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Guerra entre China e Estados Unidos pode beneficiar o ES

Guerra entre China e Estados Unidos pode beneficiar o ES

Aumento da tensão, por outro lado, afetaria a economia do país

Publicado em 16 de maio de 2019 às 09:57

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Porto de Vitória: exportações do Estado para a China têm crescido, como as de minério, celulose e granito . (Carlos Alberto Silva)

A guerra comercial entre Estados Unidos e China, que parecia estar chegando a um fim, voltou a se intensificar subitamente na última semana, com ambos os países anunciando novas tarifas de importação contra o outro. Esse aumento da tensão entre as duas maiores economias do mundo já tem levado uma onda de preocupação aos principais mercados financeiros, mas, ao mesmo tempo, tem criado expectativas de novas oportunidades comerciais.

Apesar dos dois países protagonizarem a disputa, as consequências do conflito, se ele continuar, devem chegar em quase todos os mercados, como o brasileiro, que tem China e Estados Unidos como seus principais parceiros comerciais. Se isso se concretizar, a pequena economia aberta capixaba também deve ser beneficiada, desde que saiba aproveitar as chances.

Isso porque os Estados Unidos anunciaram a elevação para 25% das tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. E em resposta, a China, que importa quatro vezes menos do país rival, impôs tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos americanos como os de origem animal, frutas e vegetais congelados e temperos.

Para o presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex-ES), Marcílio Machado, abre-se com isso a oportunidade de exportar esses produtos para esses países. “Existem de fato algumas oportunidades para o agronegócio e também para o setor industrial. As exportações do Estado para a China tem crescido, como de minério, celulose, óleo bruto de petróleo e granito, e podem até crescer mais. A medida americana é uma oportunidade da gente vender ainda mais para o mercado chinês.”

Aumentar as exportações para os Estados Unidos também é uma oportunidade que se abre, mas isso tropeça no fato do país comprar produtos de maior valor agregado e não tanto commodities, como a China. “Se essa guerra continuar essa será uma ótima chance para o Brasil vender mais para os Estados Unidos. Mas para isso precisamos abrir mais o nosso mercado e passar a exportar mais produtos manufaturados e não apenas matéria-prima”, avalia Marcílio Machado.

AMEAÇA

A economista e professora da Fucape Arilda Teixeira é menos otimista quanto a possibilidade do conflito comercial beneficiar o Espírito Santo, já que, até agora, os produtos sobretaxados pela China são bem específicos e, pelo lado dos Estados Unidos, são produtos de maior valor agregado. Para a analista, a guerra na verdade é uma possível ameaça para o mundo inteiro.

“Qualquer relação do comércio internacional vai sentir a repercussão disso. Trata-se de uma briga de potências econômicas que querem ser potências hegemônicas. E os mercados vão ser prejudicados mais ou menos de acordo com a proporção de negócios que fazem com a China”, comenta a professora ao ressaltar que as exportações de minério capixabas também podem ser ameaças. “A China importa minério para fabricar derivados dele na indústria siderúrgica e vender para os EUA. Se o mercado americano estiver fechado, ela vai comprar menos minério”.

Essa também é uma preocupação na visão de Marcílio, que lembra que o crescimento da economia chinesa tem sido o grande responsável pela recuperação econômica mundial. “Se tiver uma queda na economia da China, eles vão passar a comprar menos e isso pode afetar muito o Brasil e até o Estado. Todo o comércio internacional pode ser prejudicado”.

ENTENDA O CONFLITO

O que é?

Os Estados Unidos acusam a China de práticas comerciais injustas, como roubar propriedade intelectual (pirataria) e favorecimento injusto de empresas nacionais por meio de subsídios. Outro ponto é déficit comercial dos EUA com a China, já que as importações americanas são quase quatro vezes maiores que as exportações.

Como começou?

A tensão começou em março do ano passado, quando os EUA impuseram taxas sobre importação de aços e alumínios chineses, o que afetou vários países, inclusive o Brasil. Desde então, a cada mês, novas tarifas são anunciadas de cada lado.

Quando se agravou?

No começo deste mês, os EUA anunciaram aumento de 10% para 25% de tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses importados. A sobretaxa inicial havia sido anunciada em julho do ano passado para produtos como baterias, aparelhos eletrônicos, motocicletas, peças para aeronaves e helicópteros.

China responde na mesma moeda

A China anunciou que impor tarifas adicionais no valor de US$ 60 bilhões sobre alguns produtos americanos em retaliação, com tarifas escalonadas. A taxa maior, de 25%, será aplicada a produtos de origem animal, frutas e vegetais congelados e temperos. A alíquota de 20% vai incidir sobre condimentos para cozinha, químicos e vodka.

Resultado

Até agora, a China já impôs tarifas sobre US$ 110 bilhões de produtos americanos, ou seja, sobre mais de 90% do total de mercadorias importadas do país em 2018. Já os EUA sobretaxaram até aqui US$ 250 bi em produtos, menos da metade dos US$ 539 bi que importaram da China em 2018.

Como isso pode afetar o brasil e o estado?

Como o custo de importação de chineses e americanos vai aumentar para alguns produtos, cria-se a oportunidade de vender esses produtos a preços mais competitivos. A oportunidade é maior para exportação de produtos do agronegócio para a China.

Riscos de queda nas vendas

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Por se tratarem das maiores economias do mundo, há um temor que esses países entrem em crise e, assim, freiem o comércio internacional.

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