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'Efeito Brumadinho' pode paralisar siderúrgicas do Espírito Santo

"Efeito Brumadinho" pode paralisar siderúrgicas do Espírito Santo

Empresa admite chance de reduzir venda de minério para mercado interno se produção cair

Publicado em 29 de março de 2019 às 00:50

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Produção em siderúrgica: fornecimento de matéria-prima pode ser afetado. (ArcelorMittal/Divulgação)

O setor de siderurgia do Espírito Santo corre risco de ser atingido pelo “efeito Brumadinho”, que tem levado a Vale a reduzir drasticamente a sua produção de minério de ferro. A companhia estima que neste ano haverá queda de no mínimo 20% nas suas vendas. Ou seja, entre 50 milhões a 70 milhões de toneladas deixarão de ser comercializadas por causa do rompimento da estrutura da Mina do Feijão e do descomissionamento de outras nove barragens.

O quadro se agravou ontem com a possibilidade de mais três estruturas se romperem, o que traz risco iminente de desabastecimento, segundo a Federação das Indústrias de Minas Gerais, que chegou a falar que nas siderúrgicas mineiras só há minério para 60 dias.

No Espírito Santo, três empresas contam com a mineradora para produzir. Uma das mais prejudicadas seria a vizinha da Vale, a ArcelorMittal Tubarão. As duas companhias juntas representam cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) local e empregam 80 mil pessoas de forma direta e indiretamente.

Conforme antecipou a colunista Beatriz Seixas, a Vale chegou a deixar de repassar minério para a siderurgia CBF, em João Neiva. A empresa Santa Bárbara, em Cariacica, também deixou de receber em alguns períodos, minério. Mas as empresas alegam que a situação já se normalizou.

A ArcelorMittal Tubarão, que produz aços laminados a quente, por meio de nota, disse que está operando normalmente e acredita que a “Vale continuará a priorizar o mercado interno e seus clientes brasileiros”.

SEGURANÇA

O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Léo de Castro, disse que no momento a Vale está colocando em primeiro lugar a segurança da operação. “Ela está estudando as operações, reavaliando as condições das minas e barragens para garantir a segurança. A Vale disse que está reduzindo a produção. Se isso vai afetar o Espírito Santo, ainda não sabemos. Mas a Vale está dialogando com os poderes reguladores e com os municípios onde opera”, diz.

Segundo Castro, em até 40 dias a Vale vai ter um cenário mais claro sobre o abastecimento dela aos seus clientes”, esclareceu ao acrescentar: “Não tivemos registro de nenhuma quebra de fornecimento, mesmo com a Vale tendo que fazer uma ‘ginástica’ para trazer aqui para o Estado o minério que normalmente ia para outros lugares. Se você me perguntar: tem algum risco de afetar o Estado? Lógico que tem. Mas prefiro falar sobre os fatos, e isso ainda não é.”

Um especialista do setor diz que a queda da produção de minério terá mais consequências nas atividades portuárias e de exportação. “É lógico que esse setor também deixa de ganhar. Mas não acredito que a Vale deixará de produzir pelotas nem que não fornecerá minério para a ArcelorMittal Tubarão”, analisa.

BALANÇO

Ontem, a Vale divulgou o balanço do quatro trimestre e mostrou lucro recorde antes da tragédia de Brumadinho. O aumento foi acima do esperado por analistas. A empresa teve resultado líquido de US$ 3,786 bilhões, salto de 391% em relação ao observado no mesmo período do ano passado. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o aumento também foi expressivo e chegou a 168%. Em todo o ano de 2018, o lucro somou US$ 6,860 bilhões. O valor é 24,6% superior ao observado um ano antes.

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No Relatório da Administração, a Vale disse que desde o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), decidiu tornar inativas e descomissionar as barragens a montante. Isso fez com que 60% da produção em 2018 já fosse a seco. 

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