso da analista generalista de Recursos Humanos, Luana Lisboa Magevski, 31 anos, a oportunidade de fazer carreira no exterior foi um pouco diferente. Ela já trabalhava em uma multinacional espanhola, com filial no município da Serra, quando surgiu o convite para ajudar na mudança da companhia de Houston para Miami, nos Estados Unidos. Inicialmente, o trabalho era temporário, mas o convite para ficar lá veio depois de dois meses. “Depois de terminar a tarefa iria retornar para a unidade do Espírito Santo, mas gostaram do meu trabalho, me convidaram e eu aceitei ficar. Eu já tinha feito intercâmbio para aprimorar o inglês e isso sempre abriu muitas portas. A mudança não foi fácil, porque tive que começar a minha carreira do zero. Aqui, as leis trabalhistas e as políticas de recursos humanos são muito diferentes do Brasil”, relata Luana.

Ao decidir por uma carreira internacional, a recomendação é pesquisar que tipo de região o profissional quer morar. De acordo com o psicólogo Peter Noronha, o Canadá é um país que recebe profissionais altamente qualificados, jovens e sem filhos. Por sua vez, a Austrália, segundo ele, busca pessoas com mais de 40 anos.

“Fazer um curso de línguas na região pode ser bastante interessante. Ter pequenas experiências pode ajudar. O que pode dar errado é não se adaptar ao local. Quem se dispõe morar fora demonstra resiliência, capacidade de tirar aprendizado de todo o processo e flexibilidade para lidar com um cenário diferente”, destaca.

Morar e trabalhar no exterior requer planejamento assertivo para identificar o que será necessário para ser competitivo. A psicóloga Gisélia Curry orienta conhecer a cultura, conversar com moradores locais e entender quais são os hábitos daquela região.

“Fazer um intercâmbio ajuda muito. É essencial se aperfeiçoar dentro das instituições, conhecer as melhores práticas dentro da sua linha de atuação, além de ter disciplina, produtividade e equilíbrio emocional”, ressalta.

COMPANHIAS INVESTEM NA TROCA DE CONHECIMENTOS

Aislan da Costa ficou sete anos fora do Brasil a trabalho. (Carlos Alberto Silva)

Empresas instaladas no Espírito Santo e com unidades espalhadas pelo mundo afora costumam enviar seus funcionários para o exterior, a chamada expatriação. O objetivo é propiciar a troca de conhecimentos entre a companhia brasileira e as estrangeiras.

Foi assim que o gerente de acabamentos de produtos da ArcelorMittal Tubarão Aislan Leite da Costa ficou sete anos fora do Brasil, sendo cinco nos Estados Unidos e dois na Romênia.

“Em 2008 houve uma solicitação da filial americana que tinha uma performance abaixo da nossa. Desenvolvi um trabalho como especialista em laminação e a ideia era ajudar na redução de custos e melhorar a produtividade. Morei em dois países, com culturas muito diferentes da nossa, e voltei para Vitória em 2015, com uma visão bastante diferente”, conta.

O gerente-geral de Gestão de Pessoas, Saúde e Segurança da empresa, Rodrigo Gama, explica que os profissionais podem ser indicados ou se candidatar à vaga. A ArcelorMittal atua em mais de 70 países.

“O funcionário pode ficar fora do país de três a cinco anos. De 2008 até agora, 28 trabalhadores foram expatriados. Desse total, oito já estão com contratos definitivos e não voltam mais para o Brasil. O colaborador vai para atuar em um ou mais projetos e, quando volta, traz muito aprendizado e quer outros desafios”, destaca.

Na Vale, o colaborador informa, ao ser contratado, se tem mobilidade ou não. A gerente de RH da mineradora, Vanessa Rego, explica que a iniciativa visa a conciliar o desenvolvimento do empregado com a demanda local.

“Eles podem morar em outro país de seis meses a dois anos. Procuramos estimular o protagonismo da carreira, mapeando competências necessárias para essa expatriação”, diz Vanessa.

Segundo a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Espírito Santo, Andreia Bolzan, as empresas procuraram alinhar o conhecimento técnico com a cultura já existente na companhia. “É uma grande oportunidade de carreira”, indica.

A headhunter brasileira Daniela Felletti mora na França e direciona executivos que procuram oportunidades fora do Brasil. “Desde o ano passado sou procurada por executivos brasileiros preocupados com a situação do país e que querem se mudar para Europa. Meu trabalho é fazer essa ponte entre eles e as empresas e internacionalizar o currículo, entre outros pontos. No caso de um alto executivo, essa recolocação demora de seis meses a um ano”, comenta a especialista.

DICAS

ONDE ESTÃO AS VAGAS

PAÍSES

Estados Unidos, Canadá, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e Argentina têm uma política de visto com abertura maior para brasileiros buscam

vagas de emprego.

ONDE PROCURAR

No exterior, assim como no Brasil, há vários sites de empregos. Um dos principais sites no mundo é o Indeed (www.indeed.com.br), presente em mais de 60 países. Também são bastante usados na Europa o Eures (ec.europa.eu/eures/pu-

blic/en/homepage; na Austrália e na Nova Zelândia o Seek (www.seek.com.au) e na África o Careers in Africa (www.careersinafrica.com). Aqui no Brasil, a Rhopen (www.rhopen.com.br) está com oito vagas abertas para quem quer trabalhar em Moçambique. O profissional também pode procurar as vagas disponíveis diretamente nos sites de empresas estrangeiras.

COMO BUSCAR UMA VAGA 

DESTINO

Antes de escolher um destino, pesquise a situação atual do local, não apenas a econômica, mas também humanitária. A pesquisa pode ser feita nos sites locais, nas redes sociais e fontes do governo. Procure se informar sobre as leis vigentes no país e quais são as regras para trabalhar legalmente, o que cada visto permite e quais os seus direitos.

CURRÍCULO

Faça o currículo de acordo com o seu foco. Pesquise nos sites locais que tipo de currículo é mais comum naquele país.

CONTATO

Esteja preparado para prováveis contatos e entrevistas e se mantenha conectado e disponível para tirar qualquer dúvida de seu potencial empregador. Algumas empresas podem solicitar uma entrevista via vídeo e/ou teste online.

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Fonte: www.sairdobrasil.com

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