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Bic aguarda a volta às aulas para faturar com Bolsonaro

Bic aguarda a volta às aulas para faturar com Bolsonaro

Ao alardear que está usando canetas Bic para assinar seus documentos, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se associou a um produto que é simples, democrático, acessível e confiável

Publicado em 19 de janeiro de 2019 às 20:23

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Bic aguarda a volta às aulas para faturar com Bolsonaro. (Reprodução Instagram)

Ao alardear que está usando canetas Bic para assinar seus documentos, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se associou a um produto que é simples, democrático, acessível e confiável - atributos que a fabricante diz ter identificado em pesquisas com consumidores.

Para a marca de canetas de origem francesa, por outro lado, a associação à imagem do presidente brasileiro ainda não se traduziu em alta nas vendas.

"Acho que é um pouquinho cedo para falar disso porque o momento mais importante de vendas, que é a volta às aulas, vem nas próximas semanas. Aí vamos ver se houve algum impacto. Até hoje não teve", diz Olivier De Bruyn, diretor-geral da Bic Brasil.

Com mais de 320 milhões de canetas como as de Bolsonaro comercializadas por ano, o Brasil é o segundo maior mercado da Bic no mundo, que ao todo movimenta cerca de 2 bilhões delas por ano.

A empresa chegou ao Brasil em 1956 e tem seu parque industrial em Manaus desde 1973, única instalação do grupo que produz ao mesmo tempo as três categorias de produtos da Bic (linhas de isqueiros, barbeadores e papelaria).

A fábrica abastece os mercados brasileiro e sul-americano, além de exportar para Europa e Estados Unidos.

Ao longo de sua história no país, a marca se adaptou profundamente à cultura brasileira, segundo De Bruyn, a ponto de se tornar "sinônimo de categoria", ou seja, o nome Bic substitui a palavra caneta na cabeça do consumidor.

"Só em dois países isso aconteceu, na França, que é o país de origem, e na Bélgica, que é muito próxima da cultura francesa", diz o executivo.

Bolsonaro foi aclamado nas redes sociais quando assinou o termo de posse de seus ministros, embora o modelo usado não tenha sido uma legítima Bic, mas a concorrente Compactor.

Aproveitando a popularidade do garoto-propaganda, a fabricante rapidamente se posicionou nas redes sociais.

"Uma honra ver nossa marca ajudando a escrever um capítulo tão importante na história do país", publicou a Compactor na internet.

Bolsonaro, então, agradeceu de volta pela "ótima qualidade e preço da caneta".

Apesar de não capitalizar impulso nas vendas, Rodrigo Iasi, diretor de marketing da Bic Brasil, diz que a empresa também gostou da citação feita pelo presidente. "A marca transmite valores com os quais eu acredito que o presidente queira se associar, como simplicidade, democratização, produtos acessíveis e confiança", diz Iasi.

Ainda antes da posse, quando Onyx Lorenzoni, escolhido por Bolsonaro para a Casa Civil, virou alvo de investigação aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de caixa dois, Bolsonaro recorreu à caneta para transmitir lisura, sugerindo que poderia demitir o ministro.

"Havendo qualquer comprovação, obviamente, ou denúncia robusta contra quem quer que seja do meu governo que esteja ao alcance da minha Bic, ela será usada", disse o presidente na ocasião.

 

CRONOLOGIA DE UMA CANETA

1944

Marcel Bich e o sócio Édouard Buffard compram fábrica em Clichy, França, para produzir componentes de instrumentos de escrita

1950

Marcel Bich lança a caneta com a marca Bic adaptando a esferográfica inventada pelo húngaro László Biró

1956

Chega ao Brasil

1970

Lança a Bic 4 Cores

1972

Passa a ser cotada na Bolsa de Paris

1973

Lança linha de isqueiros

1975

Lança sua lâmina de barbear

2001

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