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Filiação a sindicatos no ES cai e é a menor em seis anos

Filiação a sindicatos no ES cai e é a menor em seis anos

Desemprego e crise de credibilidade fizeram 104,7 mil trabalhadores deixarem entidades

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 03:55

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(Arabson)

A proporção de trabalhadores capixabas associados a algum sindicato caiu de 18,3% para 13,4% entre 2012 e 2017. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (8) pelo IBGE. No período analisado, a taxa de sindicalização apresentou queda em todos os anos.

A Pnad mostra que, em 2012, havia 2,65 milhões de pessoas ocupadas ou que anteriormente já tinham sido ocupadas no Estado. Destas, 18,3% ou 484,5 mil pessoas estavam associadas a algum sindicato. Em 2017, havia 2,83 milhões de trabalhadores ou pessoas que haviam trabalhado, dos quais 13,4% (379,8 mil) estavam associados a algum sindicato. Em seis anos, foram 104,7 mil trabalhadores capixabas que deixaram de ser sindicalizados.

A situação do Estado reflete a realidade brasileira. Em todo o país, a taxa de sindicalização, de 14,4%, é a menor desde o início da série histórica, desde 2012, quando era de 16,2%.

Segundo a advogada e professora de Direito do Trabalho da FDV, Jeane Martins, um dos fatores que contribuem para o esvaziamento dos sindicatos é o desemprego, pois, em geral, trabalhadores desempregados não se filiam. Esse fator também é apontado pelo Secretário de Relações de Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nildo Antônio Leite de Mendonça. “O índice de desemprego interfere diretamente no número de sindicalizados. Mas há outros fatores que comprometem como a falta de informação dos trabalhadores. Muita gente não sabe nem a que sindicato pertence”, afirma.

CREDIBILIDADE

A especialista em Direito Trabalhista cita ainda uma crise de credibilidade que as entidades sindicais vêm sofrendo nos últimos anos e que contribui para a debandada dos trabalhadores. “Há críticas, algumas infundadas, e preconceito com quem pertence ao sindicato. Há grupos interessados em desfazer a imagem dessas entidades, que são muito importantes na busca de melhores condições de trabalho. Além disso, tem os sindicatos que são inoperantes mesmo, não representam a categoria e acabam manchando a imagem da maioria”, explica.

Para a advogada, o fator financeiro também foi importante pois, sem recursos, muitos sindicatos não estão conseguindo se manter e acabam fechando as portas. “São sindicatos enfraquecidos que, por falta de estrutura, não conseguem divulgar sua importancia”, diz.

Ela projeta uma piora desse cenário para 2018, já que a reforma trabalhista, que só começou a vigorar no final de 2017, acabou com a obrigatoriedade do imposto sindical. Segundo a especialista, sem recursos, os sindicatos ficarão mais fragilizados e terão menos força para defender os direitos dos trabalhadores. “A reforma trabalhista traz o negociado acima do legislado. Os sindicato fraco vai sentar em uma mesa de negociação sem legitimidade e vai ter que se submeter às condições do empregador”, diz.

Para o secretário da CUT, sem o dinheiro do imposto sindical, as entidades terão que se “reinventar”. “Temos que fazer uma autocrítica: o imposto deixava alguns sindicatos acomodados. Hoje o sindicato precisa buscar sua sobrevivência financeira e umas das formas de fazer isso é a filiação. Os sindicatos vão ter que prestar melhores serviços, ampliar seus campos de ação para conquistar os trabalhadores, porque sem filiados não se sobrevive mais”, afirma.

GÊNERO

A Pnad mostrou ainda que diferente do dado nacional, há bem mais homens sindicalizados no Espírito Santo do que mulheres. No Brasil, a diferença é pequena entre os gêneros: 14,7% dos trabalhadores do sexo masculino são sindicalizados enquanto, entre o sexo feminino a taxa é de 14%. Já no Estado, a sindicalização entre homens era de 15,6% em 2017 e mulheres de 11,2%.

O dado nacional mostra ainda que o setor onde há mais sindicalizados é o serviço público. Segundo a Pnad, 27,3% dos servidores são associados. Já o menor índice de sindicalização está entre os trabalhares do setor privado sem carteira assinada, 5,1%.

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Quanto à escolaridade, a pesquisa mostra que, embora os trabalhadores com nível superior completo representem apenas 18,5% do total da mão-de-obra no Brasil, eles são 31,3% dos sindicalizados.

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