O baixo preço da dúzia de ovos, que não está cobrindo o custo de produção, e a dificuldade dos produtores descartarem as aves quando chegam perto do fim do ciclo de produção estão fazendo com que o município que é o maior produtor de ovos do país, Santa Maria de Jetibá, enfrente uma crise de desvalorização de uma das suas principais fontes de renda.
Santa Maria de Jetibá é responsável por 91% da produção de ovos do Espírito Santo, o que representa pouco mais de 340 milhões de dúzias, das 374 milhões de dúzias produzidas em todo o Estado. Além disso, das 19 milhões de galinhas criadas pelos condôminos avícolas capixabas, 17 milhões estão em Santa Maria de Jetibá, segundo o IBGE.
Segundo o vice-presidente da Coopeavi, Denilson Potratz, o excesso de produção e o fato de que muitas aves já deveriam ter sido mandadas para o abatedouro, somado ao consumo de ovos que caiu, agravaram o quadro.
Ao todo a cooperativa tem 92 famílias de avicultores cooperados que juntas produzem uma média de 1,05 milhão de ovos por dia. De acordo com Potratz, a orientação que a Coopeavi tem dado é descartar as aves mais antigas e manter as novas. Além disso, os produtores devem segurar a compra de mais aves.
Nesse contexto de excesso de frangas nas granjas, os avicultores estão esbarrando com outro problema: o número de frigoríficos para abate de aves é pequeno, três no Estado, para a demanda cada dia maior.
Para driblar a situação, os criadores recorreram a abatedouros de outros estados, como São Paulo e Bahia, porém eles também estão trabalhando acima da capacidade e não conseguem receber mais aves.
Segundo Nélio Hand, diretor-executivo da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), em função dessa dificuldade, um grupo de produtores está se organizando para montar um frigorífico para atender a demanda local de abate de galinhas.
Já o secretário de Agricultura do município, Egnaldo Andreatta, explica que em períodos normais, cada franga era vendida aos abatedouros por valores entre R$ 1 e R$ 1,20, agora, o preço gira em torno dos R$ 0,20 a R$ 0,30. Temos casos de avicultores que queriam dar essas aves para os abatedouros, mas nem assim conseguiam se desfazer das galinhas. Para eles permanecerem com essas frangas nos criadouros é prejuízo.
O avicultor Mário Kuster é um dos muitos que estão vendo os problemas aumentarem. Ele tem 150 mil aves na sua propriedade. Em média, ele tem vendido a caixa de ovos, com 30 dúzias, a R$ 50. Porém, o custo de produção está bem acima desse valor, entre R$ 60 e R$ 65 por caixa.
Mário acreditava que em dezembro o preço iria melhorar, o que não aconteceu. Mesmo assim, procurou se prevenir. Adiantou o descarte das galinhas, fazendo um em novembro e outro em dezembro. Para vender 25 mil galinhas levei umas três semanas até pegarem todas. É uma dificuldade. Outros não conseguiram fazer isso e quem conseguiu foi só para o final de fevereiro, conta. (Com informações do Jornal do Campo/TV Gazeta)
SAIBA MAIS
Produtores
Existem 162 produtores/ empresas de postura comercial no Estado.
Emprego
No ES, a atividade gera cerca de 25 mil empregos.
Histórico
O total de galinhas quase triplicou em 10 anos. Em 2007 eram 6,67 milhões, e em 2017, 19,14 milhões.
Produção
Santa Maria de Jetibá produz 91% dos ovos de galinha do ES. Em 2018, estima-se que o município tenha produzido mais de 340 milhões de dúzias no ano. A quantidade de galinhas supera 17 milhões no município.
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