> >
Combustível, educação e energia pesam no bolso dos capixabas

Combustível, educação e energia pesam no bolso dos capixabas

Inflação no ES superou a do país e foi a 3ª maior das capitais

Publicado em 12 de janeiro de 2019 às 02:38

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
O preço dos combustíveis tiveram constantes altas, com a gasolina chegando perto dos R$ 5. (Divulgação)

Todo mundo sentiu. Praticamente tudo ficou mais caro em 2018. Combustível, passagem de ônibus – que, aliás, já iniciou 2019 subindo novamente –, energia elétrica, alimentos e até livros. Praticamente todos os produtos e serviços pesquisados na Grande Vitória pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, subiram de preço no ano passado.

Com o resultado, a inflação (que é o índice de reajustes de preços) do Estado em 2018 superou a de 2017, fechando em 4,19%, percentual superior ao índice nacional. O IPCA do Brasil foi 3,75%, número abaixo da meta central da inflação de 4,5% estipulada pelo Banco Central. Analistas previam que o índice do país fechasse em 3,69%, segundo o último boletim Focus.

Na Região Metropolitana de Vitória, o IPCA teve o terceiro maior aumento do país, ficando atrás apenas de Porto Alegre (4,62%) e do Rio de Janeiro (4,3%). Pressionando esse índice estão altas em itens com forte peso no orçamento das famílias, com destaque para os combustíveis (que tiveram inflação de 12,82%), planos de saúde (que aumentaram em média 11,13%), energia elétrica (9,49%), e gastos com educação (como mensalidade e matrículas de cursos, material didático e livros, que subiram 6,04%).

Nas despesas com transporte, aliás, não teve para onde correr. Se o preço dos combustíveis tiveram constantes altas, com a gasolina chegando perto dos R$ 5, o transporte público também não aliviou e teve inflação de 8,48% no ano na Grande Vitória.

“O gasto com transporte sem dúvidas foi o grande vilão do ano. Com a política de preços da Petrobras de reajustes diários seguindo preços internacionais, o diesel e a gasolina foram para as alturas. E isso pesou muito no bolso de quem precisa do carro todo dia, que destina boa parte do orçamento para isso, e para quem depende do transporte público, que também teve reajustes por causa da alta do diesel”, explicou o economista Ricardo Paixão.

GREVE

O especialista destaca ainda outro ponto que teve grande peso na inflação de 2018: a greve dos caminhoneiros, ocasionada justamente pela alta dos combustíveis. “A greve afetou vários setores, como o agronegócio, a indústria e os supermercados. Isso impactou muito a inflação de maio e junho em todo país e teve peso ainda maior no Espírito Santo”, lembrou.

A energia elétrica, segundo Paixão, foi impactada pelos longos períodos de estiagem no ano passado, que fizeram vigorar bandeiras tarifárias com cobranças extras por quilowatt-hora (kWh). Foram cinco meses de bandeira vermelha nível 2 (que cobra R$ 5 para cada 100 kWh) e dois meses da amarela (R$ 1 para cada 100 kWh.

“O problema é que transporte e energia não são itens substituíveis. Você poupa, como usar menos o chuveiro quente, trocar lâmpadas, pegar carona, mas não se elimina a despesa. Outras, como alguns produtos de supermercado, são substituíveis. Plano de saúde se não tiver jeito também dá para abrir mão”, disse o economista.

O mestre em Finanças e professor da Fucape, Renato Tognere Ferron, frisou o que significa o indicador de inflação. “Mesmo ficando dentro da meta, a inflação retira o poder de compra do consumidor. O ideal sempre é que não se tenha inflação ou que seja o mais baixo possível. Mas se formos comparar o nível que chegou há uns três anos, é louvável o esforço de redução”.

Para Ferron, a estimativa é de um percentual menor neste ano. “Espera-se por uma melhor recuperação da economia, que naturalmente fará a inflação cair”.

INFLAÇÃO DENTRO DA META DO GOVERNO

Expectativa é que o índice fique dentro da meta até 2022

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, comemorou a inflação de 2018. Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geogtafia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do país fechou o ano em 3,75%.

A meta de inflação fixada pelo BC para o ano passado era de 4,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual – ou seja, ficando entre 3% e 6%, a inflação seria considerada dentro da meta.

Goldfanj destacou que a expectativa do mercado é de que, pelo menos até 2022, a inflação permaneça em torno da meta do governo. Para 2019 e 2020, o centro da meta foi fixado em 4,25% e 4%, respectivamente; e para 2021, em 3,75%.

“As expectativas de inflação para os próximos anos encontram-se também em torno da meta. Expectativa para 2019, em torno de 4%; 2020, em torno de 4%; 2021, 3,75%; 2022, 3,75%. Tudo isso é a pesquisa Focus, não é a projeção do Banco Central”, afirmou.

“A confiança de que a política monetária será reajustada quando houver desvios relevantes é o que gera a expectativa de ancoragem (da inflação) em torno da meta”, enfatizou o presidente.

Goldfajn também defendeu a necessidade de avanço das reformas econômicas para garantir a estabilidade inflacionária no país. “Sabemos que a continuidade de reformas e ajustes (econômicos) é essencial para manter a inflação controlada e a taxa de juros estável”, disse.

Ilan deixará o Banco Central, após ter recusado permanecer no cargo no governo de Jair Bolsonaro. Ele será substituído por Roberto Campos Neto, executivo do Banco Santander e próximo a Paulo Guedes, ministro da Economia.

DEZEMBRO

A inflação no Brasil em dezembro foi de 0,15%. Trata-se da menor taxa para o mês desde o início do Plano Real e, com isso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano passado em 3,75%.

No Brasil, a inflação foi pressionada principalmente pelos preços dos produtos e serviços de habitação, transportes e alimentos. Juntos, estes três grupos responderam por 66% do IPCA do ano.

Individualmente, o preço do plano de saúde foi o item com maior impacto na inflação do ano, segundo o IBGE. Com alta acumulada de 11,17%, os planos de saúde responderam por 0,44 ponto percentual (p.p.) do índice geral de 2018.

Na sequência, os outros dois itens com maior impacto individual no indicador foram a energia elétrica, com alta de 8,7% e impacto de 0,31 p.p. no índice, e a gasolina, que aumentou 7,24% nos 12 meses impactando em 0,31 p.p. o IPCA acumulado do ano.

Outros destaques de alta no ano foram passagem aérea (16,92%), ônibus urbano (6,32%), eletrodomésticos (6,28%) e cursos regulares (5,68%). Em alimentos, as altas que mais pesaram no índice geral foram as do tomate (71,76%), frutas (14,10%) e refeição fora (2,38%).

EVENTO

Ontem, o Banco Central lançou a coleção digital “História Contada do Banco Central”. A obra reúne entrevistas com 25 ex-presidentes e outras personalidades que fazem parte dos 54 anos de existência da instituição do país.

“Quem acessar esse conteúdo e acompanhar os depoimentos não só vai ter conhecimento sobre a história do banco, mas vai perceber que os relatos parecem atuais”, disse Goldfanj, o atual presidente do banco. Ao final do evento, os ex-presidentes posaram para fotos.

Este vídeo pode te interessar

Goldfajn lembrou que a coleção digital “é fruto de um projeto que começou em 1989, quando o banco fez 25 anos”.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais