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Mortes em Portocel: laudo da Polícia Civil aponta culpa de comandante

Mortes em Portocel: laudo da Polícia Civil aponta culpa de comandante

A conclusão da Polícia Civil, obtida pelo Gazeta Online, segue a mesma linha da investigação particular feita pela Portocel

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 23:31

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Navio Sepetiba Bay, atracado em Portocel. (Internauta)

A Polícia Civil concluiu que o imediato do navio Sepetiba Bay foi o responsável pelo acidente que matou três estivadores em julho deste ano em Portocel. O imediato é o braço direito do comandante e uma espécie de gerente de operações. Segundo a investigação, o imediato rasurou o diário de bordo para ocultar erros e foi negligente ao deixar de realizar a aferição dos gases do porão do navio. O Ministério Público do Trabalho (MPT) também responsabiliza o comandante da embarcação pela negligência.

A conclusão da Polícia Civil, obtida pelo Gazeta Online, segue a mesma linha da investigação particular feita pela Portocel. A perícia particular foi concluída em agosto. Segundo a diretora-superintendente da Portocel, Patrícia Dutra Lascosque, a empresa só divulgou o resultado porque o processo deixou de tramitar em segredo de Justiça.

Um especialista em engenharia naval foi contratado para fazer a perícia. A investigação da empresa constatou que no diário de bordo havia o registro de que a medição de oxigênio no porão tinha sido feita no dia do acidente, mas no equipamento constava a última medição dia 22, dois dias antes do acidente. O local também não foi ventilado.

Aspas de citação

O diário de bordo apresentava rasuras, onde estava escrito ventilação natural, que estava riscado e, por cima, mecânica. Ele registrava que uma medição teria sido feita às 07h25 naquele porão. Conseguimos um software que foi fornecido para a polícia, que extraiu esses dados e constatou que a última verificação tinha sido feita no dia 22 e uma nova medição dia 24, após às 13h. Após a ocorrência

Aspas de citação

Os serviços no porão tiveram início às 8h e o acidente aconteceu por volta de 12h. Segundo a diretora do Portocel, existe uma regra internacional que determina o lacre dos porões durante a viagem. Esse porão só pode ser acessado após a realização de ventilação mecânica e constatação através de medições de que o nível de oxigênio está aceitável a vida humana e que não existem outros gases nocivos.

Como houve essa negligência, além das aferições feitas pelo comandante do navio, a Portocel também está realizando as medições nos porões com cargas de madeira.

“Além de fazer uma checagem antes de permitir que as pessoas vão à bordo, temos usado equipamentos de medição individual e temos mantido uma equipe de emergência permanente enquanto estamos operando navio de madeira”, afirmou Patrícia.

DIA DO ACIDENTE FOI REPRODUZIDO POR PERÍCIA

Para chegar à conclusão de que o porão do navio não passou por medição e não foi ventilado no dia do acidente, a investigação particular tentou reproduzir as mesmas condições do dia do acidente. Os porões do navio foram lacrados por 83 horas, após esse período, eles foram abertos e houve uma medição no topo, no meio e na parte baixa dos porões.

Sem ventilação, foi constatado que não havia nível de oxigênio aceitável. Os porões então foram ventilados. Após quatro horas de ventilação chegou-se a um nível aceitável. A ventilação foi suspensa por cinco horas, que foi o tempo da abertura do porão até a hora do acidente. A medição então foi feita a cada meia hora e não houve a redução de oxigênio. O que levou a investigação a concluir que o porão não foi ventilado no dia do acidente.

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O navio Sepetiba Bay continua com as operações em Portocel, mas a tripulação foi toda substituída.

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