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Dólar supera os R$ 4,10, e Bolsa perde os 90 mil pontos

Dólar supera os R$ 4,10, e Bolsa perde os 90 mil pontos

O dólar teve alta de 1,58%, enquanto a bolsa teve o pior desempenho do ano

Publicado em 17 de maio de 2019 às 22:17

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Dólar. (Arquivo | Agência Brasil)

O mercado brasileiro não se recuperou das perdas da véspera nesta sexta-feira (17). O dólar continuou a subir e fechou a R$ 4,1020, valorização de 1,58%. A Bolsa brasileira fechou abaixo dos 90 mil pontos, pior desempenho do ano.

Analistas destacam que não houve mudança no quadro político em direção ao avanço da reforma da Previdência. A crise entre governo Bolsonaro e Câmara e investigações envolvendo Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), preocupam investidores.

No exterior, o dia também foi de perdas após negativas da China quanto a um acordo com os Estados Unidos para por fim à guerra comercial. As Bolsas chinesas recuaram mais de 2%. Nos EUA, índice Dow Jones recuou 0,38%. S&P 500 caiu 0,45% e Nasdaq teve queda de 1,04%. 

O Ibovespa, maior índice acionário do país, operou em alta durante a maior parte do pregão. A recuperação após a queda de quinta-feira (16), no entanto, não se sustentou. A Bolsa fechou com leve recuo de 0,04%, a 89.992 pontos, pior patamar do ano. O giro financeiro foi de R$ 16,515 bilhões. Na semana, o índice acumula queda de 4,5%. 

Na véspera, o índice caiu 1,75%, a 90 mil pontos. O recuo foi impulsionado pela queda nas ações da Vale, com risco de rompimento de duas barragens. Nesta sexta, com o recorde no preço do minério de ferro, os papeis da companhia se recuperaram e tiveram alta de 2,8%.

Durante a sexta, o dólar continuou trajetória de alta e chegou a R$ 4,1140. A moeda encerrou cotada a R$ 4,1020, alta de 1,58%. O valor é o maior desde 19 de setembro de 2018, período pré-eleitoral. Na quinta, a moeda americana havia fechado acima dos R$ 4 pela primeira vez desde 1º de outubro.

Na semana, o dólar acumula valorização de 4%. Este é o pior período para o real desde a semana de 20 de agosto, quando a moeda americana teve alta acumulada de R$ 4,80. Dentre as divisas emergentes, o real foi a que mais se desvalorizou, com 2,48% de perdas, bem à frente do Florim húngaro, segundo mais desvalorizado, que perdeu 1,21% frente ao dólar.

Para Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO, a alta do dólar não deve se manter. "O patamar de R$ 4,10 já é de altíssimo risco para quem aposta na alta do dólar. Se o governo der um passo firme em direção a reforma da Previdência, a cotação da moeda americana desmorona", afirma.

Para o economista, a valorização do dólar reflete o cenário de incertezas domésticas. "Neste caso, a guerra comercial entre EUA e China não teve grande pressão. A cotação reflete uma aposta de que o dólar continue a subir, uma aposta no caos. O câmbio é um dos únicos segmentos que não temos problema, com grande reserva e mecanismos para suprir liquidez do mercado. O real é a moeda mais bem defendida e a que cai mais, por especulação de que o cenário político vá piorar", diz Nehme.

O início da investigação judicial contra Flávio Bolsonaro e a citação a Rodrigo Maia em delação sobre o pagamento de propina pela companhia aérea Gol podem ser mais um entrave no panorama político. Maia é o principal articulador político da reforma da Previdência, vista como a salvação das contas públicas brasileiras.

Protestos contra o corte de verbas da Educação e a postura conflituosa de Jair Bolsonaro também preocupam o mercado.

Dados econômicos do início do ano tampouco geram otimismo. Segundo o Banco Central, a atividade econômica no primeiro trimestre recuou e as projeções para o PIB do período são negativas.

O clima no exterior também piou na semana, com novos capítulos da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Na segunda, o governo chinês anunciou o aumento de tarifas para importações americanas, o que derreteu os mercados globais.

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Nesta sexta, o governo chinês afirmou que não tem pressa de fechar um acordo e que a decisão do governo de Donald Trump de elevar as tarifas de importações chinesas feriu "profundamente" as negociações. De forma protecionista, os chineses anunciaram novos incentivos para o mercado interno.

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