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Reestruturação de carreira dos militares expõe racha do PSL

Reestruturação de carreira dos militares expõe racha do PSL

A proposta de reforma dos militares criou mal-estar dentro do PSL e abriu uma nova fissura entre as lideranças do partido do presidente Jair Bolsonaro

Publicado em 21 de março de 2019 às 22:58

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Nanico até 2018, PSL cresceu com Bolsonaro. (Marcelo Camargo/Agência Brasil )

A proposta de reforma da aposentadoria dos militares, que incluiu um plano de reestruturação de carreira das Forças Armadas como impacto orçamentário estimado em R$ 87 bilhões em dez anos, criou mal-estar dentro do PSL e abriu uma nova fissura entre as lideranças do partido do presidente Jair Bolsonaro.

De um lado, ficaram os líderes do PSL na Câmara e no Senado, Delegado Waldir (GO) e Major Olímpio (SP). Do outro, os líderes do governo no Congresso e na Câmara, Joice Hasselmann (SP) e Major Vitor Hugo (GO).

O primeiro criticou duramente o projeto de reestruturação das carreiras militares enviado à Casa pelo presidente. Para ele, a proposta dá privilégios para a categoria e desprestigia outras profissões da segurança pública, que não terão tratamento semelhante.

"Queremos maior comprometimento dos militares ou uma adequação para as outras categorias", afirmou ele à reportagem nesta quinta-feira (21).

Waldir diz que é justo que outras parcelas da população -e das corporações de segurança pública, que formam boa parte da bancada de Bolsonaro- tenham contrapartidas semelhantes.

A defesa é assumida também no Salão Azul do Congresso Nacional. O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), afirma que as concessões feitas pelo governo no projeto dos militares pode estimular a demanda de outras carreiras do serviço público e conturbar a votação da reforma da Previdência.

"É justo falar em reparação de injustiças, mas neste momento a questão é previdenciária", disse. "Se a questão for reparar injustiças, todas as outras carreiras do serviço público têm as suas".

De outro lado, a líder do partido no Congresso, Joice Hasselmann, voltou a defender a aprovação da proposta de reforma da Previdência e criticou aqueles que defenderam a inclusão de outras categorias na reestruturação.

"Foi feito o que era possível de se fazer, foi conversado com os militares para que tivéssemos o apoio deles e cada um está dando a sua contribuição. Se nós começarmos a tratar a nova Previdência como uma questão sindical, cada um querendo puxar o peixe para o seu braseiro, a gente não sai do lugar", disse na quarta, sem dar nomes.

No entanto, nos bastidores, pessoas do entorno dizem que há insatisfação entre os dois campos.

De um lado, Waldir responde pela ala dos parlamentares do partido insatisfeitos com a falta de procura do governo com sua bancada, e do outro a deputada leva a ala que critica o fato de o partido do presidente estar ajudando a colocar lenha na fogueira para atrapalhar a aprovação da reforma.

Apesar das críticas à proposta do governo, Olímpio tentou minimizar o efeito negativo dentro do partido do presidente Bolsonaro.

Segundo ele, as manifestações feitas por Waldir têm mais relação com a sua atuação como policial do que como liderança partidária.

Não é o que diz o delegado. "Quem fala pela bancada sou eu, é por isso que não tem mais briga, porque eles têm uma liderança. Ela fala pela liderança do Congresso, pelo governo", cutucou Waldir.

Ao lado de Joice está o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo. "A minha posição é totalmente pró-governo, até porque eu participei da elaboração do texto. Tudo o que foi feito foi pensado. É justo, não há uma compensação por causa da mudança na aposentadoria, o que há é justiça", disse o deputado, que é militar de carreira. "Até porque equidade não significa igualdade."

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Ele, que é desafeto de Waldir desde o início do mandato por questões de disputa pelo diretório estadual do partido, afirmou que é preciso que o líder do partido do presidente defenda o governo. "Nós vamos ter que lidar com ele, ele é muito ligado aos policiais, mas é líder do partido do presidente então também tem que apoiar um pouco o governo", afirmou.

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