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Quatro empresas do Estado entre os maiores empréstimos do BNDES

Quatro empresas do Estado entre os maiores empréstimos do BNDES

Lista divulgada pelo governo federal de grandes clientes do banco ainda inclui governo do Estado

Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 23:32

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Prédio do BNDES. (Mônica Imbuzeiro)

Pela primeira vez, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou, em ordem, uma lista dos seus maiores clientes e todas as operações com eles realizadas nos últimos 15 anos. No ranking com as 50 instituições (empresas e governos) que mais receberam recursos do banco estatal desde 2002, há quatro empresas com forte atuação no Espírito Santo, além do próprio governo do Estado.

Entre elas está a Petrobras, que lidera a lista global com um valor de R$ 62,42 bilhões, o que representa cerca de 13% do total destinado aos 50 maiores clientes. Os valores contratados pela petroleira sobem para R$ 85,60 bilhões se forem incluídas as subsidiárias TAG, operadora de gasodutos, e Petrobras Netherlands.

Depois também aparecem a Vale (R$ 22,4 bi - em 4º no ranking nacional); a Fibria, atual Suzano (R$ 9,39 bi - 14º), que possui unidade em Aracruz; e a Weg (R$ 5,53 bi - 30º), que tem fábrica em Linhares.

De acordo com o BNDES, os dados já estavam em seu site desde 2015, mas as informações estavam fragmentadas em diversas páginas, separadas por linhas de financiamento, disponíveis de uma “maneira difícil para a maioria das pessoas”, e que, agora, estão mais acessíveis, ranqueadas e concentradas em um único link.

Lista. (Divulgação/BNDES)

Questionamentos

Dar mais transparência às operações do banco estatal era uma das promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que havia dito várias vezes que iria “abrir a caixa-preta do BNDES”. Ontem, em uma rede social, o presidente comemorou a divulgação da lista. “Ainda vamos bem mais a fundo!”, afirmou. Ao longo da campanha e da transição, Bolsonaro havia dito que o banco “patrocinava o socialismo”, com empréstimos à Venezuela, por exemplo.

No site criado pelo banco, é possível, além do o ranking de maiores operações dos últimos 15 anos, ver listas por triênios. Na tabela entre 2016 e 2018, por exemplo, além da Fibria e da Web, também figura outra empresa que atua no Estado: a Eco101, concessionária da BR 101, que contraiu um financiamento de R$ 882 milhões.

Para especialistas em mercado, o ganho em transparência nas operações do órgão é importante mas não há razão para se ter preconceito com esses financiamentos. “É absolutamente normal, sobretudo para que as empresas possam fazer investimentos robustos, como de expansão. Como o BNDES é um banco de desenvolvimento, ele oferece empréstimos de longo prazo e taxas de juros mais favoráveis. É uma fonte de recursos importante”, disse um consultor empresarial que preferiu não se identificar.

O atual presidente do banco, Joaquim Levy, disse em sua posse na semana passada que o foco da nova gestão será o fortalecimento de médias empresas. De acordo com Levy, as médias empresas têm potencial de alavancar a economia do país, inclusive reaquecendo o mercado de trabalho.

Para o Estado

Entre as ferramentas disponibilizadas no site está um mapa interativo em que é possível verificar as operações por Estado, setores e empresas, e que aponta que desde 2002 o BNDES destinou a projetos públicos e privados no Espírito Santo R$ 11,78 bilhões. Esses recursos foram para 63 clientes, com destaque para o governo do Estado, Eco101, EDP, ArcelorMittal e Vale.

Só o governo estadual, que figura na posição 45 no ranking de maiores clientes do BNDES, pegou com o banco um total de R$ 4,11 bilhões desde 2002 até o ano passado.

Desse total, a maior fatia, de R$ 3 bilhões, foi para financiar o Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável (Proedes), contratados em 2012, na gestão anterior do governador Renato Casagrande. Outros R$ 530 milhões do bolo total também foram contratados no governo anterior de Casagrande para a realização de obras da primeira etapa do programa de mobilidade urbana (BRT Grande Vitória).

De acordo com o governo do Estado, os R$ 3 bilhões destinam-se a investimentos e empreendimentos de infraestrutura e logística para o desenvolvimento econômico e social do Espírito Santo. "Com os recursos foram e ainda estão sendo promovidos investimentos, entre outros, na malha rodoviária, em infraestrutura urbana e logística, em tecnologia, na aquisição de viaturas para a segurança, e em habitação", informou a Secretaria Estadual de Economia e Planejamento (SEP).

Já do montante destinado ao programa de mobilidade, o governo afirmou que foram destinados R$ 57,2 milhões para a primeira etapa de obras da Avenida Leitão da Silva, e R$ 43,2 milhões para a segunda etapa das obras nessa mesma avenida. "O restante dos recursos o governo do Estado aplicará em ações e projetos constantes nos demais componentes do programa".

Por meio de nota, a SEP informou ainda que o governo analisa atualmente uma nova operação de crédito com o BNDES, no valor de R$ 184 milhões, para a área de segurança pública. Os recursos serão destinados à compra de viaturas e equipamentos, e também à construção de unidades policiais.

Ainda segundo a nota, a "gestão fiscal responsável do governo do Espírito Santo nos últimos oito anos possibilitou ao Estado acesso a crédito de financiamentos nacionais e internacionais, favorecendo também a atração de empresas que desejam se instalar em terras capixabas".

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Em entrevista recente para à coluna Beatriz Seixas, o diretor de governo do BNDES, Marcos Ferrari, havia dito que em função da nota A do Estado dada pela Secretaria do Tesouro Nacional, o “Espírito Santo é quem tem as melhores condições para tomar crédito”.

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