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Trabalhadores amanhecem em fila para pedir fim de cobrança sindical

Trabalhadores amanhecem em fila para pedir fim de cobrança sindical

As pessoas começaram a chegar antes das 8 horas da manhã, mas quem chegava não esperava muito

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 16:06

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Filas para pedir retirada de contribuição sindical no Centro . (Kaique Dias )

Centenas de trabalhadores do setor do comércio estão procurando o Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo, no Centro de Vitória, nesta sexta-feira (30) em busca de pedir isenção de uma contribuição sindical de 7% no salário, cobrada a partir deste mês. O valor foi acertado em convenção coletiva. O pagamento é opcional e a taxa é anual, dividida em quatro parcelas - três de 2% e uma de 1%, sempre incidindo sobre o valor do salário do trabalhador.

As filas começaram bem antes das 8 horas, quando a recepção da sede do sindicato abre. O pedido de isenção precisa ser feito por meio de uma declaração escrita à mão. Todos os trabalhadores do setor, filiados ou não ao sindicato, são cobrados pela contribuição, caso não peçam a retirada do valor.

“Eu acho que no momento em que vivemos no Brasil, as desconfianças surgem e tem a dúvida de para onde esse recurso captado vai. A transparência é tudo”, afirma o gerente Rodrigo Albane, de 36 anos.

Apesar de uma fila enorme, que quase virava a esquina da Rua Caramuru, próximo ao Parque Moscoso, no Centro de Vitória, o atendimento era rápido e quem chegava era atendido em cerca de vinte minutos, aproximadamente.

O assistente de suporte técnico Cristiano Correia Ferraz, de 39 anos, reclamou que muitos dos benefícios conquistados pela categoria são descontados no salário e não faz sentido ter mais um desconto no contra-cheque. “O sindicato para mim não acrescenta em nada e não vejo nenhuma vantagem. Todo mundo que conheço vai vir aqui e entregar a carta, não vai pagar não. O salário já vem com muitos descontos”, declarou.

A mesma coisa pensa o que saiu de Cariacica para ir em Vitória, onde estava acontecendo o pedido de isenção. Ele trabalha na Serra e acabou atrasando.

“Se fosse algo efetivo, se a gente tivesse a presença do sindicato, metade dessa fila não estaria aqui. Falta um pouco de presença dentro das lojas. Muitas pessoas não tem ciência do que eles podem oferecer, a parte jurídica, a parte social.

SINDICATO DIZ QUE BENEFÍCIOS SÃO MAIORES

Para o sindicato, a cobrança tem sim benefícios para o trabalhador. O presidente do Sindicomerciários, Rodrigo Oliveira Rocha, a contribuição é cobrada e definida em assembleia coletiva, pelos gastos que o sindicato tem durante a convenção coletiva. No entanto, qualquer trabalhador pode pedir o fim da contribuição sindical.

“Os trabalhadores conquistaram vários direitos, como estabilidade de 90 dias para mulheres que tiveram filho após voltar ao trabalho, gestantes não poderem trabalhar em local insalubre, pagamento de R$ 81, vale transporte e alimentação gratuitos durante feriados, planos de saúde e odontológico e outros benefícios. Tudo isso tem um custo de negociação para o sindicato”, justificou.

O presidente também explicou que a cobrança é feita para todos os trabalhadores, mesmo quem não é filiado mas se beneficia da convenção. Ele explicou que muitos estão sendo coagidos pelas empresas a não pagarem o imposto - como critério para receberem o reajuste para a categoria. 

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O presidente da Federação de Comércio, Bens e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, afirmou que não há interferência das empresas. "Os empresários não interferem nas decisões dos empregados. Inclusive, entendemos mais que justo os empregados darem suas contribuições, até porque o Sindicato é a entidade que defende os interesses dos trabalhadores", afirmou ao Gazeta Online

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