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'Hoje as empresas têm mais pudor em colocar limites', diz Glória Kalil

"Hoje as empresas têm mais pudor em colocar limites", diz Glória Kalil

Para a consultora de estilo e negócios, é preciso estabelecer o código de vestuário para que as pessoas saibam o perfil do lugar onde trabalham

Publicado em 4 de novembro de 2018 às 01:38

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Saber se portar e se vestir no ambiente de trabalho pode contribuir para o sucesso ou fracasso. Mesmo que as empresas não deixem claro o estilo esperado, os profissionais devem observar o ambiente corporativo e adequar o seu guarda-roupa a ele, aponta a colunista, escritora, empresária e consultora, Glória Kalil.

Formada em Ciências Sociais, ela se dedica à consultoria de estilo e negócios ligados aos campos da moda e do comportamento. Nesta entrevista, Glória Kalil aborda o processo de evolução da etiqueta no trabalho e diz que as empresas hoje têm mais pudor em serem rígidas com os funcionários.

O que mudou no ambiente de trabalho ao longo dos anos?

Hoje o mercado de trabalho está muito convulsionado. Foram muitas mudanças que aconteceram: comportamento, emprego, profissões que não existiam e estão aparecendo ou que existiam e estão sumindo. O mercado convive com empresas muito tradicionais, meio tradicionais, informais, megainformais, além das pessoas que trabalham em casa.

Como as pessoas encaram essas mudanças?

A mudança deixou as pessoas muito confusas. Elas acham que não tem mais regras, que vale tudo. Cada tipo de emprego e de empresa tem suas regras e expectativas diferentes. Cada uma tem seus códigos e regras e não podemos nos esquecer disso.

Como foi o processo de construção do livro “Chic Profissional”?

Eu achei que estava na hora de mexer com esse assunto porque de fato o mercado de trabalho foi o que mais teve mudança nos últimos tempos e vi que as pessoas estavam bastante confusas com isso. Foi um livro muito trabalhoso. Falei com mais de 90 pessoas para poder ter pontos de vista novos e diferentes.

No livro se fala muito dos “não ditos”. O que são?

Tem coisas que não são explicitadas. Se você vai em uma entrevista de emprego vestido de forma extremamente informal, mas é para é uma vaga formal, o entrevistador não vai falar nada, porém não vão te contratar. Você tem que ter, antes de tudo, consciência de que tipo de pessoa você é, que tipo de emprego você quer e conhecer um pouco da empresa onde você quer procurar um trabalho.

A etiqueta pode ser um fator de desempate para uma promoção?

Em qualquer circunstância fatores pessoais e externos contam. Às vezes até por achar uma pessoa antipática promovem outra pessoa. A empatia humana sempre vai ter algum peso.

Por que o guarda-roupa de trabalho deve ser um guarda-roupa à parte?

As suas roupas de balada são uma coisa; as de festa, outra; as esportivas e de lazer, outra. O trabalho tem que ter um guarda-roupa mais neutro. É preciso lembrar que ele vai se repetir muitas vezes e que não deve chamar muita atenção. Não pode ser da última moda, que dá ideia de futilidade, e muito antiquado porque dá uma ideia de desatualização. Cada tipo de trabalho tem guarda-roupa próprio.

O que é preciso observar para não errar?

Seja qual for o tipo de empresa – formal, informal, megainformal ou trabalhando em casa – todas têm suas exigências. O importante é estar atento ao tipo de trabalho que você quer. Assim como você tem o seu estilo, a empresa também tem o dela.

Qual o limite de interferência da empresa em relação às roupas do empregado?

Atualmente essa é uma questão muito delicada. Antigamente as empresas tinham o “dress code” muito rígido, hoje em dia as empresas têm mais pudor em colocar limites. Eu sempre acho que as empresas têm que colocar o seu perfil para que as pessoas saibam e possam se adequar a ele. Há ambiente que induz a necessidade de certo tipo de roupa, como o uso do terno em tribunais, por exemplo.

Que tipo de comportamento afeta o ambiente profissional?

Nós achamos que algumas características nossas facilitam o relacionamento com estrangeiros. Mas é o contrário. Essa coisa muito amistosa de acolhimento, como tapinha nas costas ou chamar para tomar uma cerveja, atrapalha. Os estrangeiros ficam perdidos porque não sabem se é um comportamento profissional ou pessoal. Temos outras características como não saber falar ou ouvir um “não”. Ao avaliar um produtos, diz que está muito bom, mesmo sem ter gostado; fala que vai dar resposta depois, mas some; assim como não sabe ouvir uma critica sem levar para o lado pessoal.

O celular já é parte inseparável das pessoas. Quando o uso pode ser considerado deselegante?

Se você está entre pessoas mais jovens e fica o tempo todo olhando para a telinha não vai causar espanto. Mas, ao se reunir com uma pessoa mais velha, ela vai achar que você não está prestando atenção. Se comporte de acordo com a pessoa que está com você.

Como as postagens em mídias sociais podem interferir no ambiente de trabalho?

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Elas podem afetar completamente, pois é como se você estivesse fornecendo informações para o seu currículo. Os profissionais têm que entender que tudo que se posta hoje em dia é uma informação sobre o que faz e em que acredita. Se quiser expor momentos de excessos, saiba que isso será considerado e interpretado pelos empregadores.

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