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Oferecer emendas em troca de apoio é coisa da 'velha política'

Oferecer emendas em troca de apoio é coisa da "velha política"

Governo federal teria prometido R$ 40 milhões a mais em emendas para cada deputado que votar a favor da reforma

Publicado em 24 de abril de 2019 às 20:32

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(Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | Arquivo)

Os deputados federais do Espírito Santo classificaram como uma atitude da “velha política” a troca de emendas parlamentares por apoio à reforma da Previdência. Segundo a Folha de São Paulo, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ofereceu uma renda extra de R$ 40 milhões em emendas até 2022 para cada deputado federal que votar a favor da reforma no plenário da Câmara.

“Fazer isso é retomar para o curso que o presidente condena todos os dias, que é a velha politica. É dar algo para o deputado em troca do voto dele”, avalia Felipe Rigoni (PSB).

Quem também classificou assim a atitude do governo – confirmada por cinco líderes partidários – foram os deputados Sérgio Vidigal (PDT) e Helder Salomão (PT).

“Fazendo isso o governo está demonstrando que passou o conto do vigário na população. Uma das propostas era fazer uma 'nova política'. Essa proposta não é 'nova política'. É a 'velha política' instalada no Brasil há dezenas de anos. É beneficiar só outros com o dinheiro público”, critica Vidigal.

“O governo falou em nova política e nunca se viu tanta barganha como agora. Se a proposta fosse boa, o governo não ia precisar comprar deputados com cargos e com os R$ 40 milhões em emendas. Não tem 'nova política', tem toma lá da cá. Estamos vendo o governo distribuir cargos e os mais antigos na Câmara dos Deputados dizem que nunca viram tamanha negociata como agora”, completa Salomão.

Essa é a mesma visão do deputado Ted Conti (PSB). "Condeno veementemente esse tipo de conduta. Jamais irei compactuar com esse tipo de 'toma lá-dá cá'. O governo não pode barganhar com recursos que devem ser distribuídos e usados, por meio de obras, para o país inteiro."

Em tom mais ameno, Amaro Neto (PRB) e Da Vitória (Cidadania) disseram que o governo precisa manter diálogo com os deputados, sem citar a questão do aumento das emendas.

“Mais do que qualquer coisa o governo, que é autor da proposta, precisa manter diálogo com os parlamentares para defender a reforma e debater os pontos”, pontuou Da Vitória. “Sei que existem especulações sobre apoio, mas isso não chegou ao nosso conhecimento. Nosso partido sabe que a reforma é necessária e temos trabalhado para contribuir com sugestões que julgamos pertinentes ao texto”, argumentou Amaro.

A deputada Soraya Manato, que faz parte do PSL, mesmo partido do presidente Bolsonaro, disse que não tem, oficialmente, a informação sobre o aumento das emendas para deputados que votarem a favor da reforma da Previdência. “Votarei pela minha convicção”, completa.

Com ela concorda a deputada Lauriete (PR), "Não vejo o famoso toma lá, dá cá neste processo, porém política é a arte de negociar em favor da maioria, da população e dos interesses do povo brasileiro. É o legítimo exercício da democracia", avalia.

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Os deputados Evair de Melo (PP) e Norma Ayub (Dem) foram questionados sobre o assunto, mas não responderam até a publicação desta matéria.

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