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14 candidatos para cada vaga de emprego na Serra

14 candidatos para cada vaga de emprego na Serra

Desemprego levou mais de mil pessoas ao Sine em busca de trabalho

Publicado em 11 de abril de 2019 às 00:54

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Sede do Sine da Serra recebeu multidão que foi atrás de uma oportunidade de emprego. (Vitor Jubini)

A cena se repete. Mais uma vez, centenas de capixabas formaram longas filas atrás de uma vaga para retornar ao mercado de trabalho. Na tentativa de conseguir uma das 75 vagas de emprego temporário em uma empresa metalmecânica, cerca de 1.100 pessoas se amontoaram ontem na frente do Sine da Serra, em Portal de Jacaraípe. Situação que escancara o drama do desemprego e o grande desafio do país de votar a criar postos de trabalho.

Com tamanha procura, a relação de candidatos por vaga foi de 14,6. Para se ter uma ideia, a concorrência foi tão grande que superou a de cursos tradicionais, como Arquitetura e Urbanismo (com relação candidato por vaga de 14,47), Engenharia de Produção (14,10) e Engenharia Civil (12,28) no último vestibular realizado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 2016, (desde então as seleções são feitas pelo Sisu).

A competição é tão acirrada que muitos preferem dormir na fila para terem mais chances. Segundo o coordenador do Sine da Serra, Marlon Amorim, cerca de 200 pessoas passaram a noite de terça para quarta na fila. “Nós temos um quantitativo de atendimento de 300 a 400 pessoas por dia, e esse quantitativo está multiplicado por dois ou três. A informação é que, desde ontem (terça), já tinham mais de 200 pessoas na fila de madrugada, e pela manhã, quando chegamos, já eram cerca de 1.100 pessoas. As vagas temporárias são de 60 a 90 dias e a previsão é para começar na próxima semana”, disse.

As vagas foram anunciadas pela Usiminas, com atuação na área da Vale em Tubarão, com chances para funções que exigem baixa escolaridade, como ajudante de carga e descarga, caldeireiro, carpinteiro, encanador, encarregado de solda, maçariqueiro, montador de andaime, sinaleiro, soldador e topógrafo.

DESAFIO

Tamanha disputa por um emprego, ainda que temporário, é um retrato da atual situação de crise do mercado de trabalho no Estado e em todo Brasil. O Espírito Santo fechou o ano passado com uma taxa de desemprego de 11,5% e o país com 12%. Os percentuais, apesar de serem os menores dos últimos anos, ainda são altos. No Estado, são 219 mil pessoas desocupadas. No Brasil, mais de 12,7 milhões.

É com base nesses números que especialistas avaliam que a rápida retomada do emprego é o maior desafio do país hoje. Missão que não é nada fácil, já que a recuperação anda lenta demais e, nesse ritmo, pode demorar dez anos para voltarmos aos patamares pré-crise.

“Para o Brasil voltar aos índices pré-crise no mercado de trabalho é preciso que o país cresça e mais rapidamente. Uma recuperação sustentável. Para isso, precisamos que os investimentos retornem, o que só acontecerá se o governo conseguir passar mais confiança e estimular esse movimento. É aí que entra a necessidade das reformas, sobretudo a da Previdência”, explica Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria Idados e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

SONHO DE TER A CARTEIRA ASSINADA

Com o desemprego em alta, a informalidade foi o recurso encontrado por milhares de trabalhadores para se virar na crise. Mas esse tapa-buraco está longe de ser o ideal, já que na maioria das vezes tratam-se de empregos precários, que pagam menos e exigem maiores jornadas de trabalho. Ter a carteira assinada, nessa hora, passa a ser um sonho.

Esse é o caso do Wanderson, que contou durante entrevista à TV Gazeta que foi contratado, terá a carteira assinada e começa no novo emprego já na segunda-feira, 15. “Estou com o encaminhamento dos documentos para eu fazer o exame na sexta-feira e começar na segunda. Consegui uma vaga e vou trabalhar como mecânico montador. Estou muito feliz. Não tenho nem o que dizer, chorei muito e estava pedindo muito a Deus. Valeu a pena”, comentou.

Outro que conseguiu foi o soldador Marcos Andrade, que chegou cedo na fila, enfrentou chuva, mas saiu recompensado. “Choveu, foi um pouco frio, mas essas são as dificuldades que a gente enfrenta no dia a dia”, disse.

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Aguardando na fila, o soldador desempregado Clenilson Santos também estava esperançoso de garantir uma nova oportunidade. “O desemprego está brabo. Depois que fecharam tudo, acabou tudo para nós. Está difícil. Mas a esperança é a última que morre”, afirmou. (Com informações de Diony Silva)

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