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Qual a hora certa de pedir aumento de salário?

Qual a hora certa de pedir aumento de salário?

Antes de qualquer coisa, faça uma autoanálise. Veja dicas de como negociar com o patrão e evitar erros na hora de solicitar um reajuste salarial

Publicado em 10 de março de 2019 às 23:30

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A psicóloga Martha Zouain diz que o empregado deve fazer avaliação crítica do seu trabalho antes de falar com o chefe. (Marcelo Prest)

Qualquer trabalhador acredita que merece ganhar mais do que está impresso no contra-cheque. Mas para entrar na sala do chefe e pedir o tão sonhado aumento é preciso se preparar com antecedência, reunir argumentos e encontrar o melhor momento.

Pedir uma melhorar salarial é um momento delicado, mas existem formas para que esta situação seja uma pouco mais leve. Segundo a psicóloga Martha Zouain, a primeira delas diz respeito ao pensamento crítico do empregado em relação a sua performance.

“Aumento salarial pressupõe de maneira incondicional bons resultados entregues, performance que supere as expectativas e promova ganhos para a empresa. Desta forma, entendemos que o aumento vem como conquista, e isto precisa ficar claro para seu líder. O melhor caminho a seguir começa com um bom planejamento. Colocar tudo no papel para que o assunto fique claro inclusive para você. Identifique quais características que o diferenciam dos demais, que alavanquem resultados e tornam a suas entregas valorosas para a empresa e para o mercado”, afirma.

Ela ressalta que o profissional precisa destacar contribuições recentes que possam não ser do conhecimento da liderança, mas que podem deixar claro o quanto vem investindo em sua qualificação e desenvolvimento de competências por entender que é o caminho para sua evolução e crescimento profissional.

“Para que a abordagem faça sentido é fundamental fazer uma pesquisa rápida de mercado, que pode, inclusive, ser utilizada como argumento. Ao começar a conversa, destaque o quanto gosta da empresa e acredita no trabalho que faz, mas, apesar disso, também deseja crescimento e retorno dos investimentos que vem fazendo. Use sempre dados concretos, evite subjetividade ou opiniões pessoais. Expressões como ‘eu acho’ não funcionam neste tipo de conversa. Por fim, o mais importante: aumento de salário é conquista e não concessão. Ninguém vai ‘te dar aumento’, você será recompensado ‘se merecer’”, elenca Martha.

Durante a negociação, é necessário ter alguns cuidados com o que será dito. A psicóloga Roberta Kato alerta que o profissional não deve alegar que precisa de aumento porque está endividado. “Isso só vai mostrar que ele é uma pessoa desorganizada financeiramente, isso sem contar que o argumento pode se tornar um tiro no pé”, opina.

A especialista diz ainda que o colaborador não deve usar a chantagem como forma de negociação, como dizer que vai procurar outro emprego, caso não tenha o reajuste.

“O argumento não é interessante e pode ser muito arriscado. Também não é adequado dizer que sempre cumpre o horário e executa suas tarefas corretamente. Isso não é justificativa. As empresas costumam dar aumento como forma de reconhecer as pessoas que fazem mais do que o combinado e não apenas cumprindo o que está no contrato de trabalho. A conversa precisa ser pautada pelo empenho”, assegura Roberta.

Na opinião da psicóloga Gisélia Curry, é que, antes de mais nada, o colaborador precisa avaliar seu valor de mercado. “Quanto que os profissionais de sua área recebem em média? O que você investiu para ter uma valor a mais de mercado? Esses são pontos que precisam ser avaliados antes de ir pedir o reajuste. É preciso ponderar o que a empresa pode perder com a sua saída. Mostrar efetivamente o que executa é um argumento infalível”, ressalta.

Acerte no pedido

Merecimento

Antes de qualquer coisa, faça uma autoanálise. Para isso, é preciso ter maturidade para avaliar questões individuais como suas atitudes e desempenho, conhecimento técnico, relacionamento interpessoal e grau de engajamento com a empresa.

Não use justificativas

A justificativa de estar endividado demonstra uma falta de organização financeira por parte do funcionário. “Esse tipo de argumento pode ser um tiro no pé. Também não use como consideração o fato de cumprir o horário ou entregar todas as suas tarefas no prazo, isso já faz parte do contrato de trabalho”, diz a psicóloga Roberta Kato.

Momento

Não trate a conversa como algo informal como tê-la na sala de café. O instante requer seriedade. É melhor agendar um momento com o gestor para conversar efetivamente sobre o momento atual da empresa e a remuneração.

Custo

Busque informações sobre a faixa de remuneração no mercado (por meio de pesquisas salariais) para concluir se seu salário está realmente defasado. “Saiba qual é o seu valor de mercado e a média salarial. A partir daí pontue quais foram os investimentos pessoais realizados, que agregaram valor ao seu desempenho profissional”, esclarece a psicóloga Gisélia Curry.

Chantagem

Usar de chantagem também não é um bom caminho. “Dizer que vai procurar outro emprego se não tiver aumento não funciona e pode ser muito arriscado. Não crie uma conversa baseada em chantagem”, afirma Roberta Kato.

Comparação

De acordo com a psicóloga Maria Tereza Cardoso, a conversa não pode ser pautada pela comparação salarial com demais colegas. “Analise se os profissionais possuem as mesmas atribuições”, destaca.

Ações

Durante a negociação, faça uma lista de realizações e benefícios que trouxe para empresa, demonstrando que é possível repetir a ação no futuro e ajudar outros membros da equipe a alcançá-los também.

Veja se os sinais são favoráveis ao reajuste

As empresas que contam com plano de carreira estruturado costumam promover o colaborador por meio da meritocracia. No entanto, quando essa não é a prática da companhia, um dos pontos a ser observado pelo profissional são os feedbacks.

“Qualquer funcionário acredita que merece ganhar mais. Entretanto, ao conversar com o gestor, é importante observar como está o retorno do seu trabalho, o que a empresa diz sobre suas atividades, entre outros pontos. Se o feedback está sendo bom, então o profissional pode conseguir um reajuste. Por outro lado, se essa resposta não acontece, é necessário esperar a hora certa para se ter esse tipo de conversa”, avalia a psicóloga Maria Tereza Cardoso.

Segundo ela, um bom caminho é compartilhar com o departamento de recursos humanos, para confirmar se é o momento de conversar com o gestor sobre o assunto.

“A pessoa do RH vai ajudar nesse processo. É importante lembrar que jamais deve-se comparar com outro colega, sem confirmar que ele exerce a mesma função ou se houve investimento em seu conhecimento. Tudo vai depender da forma de falar. A conversa deve ser pautada pela clareza e transparência”, diz

A professora da Unidade de Gestão e Negócios da Faesa Anna Claudia Aquino ressalta que melhorias salariais são sempre muito almejadas pelos trabalhadores, mas é preciso muita análise e cautela acerca do melhor momento para buscá-las.

“Especialmente em períodos de crise, como observamos em nosso país no período recente, em que a economia tem passado por um ciclo de queda da atividade econômica e nos níveis de emprego. No ano de 2019, as expectativas em relação à retomada da economia brasileira apontam para uma busca por aumento de salários por parte dos trabalhadores, que também desejam superar o momento difícil”, avalia.

Anna Cláudia destaca que ao buscar uma negociação salarial, o trabalhador deve ter em mente as condições econômicas do momento, ou seja, antes de tudo é importante avaliar o cenário econômico atual e como ele afeta a empresa e o ambiente em que ela está inserida.

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“Para avaliar o momento certo para pedir um aumento de salário, é importante considerar também como está o mercado de trabalho em sua região e qual é a remuneração média em sua área. Junto a essa avaliação do contexto atual, verifique o plano de cargos e salários da empresa. E para propor o aumento de salário, faça uma avaliação de seu desempenho e fundamente sua argumentação em suas competências, experiências, qualificação, resultados e comprometimento”, finaliza.

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