Os números dão dimensão do impacto da tragédia em Brumadinho para as finanças da Vale. A segunda maior empresa do Espírito Santo, com atuação em diversos Estados brasileiros, apresentou prejuízo de US$ 1,642 bilhão (R$ 6,4 bilhões) no primeiro trimestre deste ano por causa do rompimento da barragem e a necessidade de paralisar as atividades de determinadas minas e plantas de pelotização.
O resultado líquido da empresa reverteu o lucro de US$ 1,642 bilhão (R$ 5,1 bilhões) que a empresa teve no mesmo período do ano passado.
O relatório financeiro da Vale, divulgado na tarde desta quinta-feira, não mostra, contudo, grandes efeitos da lama sobre as atividades da empresa no Espírito Santo, apesar das perdas para o setor de pelotização.
Nesse segmento, os impactos foram por causa da parada das plantas de produção de pelotas em Fábrica e Vargem Grande, situadas em Minas Gerais, próximas as barragens interditadas pela Agência Nacional de Mineração. O relatório financeiro não detalha a situação do Complexo de Tubarão nem por causa de Brumadinho nem devido à interdição realizada pela Prefeitura de Vitória que durou cinco dias. As perdas estimadas, na época, por causa da suspensão das atividades foi de R$ 3,7 milhões por dia.
PRIMEIRO EBITDA NEGATIVO DA HISTÓRIA
Segundo a companhia, o resultado negativo deveu-se sobretudo aos eventos relacionados à barragem de Brumadinho, como provisões. Conforme apontou a empresa, as questões envolvendo Brumadinho levaram a empresa a apresentar o seu primeiro Ebitda negativo na história, de US$$ 652 milhões no trimestre.Nos primeiros três meses de 2018, a empresa reportou Ebitda de US$$ 3,926 bilhões. Já nos últimos três meses de 2018 a empresa reportou Ebitda de US$ 4,467 bilhões.
A margem Ebitda ajustada ficou negativa em 8% ante positiva em 46% na relação anual e trimestral. No balanço, a empresa explicou que o impacto financeiro da ruptura da barragem de Brumadinho no Ebitda do trimestre foi de US$ 4,954 bilhões devido às provisões para os programas e acordos de compensação/remediação (US$ 2,423 bilhões); provisão para descomissionamento ou descaracterização de barragens de rejeito (US$ 1,855 bilhão); despesas incorridas diretamente relacionadas a Brumadinho (US$$ 104 milhões); volumes perdidos (US$ 290 milhões); despesas de parada (US$ 160 milhões); outros (US$$ 122 milhões), destacaram.
A receita operacional líquida, por sua vez, chegou em US$ 8,203 bilhões, queda de 4,6% ante o mesmo intervalo do ano passado. Em relação ao último trimestre de 2018, houve queda de 16,4%.
DESPESAS POR BRUMADINHO
As despesas da Vale relacionadas à tragédia de Brumadinho alcançaram US$ 4,504 bilhões de janeiro a março de 2019. O rompimento da barragem ocorreu no fim de janeiro. Desse montante, a maior parcela, de US$ 2,423 bilhões, teve como origem provisões feitas para acordos, multas e doações.
A maior dessas reservas foi destinada ao acordo com a Defensoria Pública, que recebeu US$ 1,777 bilhão. Dentro das despesas da Vale, a mineradora também destinou US$ 1,855 bilhão ao processo de descomissionamento das barragens a montante - que usam tecnologia idêntica a que existia nas instalações de Brumadinho.
A empresa cita que houve ainda US$ 122 milhões em outras despesas e US$ 104 milhões em gastos incorridos no processo após a tragédia. Os gastos mencionados ocorreram apenas no primeiro trimestre e a companhia diz que não é possível avaliar futuros desembolsos. .
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