A proporção de trabalhadores capixabas associados a algum sindicato caiu de 18,3% para 13,4% entre 2012 e 2017. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (8) pelo IBGE. No período analisado, a taxa de sindicalização apresentou queda em todos os anos.
A Pnad mostra que, em 2012, havia 2,65 milhões de pessoas ocupadas ou que anteriormente já tinham sido ocupadas no Estado. Destas, 18,3% ou 484,5 mil pessoas estavam associadas a algum sindicato. Em 2017, havia 2,83 milhões de trabalhadores ou pessoas que haviam trabalhado, dos quais 13,4% (379,8 mil) estavam associados a algum sindicato. Em seis anos, foram 104,7 mil trabalhadores capixabas que deixaram de ser sindicalizados.
A situação do Estado reflete a realidade brasileira. Em todo o país, a taxa de sindicalização, de 14,4%, é a menor desde o início da série histórica, desde 2012, quando era de 16,2%.
Segundo a advogada e professora de Direito do Trabalho da FDV, Jeane Martins, um dos fatores que contribuem para o esvaziamento dos sindicatos é o desemprego, pois, em geral, trabalhadores desempregados não se filiam. Esse fator também é apontado pelo Secretário de Relações de Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nildo Antônio Leite de Mendonça. O índice de desemprego interfere diretamente no número de sindicalizados. Mas há outros fatores que comprometem como a falta de informação dos trabalhadores. Muita gente não sabe nem a que sindicato pertence, afirma.
CREDIBILIDADE
A especialista em Direito Trabalhista cita ainda uma crise de credibilidade que as entidades sindicais vêm sofrendo nos últimos anos e que contribui para a debandada dos trabalhadores. Há críticas, algumas infundadas, e preconceito com quem pertence ao sindicato. Há grupos interessados em desfazer a imagem dessas entidades, que são muito importantes na busca de melhores condições de trabalho. Além disso, tem os sindicatos que são inoperantes mesmo, não representam a categoria e acabam manchando a imagem da maioria, explica.
Para a advogada, o fator financeiro também foi importante pois, sem recursos, muitos sindicatos não estão conseguindo se manter e acabam fechando as portas. São sindicatos enfraquecidos que, por falta de estrutura, não conseguem divulgar sua importancia, diz.
Ela projeta uma piora desse cenário para 2018, já que a reforma trabalhista, que só começou a vigorar no final de 2017, acabou com a obrigatoriedade do imposto sindical. Segundo a especialista, sem recursos, os sindicatos ficarão mais fragilizados e terão menos força para defender os direitos dos trabalhadores. A reforma trabalhista traz o negociado acima do legislado. Os sindicato fraco vai sentar em uma mesa de negociação sem legitimidade e vai ter que se submeter às condições do empregador, diz.
Para o secretário da CUT, sem o dinheiro do imposto sindical, as entidades terão que se reinventar. Temos que fazer uma autocrítica: o imposto deixava alguns sindicatos acomodados. Hoje o sindicato precisa buscar sua sobrevivência financeira e umas das formas de fazer isso é a filiação. Os sindicatos vão ter que prestar melhores serviços, ampliar seus campos de ação para conquistar os trabalhadores, porque sem filiados não se sobrevive mais, afirma.
GÊNERO
A Pnad mostrou ainda que diferente do dado nacional, há bem mais homens sindicalizados no Espírito Santo do que mulheres. No Brasil, a diferença é pequena entre os gêneros: 14,7% dos trabalhadores do sexo masculino são sindicalizados enquanto, entre o sexo feminino a taxa é de 14%. Já no Estado, a sindicalização entre homens era de 15,6% em 2017 e mulheres de 11,2%.
O dado nacional mostra ainda que o setor onde há mais sindicalizados é o serviço público. Segundo a Pnad, 27,3% dos servidores são associados. Já o menor índice de sindicalização está entre os trabalhares do setor privado sem carteira assinada, 5,1%.
Quanto à escolaridade, a pesquisa mostra que, embora os trabalhadores com nível superior completo representem apenas 18,5% do total da mão-de-obra no Brasil, eles são 31,3% dos sindicalizados.
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