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Combustível é batizado às quintas, às sextas e às vésperas de feriado

Combustível é batizado às quintas, às sextas e às vésperas de feriado

Delegado afirma que postos recebiam produto ilegal em dias de pouca fiscalização

Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 14:14

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Bomba de gasolina. (Divulgação)

O processo de adulteração de combustível nos postos da Grande Vitória tinha dias certos para ocorrer. Os estabelecimentos recebiam materiais usados para a fraude às quintas, às sextas-feiras e às vésperas de feriado, períodos de menor fiscalização. As informações foram passadas pelo delegado Raphael Ramos, gerente do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc), da Polícia Civil, em entrevista à CBN Vitória (92,5 FM).

O golpe contra o consumidor ocorria principalmente em relação à mistura ilegal de etanol à gasolina. Em algumas situações, o combustível vendido no mercado tinha mais álcool que o óleo derivado do petróleo, de acordo com investigações da Operação Lídima. A prática trazia prejuízos aos consumidores e também poderia danificar carros que não têm motor flex.

O delegado, no entanto, não afirmou quais postos nem o número de estabelecimentos que cometiam as irregularidades.

“Começamos a perceber por causa do volume que isso era uma coisa endêmica e sistêmica. Não havia como ocorrer essas fraudes se não houvesse o envolvimento de empresários. O problema não era algo pontual”, destaca.

Ele afirma que em 2018 as investigações sobre as defraudações cometidas no setor devem continuar. Um dos focos, além dos combustíveis batizados, será desbaratar uma prática comum, a bomba-baixa, quando o consumidor paga por mais litros de combustível do que realmente leva.

FRAUDES

Ramos explica que a Operação Lídima descobriu diversas ações criminosas no segmento de combustíveis do Estado. Uma das irregularidades era a venda direta de etanol de usinas para postos. Muitas vezes, o produto saía da destilaria com destino simbólico para a fábrica de cachaça, mas na verdade o alvo era outro.

Além da diluição da gasolina com etanol, a força-tarefa ainda descobriu a venda de nafta como gasolina. No Estado, era usado até pó xadrez, aplicado na construção civil para dar cor à falsa gasolina. Em alguns Estados, quadrilhas especializadas em adulteração também lançam mão do urucum (colorau) para mascarar as misturas ilegais.

FISCALIZAÇÃO

O delegado defendeu, na entrevista, uma mudança no sistema de fiscalização para coibir esse tipo de comportamento.

Uma das propostas dele é que fosse criada uma ferramenta para acompanhamento à distância da carga que chega aos postos de combustível. “O atual modelo nos obriga a fiscalizar um posto de vez. É necessário uma mudança para que possamos fiscalizar a entrada e saída do combustível”, destaca ao acrescentar que muitas adulterações eram feitas em terrenos clandestinos ou dentro de caminhões.

SINDIPOSTOS

Em nota, o Sindipostos classifica como irresponsável a declaração do delegado chefe do Nuroc, Raphael Ramos, de que a “a adulteração de combustíveis é uma prática ‘endêmica’ e ‘sistêmica’ no Espírito Santo”.

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A afirmação causou estranheza ao setor que afirma que sem dar nomes ou apresentar dados, “joga sobre todo o segmento uma nuvem de dúvidas diante do consumidor capixaba”. O Sindipostos também esclarece em nota, que “tem certeza da honestidade da esmagadora maioria dos seus representados, que são cumpridores dos seus deveres fiscais e legais e das regras de livre mercado”.

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