A decisão da Arábia Saudita de descredenciar cinco frigoríficos brasileiros que exportam para o país, anunciada nesta terça-feira (22) é uma retaliação ao governo de Jair Bolsonaro, em função da decisão de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, afirmou em Davos o ex-secretário-geral da Liga Árabe (organização que reúne 22 países árabes), Amr Moussa. O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil), disse Moussa, um dos diplomatas do Oriente Médio de maior influência na região.
Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil. Muitos de nós não entendemos o motivo pelo qual o novo presidente do Brasil trata o mundo árabe desta forma. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o motivo alegado para o veto aos frigoríficos foram questões técnicas.
Há poucas semanas, a Liga Árabe decidiu aumentar a pressão sobre o governo de Bolsonaro e aprovou, no Cairo, uma resolução pedindo que o Brasil respeite o direito internacional e que abandone a ideia de mudar a embaixada para Jerusalém, o que significaria o reconhecimento da cidade como capital de Israel. Outra decisão anunciada por Cairo foi o envio de uma delegação de alto escalão ao Brasil para lidar com a crise e para informar ao novo governo de Bolsonaro sobre a necessidade de cumprir o direito internacional no que se refere à situação de Jerusalém cidade que também é disputada pelos palestinos para ser a capital de seu Estado.
O conselho da Liga Árabe ainda decidiu, também há algumas semanas, comunicar aos embaixadores brasileiros nos diferentes países árabes sobre qualquer ato que viole o status legal e histórico de Jerusalém. De acordo com os palestinos, o recado iria alertar que Estados membros da Liga Árabe tomariam as medidas políticas, diplomáticas econômicas necessárias em relação a essa ação ilegal.
Eu acredito que tais medidas (como o descredenciamento dos frigoríficos) vão continuar, disse Moussa. A única forma de evitar isso é se o Brasil desistir dessa ideia. Jerusalém é uma capital de dois Estados, não de um.
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